Oi, gente!
A redação pronta de hoje vem com o tema do ano passado na UFRJ. O candidato deveria dissertar sobre os papéis usualmente considerados masculinos e femininos. Essa discussão é interessante, pois o “papel da mulher”, principalmente hoje em dia em nosso país, é sempre uma temática possível e provável.
No post que vem, trarei algumas noções básicas sobre carta argumentativa, e uma prontinha pra vocês… Quem vai fazer a prova da UFF no próximo domingo, é bom ficar de olho!
Até lá!
FOGUEIRA BRANDA
“No contexto pós-moderno, a suposta inversão dos papéis considerados masculinos e femininos tem sido bastante discutida. Muitos sutiãs foram queimados em praça pública para que mulheres pudessem ter, por exemplo, o direito de votar. Hoje, depois de tantas conquistas indiscutíveis, e passado o frenesi inicial do feminismo do meio do século passado, percebe-se que esse fogo era brando, e se faz necessária uma reflexão mais profunda acerca do tema. Embora seja largamente difundida a imagem da mulher independente, que ocupou os lugares anteriormente considerados masculinos na sociedade, tal representação é frágil e, muitas vezes, equivocada, uma vez que esbarra em heranças culturais e se afirma como características pontuais, e não uma regra geral.
Em primeiro lugar, é preciso compreender o forte dado cultural existente. As sociedades ocidentais ainda são profundamente patriarcais, com valores enraizados e perpetuados há séculos, sendo assim, muito difíceis de modificar. Aos homens ainda competem os papéis de chefes de família, provedores financeiros da casa, seres mais objetivos e racionais, enquanto às mulheres ainda cabem as funções de donas de casa, o cuidado com os filhos, mães sentimentais e pouco providas de força física. É fácil comprovar este fato, pois quando uma mulher atinge certo status financeiro e profissional, isso é largamente noticiado nos meios de comunicação em massa como um feito digno de notícia, e não algo corriqueiro e natural.
É certo analisarmos que o contexto atual pede certa ampliação dos papéis femininos. Como exigência da realidade capitalista e competitiva, hoje elas precisam trabalhar para completar a renda familiar. Ao saírem para o mercado de trabalho, as mulheres percebem que podem ser financeiramente independentes, não precisando mais do homem para sustentá-las, e podem pagar por serviços que, talvez por limitações físicas, não podem fazer, como aqueles que exigem muita força. Além disso, a vida atribulada e multitarefa faz com que elas tenham menos tempo para lidar com questões sentimentais, passando a impressão de mulheres pós-modernas frias, calculistas e que só pensam em trabalho e dinheiro.
Entretanto, é preciso ter muito cuidado com essa imagem da mulher completamente independente. Tal inversão de papéis é totalmente ilusória. Ainda que mais presentes no mercado de trabalho, as mulheres continuam ocupando cargos inferiores aos homens, e ganhando salários menores mesmo em posições equivalentes. Além disso, é raro ver, hoje, um homem que se sinta confortável nos papéis teoricamente femininos, como cuidar da casa e dos filhos, sem que isso comprometa algum sentimento machista enraizado. Ainda há preconceito circundando a fluidez de papéis, e a idéia da mulher independente pode ser uma tendência, porém ainda constitui a exceção à regra.
Portanto, é preciso ter muito cuidado ao exaltar a igualdade de papéis considerados femininos e masculinos na contemporaneidade. Embora seja certo que muitos julgamentos prévios são pouco embasados e superficiais, não se pode negar que quaisquer identidades sociais vão muito além dos conceitos de macho e fêmea, e dizem respeito à moral e herança culturais de cada sociedade. É certo que, no mercado de trabalho, mulheres e homens merecem ganhar o mesmo se exercem uma mesma função. Entretanto, o frenesi pela igualdade de sexos desconsidera as diferenças incontestáveis determinadas por questões biológicas e que, na verdade, são válidas. Homens e mulheres são diferentes, e é exatamente por isso que eles se completam.”