Modelo de Redação: Os limites da liberdade de expressão no mundo contemporâneo
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Os candidatos Brizola e Maluf marcaram a eleição para presidente de 1989, onde ambos se ofenderam. Hoje em dia, nada é diferente pois, os debates presidenciais mostram como as palavras podem definir o posicionamento das pessoas, principalmente através das redes sociais onde elas fazem críticas sem se preocupar com os outros indivíduos.
A internet, com o advindo das redes sociais, tornou-se o maior palco dessas manifestações de ódio, somado a isso, O Globo realizou uma pesquisa que comprova este fato, segundo a análise, o Brasil cultiva esses discursos de ódio nas redes sociais e mostrou em números a intolerância dos internautas. Foram analisados mais de três mil posts e 84% deles com abordagens negativas de preconceito e discriminação. Além do mais, na internet a pessoa pode publicar de maneira anônima, dando mais liberdade ainda para ela falar o que quer.
Seja por meio de críticas ou humor, uma parcela de pessoas não impõe limites para tal liberdade e, sem pensar nas consequências desse ato, acabam gerando conflitos. Um exemplo de onde isso acontece constantemente é no humor. Piadas e paródias que em sua maioria, desrespeitam e ferem a moral do alvo. Podemos citar como exemplo o atentado ao jornal francês Charlie Hebdo. O discurso de ódio também está presente nas ruas, onde pessoas não se respeitam em debates e manifestações, chegando muitas vezes a agressão física.
Em suma, é importante pensar em soluções que não proíbam a liberdade de expressão do indivíduo. Portanto, a escola pode ajudar promovendo palestras e projetos que façam com que os alunos criem consciência sobre como manifestar suas opiniões. A mídia também pode abordar o assunto em novelas, séries e jornais.
Análise da redação
Introdução
Os candidatos Brizola e Maluf marcaram a eleição para presidente de 1989, onde ambos se ofenderam. Hoje em dia, nada é diferente pois, os debates presidenciais mostram como as palavras podem definir o posicionamento das pessoas, principalmente através das redes sociais onde elas fazem críticas sem se preocupar com os outros indivíduos.
Comentário:
O parágrafo de introdução apresenta diversos problemas. Em primeiro lugar, é importante destacar a ausência de uma das principais funções da introdução: apresentação da tese. Apesar de ter contextualizado o tema, o autor não deixou seu posicionamento claro, tornando, assim, o parágrafo muito expositivo e pouco argumentativo. Além disso, há problemas de pontuação (vírgulas mal colocadas *depois do “pois”* e falta delas, quando necessárias). Há, também, problemas de coesão com o uso do conectivo “onde”, que só deve ser utilizado para fazer referência a lugares físicos. É interessante ressaltar, também, que não é interessante fazer generalizações no texto, como o autor fez ao dizer que “hoje em dia, nada é diferente”.
Sugestão de reescritura:
A eleição presidencial de 1989 ficou marcada pelo fervoroso embate entre os candidatos Brizola e Maluf. As ofensas herdadas do período ditatorial permaneceram ao longo de todos os encontros e chegaram à boca do povo. 25 anos depois, nada foi diferente: os debates presidenciais mostraram o quanto as palavras podem definir posições, e, desta vez, não chegaram só à boca do povo, mas também aos dedos, às redes sociais. Diante da falta de respeito em qualquer assunto e local, é válido refletir: há mesmo limites na liberdade de expressão no mundo de hoje?
Desenvolvimento 1
A internet, com o advindo das redes sociais, tornou-se o maior palco dessas manifestações de ódio, somado a isso, O Globo realizou uma pesquisa que comprova este fato, segundo a análise, o Brasil cultiva esses discursos de ódio nas redes sociais e mostrou em números a intolerância dos internautas. Foram analisados mais de três mil posts e 84% deles com abordagens negativas de preconceito e discriminação. Além do mais, na internet a pessoa pode publicar de maneira anônima, dando mais liberdade ainda para ela falar o que quer.
Comentário:
O parágrafo de desenvolvimento I apresenta argumentação rasa e previsível, mais uma vez, sendo mais expositivo do que argumentativo. Além disso, não há conexão com o parágrafo de introdução. O autor quase não explora o uso de conectivos e constrói períodos muito longos. Existem, também, erros de pontuação e coloquialismos (como o uso de “além do mais”).
Sugestão de reescritura:
Em primeiro lugar, para entender esse problema, é necessário analisar suas causas. Resultado de uma sociedade que dá espaço para a manifestação dos anônimos, o que se pensa tem sido refletido na fala sem qualquer edição, ou seja, o “pensar duas vezes antes de falar” já não faz mais sentido. A Internet e as redes sociais têm alimentado o debate anônimo e, consequentemente, a manifestação de ideias sem enxergar o respeito ao próximo chegou aos debates. Um exemplo claro disso está nas próprias eleições presidenciais, quando amizades se desfizeram como resultado de opiniões divergentes. O problema, porém, não se resume só ao espaço virtual.
Desenvolvimento 2
Seja por meio de críticas ou humor, uma parcela de pessoas não impõe limites para tal liberdade e, sem pensar nas consequências desse ato, acabam gerando conflitos. Um exemplo de onde isso acontece constantemente é no humor. Piadas e paródias que em sua maioria, desrespeitam e ferem a moral do alvo. Podemos citar como exemplo o atentado ao jornal francês Charlie Hebdo. O discurso de ódio também está presente nas ruas, onde pessoas não se respeitam em debates e manifestações, chegando muitas vezes a agressão física.
