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Entenda o que é peronismo e porque ele ainda é importante nos dias de hoje

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O peronismo foi um movimento político que girou ao redor do ex-presidente Juan Domingo Perón. Embora seu último mandato tenha sido nos anos 70, suas ideias ainda têm impacto na sociedade argentina. Veja o porquê, a seguir.

Quem foi Juan Domingo Perón

Pra entender um pouco melhor esse movimento, primeiro é importante saber quem foi seu líder. Até porque Perón ganhou popularidade antes mesmo de ser um dos mais icônicos presidentes argentinos.

Vida militar

Sua trajetória no exército começou cedo, no Colégio Militar, aos 16 anos. Depois, ele concluiu os estudos na Escola Superior de Guerra onde, mais tarde, foi professor. 

Nesse meio tempo, ele contribuiu pro golpe contra o governo de Hipólito Yrigoyen, em 1930. Mas a política tomou conta de sua vida só em 1943. Naquele ano, surgiu o Grupo de Oficiais Unidos (GOU), no qual Perón tinha destaque.

Raízes do peronismo

Imagem histórica para ilustrar texto sobre peronismo

Ainda em 1943, o GOU derrubou o presidente Ramon Castillo via golpe. Nesse momento, o futuro do líder do peronismo ficou popular entre os trabalhadores por estar à frente do Departamento Nacional do Trabalho e Bem-Estar Social.

Primeiro mandato e começo do peronismo

A aproximação de Perón com setores populares lhe rendeu muita influência no GOU. Tanto que ele chegou à vice-presidência em 1945. No entanto, alguns de seus ideais assustaram a elite da época, como:

  • Anticapitalismo;
  • Nacionalismo;
  • Justiça social com redistribuição de renda;
  • Defesa da ampliação de direitos trabalhistas.

Foi então que Perón sofreu um golpe e foi preso, o que gerou comoção nacional. Eva Duarte, sua futura esposa, liderou manifestações a favor de sua libertação. Assim, houve um fortalecimento de sua figura e ele ganhou as eleições em 1946.

Como foram os primeiros anos do governo de Juan Domingo Perón

Os primeiros anos do peronismo foram marcantes por conta da nacionalização de alguns serviços. Ou seja, seu governo transformou empresas privadas em públicas.

A principal característica do primeiro mandato de Perón, no entanto, foi a conquista de direitos trabalhistas. Por exemplo:

  • Aposentadoria;
  • Férias com remuneração;
  • Aumento de salários;
  • Licença médica.

Segundo mandato e declínio do peronismo

Em 1951, Perón ganhou de novo as eleições, com 64% dos votos. Mas, nem tudo foi um mar de rosas pro peronismo. O movimento foi perdendo força e uma das causas foi a morte de Eva Perón, em 1952.

Além disso, uma crise econômica abalou a influência do presidente argentino. Desse modo, seus opositores viram uma chance de derrubá-lo. A reação do governo foi tão forte que aprofundou seu aspecto autoritário.

Golpe de 55

Depois de algumas tentativas de derrubada, a oposição conseguiu atingir seu objetivo. Isso porque Perón perdeu apoio de setores importantes da sociedade, como a Igreja Católica. Então, em 1955 ele foi pro exílio no Paraguai.

Retorno nos anos 70

Em 1973, o ex-presidente argentino retornou ao país, pra um terceiro mandato. Porém, seu estado de saúde não era favorável. Portanto, ele faleceu em 1974 e não pôde terminar o mandato

A importância de Eva Perón

Eva e Perón começaram uma relação quando ele ainda era vice-presidente. Porém, eles só se casaram após sua soltura, em 1945. Por essa razão, setores conservadores da sociedade reprovavam o casal.

Seu talento pra falar em público foi de grande ajuda pra o peronismojá que Eva Perón era atriz antes de ser a primeira-dama mais famosa da história da Argentina. 

