Agora, que o ENEM já passou, está na hora de se preparar para as provas específicas de outros vestibulares. Confira, abaixo, a proposta de redação do tema: Carta Argumentativa – A importância da literatura nas escolas.
É imprescindível o papel da literatura na formação do ser humano. Isso se torna mais relevante ainda quando aplicado às crianças, que, em um contexto de construção de valores, conhecem, por meio da leitura, experiências, reflexões e ideias que ajudam nessa produção. Parece, porém, que a escola, importante agente no estímulo ao ato de ler, não tem se preocupado com essa função.
Considerando a discussão apresentada, coloque-se na posição de um aluno de ensino médio, em um trabalho de casa, que precisa convencer o seu diretor da necessidade de trazer de volta ao colégio esse hábito da leitura e elabore uma carta argumentativa, de 25 a 30 linhas, em que você explicite sua opinião sobre essa questão, desenvolvendo argumentos adequados para defender seu ponto de vista. Crie um título e assine a carta como “um estudante”, de modo a não se identificar.
TEXTO I
Quando todos os anelos da criança passam a ser corporificados numa fada boa; seus desejos destrutivos, numa bruxa má; seus medos, num lobo voraz; as exigências de sua consciência, num homem sábio encontrado numa aventura; sua raiva ciumenta, em algum animal que arranca os olhos de seus arquirrivais – ela pode então finalmente começar a organizar suas tendências contraditórias.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas.
TEXTO II
Toda criança tem o direito de aprender a ler e a viajar no universo das palavras que moram nos livros. Toda criança tem o direito de gastar os livros com suas impressões digitais e com as asas da imaginação. Toda criança tem o direito de brincar com as palavras, as histórias, as poesias, as fábulas, os contos. Toda criança tem o direito de crescer com os livros fazendo parte de sua vida e de sua história. (…)
Isso porque o livro é um instrumento de cidadania e de formação. Através deles podemos compor leituras do mundo e ampliar nossos horizontes, conhecimentos e a nossa capacidade crítica e inventiva. Daí a importância da democratização do acesso ao livro e à leitura como uma ação educativa fundamental na formação e no desenvolvimento das crianças. Quanto mais cedo o livro entrar na casa, no coração, na cabeça e na educação da criança, mais fácil será para ela, desenvolver as habilidades e as competências da leitura e da escrita.
Fabiano dos Santos, SEDUC, 2007. Disponível em:
TEXTO III
Qual o papel da literatura na formação da criança?
Ana Maria Machado: Ela permite sonhar, enfrentar medos, vencer angústias, desenvolver a imaginação, viver outras vidas, conhecer outras civilizações. Além disso, nos dá acesso a uma parte da herança cultural da humanidade afinal, temos direito a conhecer Dom Quixote, algumas histórias da Bíblia, o Cavalo de Tróia…
Como despertar o gosto pela leitura?
Ana Maria Machado: Ler é gostoso demais. Por isso, é natural que as pessoas gostem. Basta dar uma chance para que isso aconteça. Ninguém é obrigado a gostar de cara. Tem de ler dois, três títulos, até encontrar um que nos desperte. No caso da criança, dois fatores contribuem para esse interesse: curiosidade e exemplo. Assim, é fundamental o adulto mostrar interesse. Na casa onde cresci, um dos quartos havia sido transformado em biblioteca. Meu pai era jornalista e minha mãe, uma leitora voraz. O livro era um concorrente dos filhos na atenção deles, e portanto, só podia ser uma coisa muito boa… O problema do Brasil é que poucas crianças vivem essa realidade.
Então cabe à escola estimulá-la.
Ana Maria Machado: Sem dúvida. O peso da escola é muito maior aqui do que nos países mais desenvolvidos, onde as pessoas leem mais. Como ainda não somos uma sociedade leitora, não podemos esperar que o exemplo venha de casa. Ou acabaremos condenando as futuras gerações a também não ler. A escola tem de entrar para quebrar esse ciclo vicioso, criando em seu espaço um ambiente leitor. O mestre tem de dar o exemplo e despertar a curiosidade dos jovens.
Entrevista com Ana Maria Machado para a Revista Escola.