O programa de Collor incluía a privatização de empresas estatais, inserindo a política neoliberal no Brasil.
Com o fim da ditadura militar, iniciou-se o período de redemocratização. Diferentemente do que desejavam os opositores do regime militar, a abertura política lenta, gradual e segura se iniciou com eleições indiretas para presidente, frustrando os simpatizantes do movimento das Diretas Já.
Na disputa entre Paulo Maluf e Tancredo Neves, o segundo saiu vencedor. No entanto, sua morte prematura o impediu de assumir a presidência. Em seu lugar, assumiu o vice José Sarney, dando início a Nova República Brasileira.
Governo de José Sarney (1985-90)
Sarney assumiu a presidência com a importante tarefa de garantir os compromissos políticos de Tancredos Neves – mais que isso: de conter a inflação que vinha crescendo durante a Década Perdida, como era chamada a década de 80.
Para lidar com a estagnação econômica e a hiperinflação (estagflação), o ministro da Fazenda, Dilson Funaro, propôs a criação do Plano Cruzado, que visava: o congelamento dos preços das mercadorias; a criação de uma nova moeda, o Cruzado; o fim da correção monetária; e o congelamento dos salários.
Após intensas críticas ao Plano Cruzado e à manutenção da inflação, o Plano acabou fracassando. Ainda foram criadas outras medidas de combate a inflação: o Plano Cruzado II, o Plano Bresser e o Plano Verão. Todos fracassaram, pois o governo não conseguia equilibrar os principais problemas econômicos: a inflação elevada, a dívida externa e a dívida interna do país.
No âmbito político, o Governo Sarney teve uma importância enorme por ter sido responsável pela criação de uma constituição democrática, no pós-ditadura. A Constituição de 1988 ficou conhecida como constituição cidadã devido a medidas como a defesa do direito à democracia e à inviolabilidade do habeas corpus; a instituição do racismo como crime inafiançável; e a garantia dos direitos indígenas e dos quilombolas. Ainda é essa constituição que vigora no Brasil.
Governo de Fernando Collor de Mello (1990-92)
Na campanha presidencial seguinte, agora com eleições diretas, o candidato eleito foi o “caçador de marajás”, Fernando Collor de Mello. Seu programa incluía a privatização de empresas estatais, inserindo a política neoliberal no Brasil.
Com a manutenção da hiperinflação, que chegava a 34% ao ano, a solução de Collor foi criar um novo plano econômico, o Plano Collor, que implementou medidas polêmicas, como o bloqueio de contas e aplicações financeiras nos bancos, além do confisco de cerca de 80% do dinheiro que circulava no Brasil. Nem as cadernetas de poupança foram poupadas pelo presidente! Por fim, pôs fim ao cruzado e instituiu o cruzeiro como nova moeda.
As medidas do Plano Collor geraram grande insatisfação dos brasileiros, ainda mais após as diversas denúncias de corrupção envolvendo o presidente. A partir de uma CPI, veio a público chamado “esquema PC Farias”, formado por uma série de redes de corrupção e sonegação fiscal.
Diante dos escândalos de corrupção, eclodiu o movimento dos caras-pintadas, exigindo o impeachment do presidente Collor, que acabou sendo incriminado pela CPI e oficialmente impedido de assumir a presidência. Para terminar o mandato, assumiu o vice, Itamar Franco.
Itamar Franco assumiu o governo com um problema enorme nas mãos, além da instabilidade política, tinha que solucionar a inflação que continuava galopante. A solução veio a partir de seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que implementou o Plano Real, em 1994, conseguindo conter efetivamente a inflação. O sucesso do Plano Real possibilitou a vitória de Fernando Henrique, em primeiro turno, nas eleições presidenciais de 1994.
Governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)
FHC deu continuidade à política neoliberal de Collor. Conseguiu diminuir exponencialmente a inflação, mas inseriu o Brasil no contexto neoliberal, privatizando as principais empresas estatais do país nos setores de telecomunicações, energia elétrica e petroquímica, por exemplo. A medida gerou intensas críticas de setores de esquerda, que também questionavam os baixos preços de venda de empresas muito lucrativas, como a Companhia Vale do Rio Doce.
O sucesso do Plano Real e a estabilidade alcançada possibilitou que FHC fosse o primeiro presidente brasileiro reeleito para dois mandatos consecutivos. No entanto, o segundo governo de Fernando Henrique passou por uma série de dificuldades, como percebido através de uma grave crise energética.
Além disso, o segundo mandato também foi marcado por escândalos de corrupção e o aumento das pressões inflacionárias. Atrelado a isso, havia uma grande defasagem em investimento em infraestrutura e no âmbito social, contribuindo para o aumento das desigualdades sociais.
EXERCÍCIOS
1. (Unesp) Em seu discurso, ao lançar o plano econômico, o presidente descreveu a inflação como “o inimigo público número um”. O plano obteve imediato apoio da população e, da noite para o dia, o presidente e o ministro Funaro se tornaram heróis nacionais. O povo entrava nos supermercados, verificava os preços e denunciava os gerentes quando notava que algum produto havia sido remarcado irregularmente.
O texto anterior refere-se ao Plano:
a) Verão
b) Cruzado
c) Collor
d) Bresser
e) Campos-Bulhões
2. (Mackenzie) O movimento dos estudantes “caras pintadas”, clamando por ética e moralidade na vida pública, está relacionado com qual acontecimento da história política brasileira?
a) O apoio popular à emenda constitucional que estabelecia as eleições diretas para presidente.
b) Os sucessivos choques econômicos – “Plano Cruzado”, “Plano Bresser” e “Plano Verão” – promovidos pelo governo Sarney.
c) A C.P.I. da Câmara, que investigou as denúncias referentes à Comissão de Orçamento e favorecimento a grandes construtoras.
d) A privatização das Companhias estatais – Vale do Rio Doce, USIMINAS e Petrobrás.
e) Denúncias de que o Presidente da República estava envolvido com correntistas fantasmas, maquiagens contábeis e notas frias.
GABARITO
1. B
Comentário: Visando solucionar a crescente estagflação que marcou a década de 80, o presidente José Sarney, juntamente com o ministro da fazenda Dilson Funaro, implementaram o Plano Cruzado. No entanto, o plano acabou fracassando.
2. E
Comentário: O movimento dos caras-pintadas exigia o impeachment do presidente Fernando Collor de Melo e eclodiu em meio as insatisfações com o Plano Collor e os escândalos de corrupção relacionados ao presidente.
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