Mas ela não só fazia discursos a favor do povo, como também influenciou a política e a ampliação dos direitos das mulheres. Algumas leis que ela defendeu foram:

  • Voto feminino;
  • Igualdade entre homens e mulheres;
  • Salários iguais  pras mesmas funções.

Peronismo nos dias atuais

Juan Domingo Perón fundou o Partido Justicialista em 1946, ainda que, em um primeiro momento, tivesse outro nome. A organização surgiu como “Laborista”, passando por “Peronista”, até chegar à denominação atual.

Outros presidentes argentinos peronistas

Após a morte do líder do peronismo, sua esposa e vice-presidente, María Estela Martínez de Perón, assumiu o mandato. No entanto, em 1976 os militares assumiram o poder por meio de um golpe.

Os peronistas voltaram ao poder entre 1989 e 1999 com os mandatos de Carlos Menem. Já entre 2002 e 2003 assumiu Eduardo Duhalde. Logo, surgiu Néstor Kirchner, iniciando uma nova abordagem política, o kirchnerismo.

Kirchnerismo e peronismo

Um dos principais aspectos do peronismo é a sua complexidade. Dito isto, a ascensão de Néstor Kirchner à presidência causou impacto, ainda que seus antecessores fossem do mesmo movimento.

Havia uma crise econômica e institucional que causou um clima instável. Em outras palavras, a Argentina atravessava problemas como:

  • Desemprego;
  • Pobreza;
  • Desconfiança em relação às instituições políticas.

Nesse contexto, o kirchnerismo buscou uma ruptura com os ideais neoliberais dos presidentes anteriores. Ao mesmo tempo, houve um trabalho intenso com relação aos direitos humanos, em especial, pra reparar os crimes da ditadura dos anos 70.

Sua política externa era nacionalista e buscava autonomia. Aliás, Néstor buscou aproximação com as raízes do movimento peronista, apesar das diferenças entre épocas.

Legado kirchnerista

Em 2007, Cristina Fernández de Kirchner foi sua sucessora e deu continuidade às suas políticas. Ainda que tenha sofrido muitas críticas, ela ganhou as eleições de 2011 e seguiu no poder até 2015.

Após a derrota em 2015, o peronismoretornou em 2019, agora com Alberto Fernández como presidente. Embora ele não seja kirchnerista e critique essa forma de fazer política, sua vice-presidente é Cristina Fernández.

Mas, afinal, como identificar o peronismo?

O movimento político ao qual Perón deu início é, basicamente, uma forma de populismo. Ou seja, tudo gira ao redor de um líder carismático, que busca proximidade com as massas. Mas não só isso.

Além da personalização, há um forte aspecto que é o nacionalismo econômico. Isso quer dizer que a figura central defende uma soberania do país. Por outro lado, pra isso, há um esforço pra conciliar as diferentes classes.

O governo de Perón também ampliou direitos trabalhistas e, como consequência, o poder de consumo. Apesar do paternalismo, outra de suas características marcantes era o autoritarismo.

Embora os argentinos considerem que o Partido Justicialista é de esquerda, o movimento é complexo. Por exemplo, a política neoliberal de Menem é uma prova disso. Ainda, outra amostra desse fato é o próprio anticomunismo de Perón.

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Comentários

Mateus Sousa
Mateus Sousa
01/05/2013 às 13:28

Com certeza com uma posição situada no contexto histórico do Governo de Perón na Argentina daria muito bem pra resolver essa questão... Grupos Sociais .Proletariado Urbano . Igreja Católica Medidas econômicas: . Nacionalização dos recursos minerais, como petróleo, gás e carvão. Medidas Sociais . Extensão de direito de voto para as mulheres. . Consolidação de Leis Trabalhistas.

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Argentina contemporâneo: Peronismo. | Desconversa - História
Argentina contemporâneo: Peronismo. | Desconversa - História
05/12/2011 às 10:13

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