Comentário:
O parágrafo de desenvolvimento II quase não traz ideias novas em relação ao parágrafo anterior. Mais uma vez a coesão é falha, com a falta de conectivos. Existem traços de oralidade e marca de pessoalidade. Ainda que o uso da primeira pessoa do plural seja permitido, não é legal escrever “podemos citar como exemplo…”. Há, também, falta da crase no último período do parágrafo.
Sugestão de reescritura:
Não se atendo à Internet, a opinião sem medições chegou às ruas. A campanha dos adesivos, dos debates em universidades, das manifestações e os atentados a jornais considerados desrespeitosos – e, com eles, uma chuva de mais opiniões e posições ofensivas – provaram que o respeito ao próximo já não é mais limite para a liberdade de expressão. Com isso, o posicionamento de grupos midiáticos se tornou mais firme – e reconhecível – e as divisões de ideias ficaram mais claras. Em um cenário de perda do respeito, é impossível não perceber que a liberdade de opinião, nos dias de hoje, se tornou uma arma.
Conclusão
Em suma, é importante pensar em soluções que não proíbam a liberdade de expressão do indivíduo. Portanto, a escola pode ajudar promovendo palestras e projetos que façam com que os alunos criem consciência sobre como manifestar suas opiniões. A mídia também pode abordar o assunto em novelas, séries e jornais.
Comentário:
O parágrafo de conclusão não apresenta a retomada da tese, ou seja, daquilo que foi defendido no texto. O autor escreve apenas as propostas de intervenção, que poderiam ter sido mais exploradas, já que o ideal é colocar o agente interventor e como ele deve intervir no problema. Além disso, o conectivo conclusivo “em suma” pode ser trocado por outros mais interessantes, como “fica claro portanto”. Por fim, é interessante terminar o parágrafo de conclusão com uma frase que dê um efeito conclusivo ao texto, e não somente com as propostas de intervenção.
Sugestão de reescritura:
Diante de uma sociedade que atira no outro sem pensar nos efeitos desse tiro, é importante planejar soluções que busquem não desarmar – o que seria censura, ferindo os direitos de expressão –, mas educar, de forma que cada palavra seja consciente e busque um debate produtivo. Em um primeiro plano, as instituições de ensino, em parceria com as ONGs, podem ajudar nisso, promovendo palestras, discussões e até projetos que envolvam a questão da consciência na manifestação de ideias. Além disso, a mídia e o poder público, juntos, podem trabalhar a temática e suas consequências em novelas, programas de TV e campanhas publicitárias. Assim, poderemos, finalmente, educar sem precisar desarmar e evitar que debates como os de 1989 e 2014 se repitam no Brasil e no mundo.
Redação exemplar
A eleição presidencial de 1989 ficou marcada pelo fervoroso embate entre os candidatos Brizola e Maluf. As ofensas herdadas do período ditatorial permaneceram ao longo de todos os encontros e chegaram à boca do povo. 25 anos depois, nada foi diferente: os debates presidenciais mostraram o quanto as palavras podem definir posições, e, desta vez, não chegaram só à boca do povo, mas também aos dedos, às redes sociais. Diante da falta de respeito em qualquer assunto e local, é válido refletir: há mesmo limites na liberdade de expressão no mundo de hoje?
Em primeiro lugar, para entender esse problema, é necessário analisar suas causas. Resultado de uma sociedade que dá espaço para a manifestação dos anônimos, o que se pensa tem sido refletido na fala sem qualquer edição, ou seja, o “pensar duas vezes antes de falar” já não faz mais sentido. A Internet e as redes sociais têm alimentado o debate anônimo e, consequentemente, a manifestação de ideias sem enxergar o respeito ao próximo chegou aos debates. Um exemplo claro disso está nas próprias eleições presidenciais, quando amizades se desfizeram como resultado de opiniões divergentes. O problema, porém, não se resume só ao espaço virtual.
Não se atendo à Internet, a opinião sem medições chegou às ruas. A campanha dos adesivos, dos debates em universidades, das manifestações e os atentados a jornais considerados desrespeitosos – e, com eles, uma chuva de mais opiniões e posições ofensivas – provaram que o respeito ao próximo já não é mais limite para a liberdade de expressão. Com isso, o posicionamento de grupos midiáticos se tornou mais firme – e reconhecível – e as divisões de ideias ficaram mais claras. Em um cenário de perda do respeito, é impossível não perceber que a liberdade de opinião, nos dias de hoje, se tornou uma arma.
Diante de uma sociedade que atira no outro sem pensar nos efeitos desse tiro, é importante planejar soluções que busquem não desarmar – o que seria censura, ferindo os direitos de expressão –, mas educar, de forma que cada palavra seja consciente e busque um debate produtivo. Em um primeiro plano, as instituições de ensino, em parceria com as ONGs, podem ajudar nisso, promovendo palestras, discussões e até projetos que envolvam a questão da consciência na manifestação de ideias. Além disso, a mídia e o poder público, juntos, podem trabalhar a temática e suas consequências em novelas, programas de TV e campanhas publicitárias. Assim, poderemos, finalmente, educar sem precisar desarmar e evitar que debates como os de 1989 e 2014 se repitam no Brasil e no mundo.