A prova do Enem 2019 foi a última realizada antes da pandemia, quando as coisas ainda eram “normais”. Ela serve como modelo de estudo pra quem vai prestar o exame, especialmente a parte escrita da prova. Se esse for o seu caso, que tal conhecer tudo sobre a redação do Enem 2019, ler alguns exemplos de redação nota 1.000 e ver como fazer uma dissertação perfeita?
Quantas pessoas tiraram nota 1.000 no Enem 2019? Como foi a redação do Enem 2019? Qual foi o tema da redação do Enem 2019? Essas e outras perguntas fazem parte das dúvidas dos candidatos ao exame, que precisam estudar observando as edições anteriores do exame.
Como você já sabe, o Descomplica é super parceiro de quem vai prestar o Enem. Então, pra te ajudar a estudar, a gente fala sobre tudo o que aconteceu na redação do Enem no ano de 2019!
Quantas pessoas tiraram 1.000 na redação do Enem 2019?
Essa é uma perguntinha que dá até dor no coração, né? Mas calma que você também pode tirar nota 1.000 na redação!
Apenas em 2019, 53 candidatos tiraram nota mil na redação, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
De acordo com o Inep, 3.935.237 pessoas fizeram o Enem 2019 em 3 e 10 de novembro (72,81% dos 5.095.388 inscritos). As notas médias do Enem 2019 caíram em todas as áreas objetivas, se comparadas à edição anterior.
Um dado preocupante foi o número de redações nota zero, que subiu de 112.559 para 143.736. Em 56 mil casos, o motivo da nota zero foi porque o participante entregou a prova em branco. Pode não, gente!
Se você quer saber como foi a redação, acompanhe o conteúdo!
Como foi a redação 2019 do Enem
O tema da dissertação do Enem 2019 foi “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.
Para ganhar a nota mil, sonho dos candidatos e maior pontuação na redação do Enem, os textos precisam:
- Ter uma proposta de intervenção para o problema apresentado no tema;
- Contar com repertório sociocultural produtivo no desenvolvimento da argumentação do texto;
- Respeitar os direitos humanos;
- Apresentar as características textuais fundamentais, como coesão e coerência;
- Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa;
- Atender ao tipo textual dissertativo-argumentativo.
Quem tirou nota 1.000 na redação do Enem 2019 recomenda que os candidatos façam exercícios constantes de escrita, leitura de autores importantes, tenham compreensão das competências exigidas na correção do exame e cuidado com a saúde emocional durante o ano letivo.
Nossos professores maravilhosos fizeram uma análise da redação 2019 do Enem e como você poderia ter desenvolvido o tema. Dá uma olhada no vídeo pra entender tudo!
Exemplos de redação nota 1.000 no Enem 2019
Selecionamos duas redações nota 1.000 do Enem 2019 pra você se inspirar. E tem mais redações exemplares do Descomplica com explicações!
Observação: as transcrições são exatas e incluem eventuais erros de português cometidos pelos candidatos.
Alana Miranda, 22 anos, Uberlândia (MG)
“Ao longo do processo de formação da sociedade, o pensamento cinematográfico consolidou-se em diversas comunidades. No início do século XX, com os regimes totalitários, por exemplo, o cinema era utilizado como meio de dominação à adesão das massas ao governo. Embora o cinema tenha se popularizado, posteriormente, como entretenimento, nota-se, na contemporaneidade, a sua limitação social, em virtude do discurso elitizado que o compõe e da falta de acesso por parte da população. Essa visão negativa pode ser significativamente minimizada, desde que acompanhada da desconstrução coletiva, junto à redução do custo do ingresso para a maior acessibilidade.
Em primeira análise, é evidente que a herança ideológica da produção cinematográfica, como um recurso destinado às elites, conservou-se na coletividade e perpetuou a exclusão de classes inferiores. Nessa perspectiva, segundo Michel Foucault, filósofo francês, o poder articula-se em uma linguagem que cria mecanismos de controle e coerção, os quais aumentam a subordinação. Sob essa ótica, constata-se que o discurso hegemônico introduzido, na modernidade, moldou o comportamento do cidadão a acreditar que o cinema deve se restringir a determinada parcela da sociedade, o que enfraquece o princípio de que todos indivíduos têm o direito ao lazer e ao entretenimento. Desse modo, com a concepção instituída da produção cinematográfica como diversão das camadas altas, o cinema adquire o caráter elitista, o qual contribui com a exclusão do restante da população.
Além disso, uma comunidade que restringe o acesso ao cinema, por meio do custo de ingressos, representa um retrocesso para a coletividade que preza por igualdade. Nesse sentido, na teoria da percepção do estado da sociedade, de Émile Durkheim, sociólogo francês, abrangem-se duas divisões: “normal e patológico”. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que um ambiente patológico, em crise, rompe com o seu desenvolvimento, visto que um sistema desigual não favorece o progresso coletivo. Dessa forma, com a disponibilidade de ir ao cinema mediada pelo preço — que não leva em consideração a renda regional —, a democratização torna-se inviável.
Depreende-se, portanto, a relevância da igualdade do acesso ao cinema no Brasil. Para que isso ocorra, é necessário que o Estado proporcione a redução coerente do custo de ingressos por região, junto à difusão da importância da produção cinematográfica no cotidiano, nos meios de comunicação, por meio de anúncios, a fim de colaborar com o acesso igualitário. Ademais, a instituição educacional deve proporcionar aos indivíduos uma educação voltada à democratização coletiva do cinema, como entretenimento destinado às elites, por intermédio de debates e palestras, na área das Ciências Humanas, como forma de esclarecimento populacional. Assim, haverá um ambiente estável que colabore com a acessibilidade geral ao cinema no país.”
Guilherme Mendes Vaz, 26 anos, Novo Hamburgo (RS)
“De acordo com Cláudio Mazzili, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, vivemos em uma sociedade classista e hierarquizada em função do capital, na qual se instaura a lógica da discriminação e não a desejada inclusão social. Esse pensamento permite estabelecer um paralelo com a precária democratização do acesso ao cinema no Brasil, uma vez que essa importante fonte cultural está, majoritariamente, concentrada em zonas de alto poder aquisitivo. Entretanto, se usada de forma a auxiliar na democratização cultural — principalmente nas zonas periféricas —, o cinema pode ser uma importante ferramenta no avanço educacional do país.
Deve-se pontuar, de início, que o Brasil é, infelizmente, um país estratificado e desigual. Desde a sua gênese (considerando-se a perspectiva ibérica), a América foi pensada como uma colônia de exploração, na qual a educação não só era desestimulada, como era proibida. É dentro desse contexto exploratório que se estruturou a sociedade brasileira, a qual tem — como uma das consequências “modernas” — a gentrificação, isto é, o afastamento dos indivíduos com baixo poder aquisitivo dos grandes centros urbanos, o que os deixa ainda mais distantes da infraestrutura social destina à educação, à cultura e ao entretenimento educativo. Ora, percebe-se, portanto, que essas áreas privilegiadas com acesso à cultura — como o cinema — são de exclusividade daqueles que têm altas rendas. Em contrapartida, nas periferias, nas zonas rurais e nas áreas menos valorizadas a democratização do acesso ao cinema é praticamente nula, o que agrava a situação de vulnerabilidade social desses cidadãos.
Contudo, a democratização do acesso ao cinema — se feita de modo a beneficiar os menos favorecidos, os quais representam a maior parte da população — é uma importante ferramenta na desconstrução das amarras coloniais, e, posteriormente, em uma reformulação educacional que vise ao acesso democrático à cultura para todo cidadão brasileiro. Tomemos como exemplo uma situação hipotética na qual um sujeito que reside na periferia tem, todas as noites, a possibilidade de interagir com a comunidade e de adquirir conhecimento por meio de um cinema ao ar livre, o qual traz como conteúdo filmes, documentários e palestras. Torna-se evidente que esse indivíduo, além de ter acesso à cultura, terá uma forma de entretenimento que o beneficiará tanto individualmente quanto socialmente, visto que o conhecimento será útil em todas as áreas da sua vida.
Portanto, concluí-se que a precária democratização do acesso ao cinema no Brasil está intrinsecamente ligada às heranças coloniais. Entretanto, medidas educacionais podem ser tomadas para reverter esse cenário. Posto isso, cabe ao Ministério da Educação, responsável pelo desenvolvimento educacional do país, criar um projeto de instalação cinematográfica ao ar livre nas regiões periféricas, as quais apresentarão programação cultural — como filmes e documentários —, por meio de verbas provenientes da contribuição pública, para que essa sociedade classista, como evidenciado por Mazzili, seja transformada em uma comunidade democrática e educacionalmente homogênea.”
E aí? Curtiu as redações? Coisa linda, né? A boa notícia é que dá pra você ir bem igual estudando com o Descomplica. Vem conhecer nossos planos de aulas online pro Enem!