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Literatura: Trovadorismo, Renascimento e Quinhentismo

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Hoje é dia de aprender tudo sobre Trovadorismo, Renascimento e Quinhentismo com o professor Diogo Mendes! 🙂
Não se esqueça de conferir o horário da aula e baixar o material de apoio! 🙂

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Literatura: Trovadorismo, Renascimento e Quinhentismo
Turma da Manhã: 10h15 às 11h15, com o professor Diogo Mendes.

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Material de Apoio
Lista de Exercícios

MATERIAL DE APOIO

Texto I
Vaiamos, irmãa, vaiamos dormir
[en] nas ribas do lago, u eu andar vi
a las aves meu amigo.

Vaiamos, irmãa, vaiamos folgar
[en] nas ribas do lago, u eu vi andar
a las aves meu amigo.
En nas ribas do lago, u eu andar vi,
seu arco nas man’as aves ferir,
a las aves meu anigo.
En nas ribas do lago, u eu vi andar,
seu arco na mãao a las aves tirar,
a las aves meu amigo.
Seu arco na mãao as aves ferir,
alas que cantavan leixá-las guarir,
a las aves meu amigo.
Se arco na mãao as aves tirar,
a las que cantavam nom nas quer matar,
a las aves meu amigo.

Fernando Esquio ,
(CV902,CBN 1246)

Vocabulário
amigo: namorado
folgar: descansar, divertir-se
vaiamos: vamos
u: onde
tirar: atirar leixá-las
guarir: deixava-as salvar-se
irmãa: irmã

Texto II
Vós mi defendestes, senhor,
que nunca vos dissesse ren
de que lhe dissesse qualquer coisa
de quanto mal mi por vós vem;
mays fazede-me sabedor,
por Deus, senhor, a quem direy
quam muito mal levey
por vós, se non a vós, senhor?

Você me proibiu, senhora,
de que lhe dissesse qualquer coisa
sobre o quanto sofro por sua causa.
Mas então me diga,
por Deus, senhora: a quem falarei
o quanto sofro e já sofri por você
Senão a você mesma?

Ou a quem direy o meu mal,
se o eu a vós non disser,
poys calar-me nom m’é mester
e dizer-vo-lo nom m’er val.
E, poys tanto mal sofr’assi
se con vosco non falar hi
por quen saberedes meu mal?

Ou a quem direi o meu amor
se eu não disser a você?
Calar-me não é o que eu quero
mas dizê-lo também não adianta.
Sofro tanto de amor por você…
Se eu não lhe falar sobre isso
como saberá o que sinto?

Ou a quem direy o pesar
que mi vos fazedes sofrer
se o a vós non fôr dizer,
que podedes consselh’i dar?
E, por en, se Deus vos perdon,
coyta d’este meu coraçon,
a quem direy o meu pesar?
Ou a quem direi o sofrimento
que me faz sofrer,
se eu não for dizê-lo a você?
Diga-me: o que faço?
E, assim, se Deus lhe perdoa,
coita do meu coração,
a quem direi o meu amor?

(D. Dinis. In: J. J. Nunes. Cantigas de amigo dos trovadores galego-portugueses. Lisboa. Centro do Livro Brasileiro, 1973.)

Texto III
Sozinho

Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois

Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

(Peninha. Disponível em: http://letras.mus.br/caetano-veloso/41672/. Acesso em 26 de março de 2014.)

Texto IV

Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv’en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, se Deus mi pardom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
Tradução:
Ai, dona feia, foste-vos queixar
que nunca vos louvo em meu cantar;
mas agora quero fazer um cantar
em que vos louvares de qualquer modo;
e vede como quero vos louvar
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, que Deus me perdoe,
pois tendes tão grande desejo
de que eu vos louve, por este motivo
quero vos louvar já de qualquer modo;
e vede qual será a louvação:
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, eu nunca vos louvei
em meu trovar, embora tenha trovado muito;
mas agora já farei um bom cantar;
em que vos louvarei de qualquer modo;
e vos direi como vos louvarei:
dona feia, velha e maluca!

João Garcia De Guilhade
(B1485, V 1097)

Texto V
Durante os seus primeiros anos, Tristão foi alimentado por amas na casa de seu pai. Com sete anos feitos, Rivalino achou que chegara a hora de retirá-lo às mulheres e confiou-o a um sábio escudeiro chamado Gorvenal, que se encarregou de sua educação. Tristão aprendeu a correr, a saltar, a nadar, a montar, a atirar ao arco, a combater com a espada, a manejar o escudo e a lança. Em breve se distinguiu na arte da montaria e da falcoaria, perito em reconhecer as qualidades e defeitos de um cavalo, as virtudes de um ferro bem temperado e a arte de talhar a madeira. A isto se juntavam o canto e a música, pois tocava maravilhosamente harpa e rota e compunha lais à maneira dos jograis bretões. Coisa ainda mais rara, imitava, a ponto de enganar, o canto do rouxinol e dos outros pássaros.

(Tristão e Isolda)

Texto VI
Tal era o sentimento de honra naqueles antigos cavalheiros, que D. Antônio nem um momento admitiu a ideia de fugir para salvar sua filha; se houvesse outro meio, decerto o receberia como um favor do céu; mas aquele era impossível.
Enquanto o espírito do fidalgo se debatia nessa luta cruel, Peri, de pé, junto de Cecília, parecia querer ainda protegê-la contra a morte inevitável que a ameaçava. Dir-se-ia que o índio esperava algum socorro imprevisto, algum milagre que salvasse sua senhora; e que aguardava o momento de fazer por ela tudo quanto fosse possível ao homem.
D. Antônio, vendo a resolução que se pintava no rosto do selvagem, tornou-se ainda mais pensativo; quando, passado esse momento de reflexão, ergueu a cabeça, seus olhos brilhavam com um raio de esperança.
Atravessou o espaço que o separava de sua filha, e, tomando a mão de Peri, disse-lhe com uma voz profunda e solene:
— Se tu fosses cristão, Peri!…
O índio voltou-se extremamente admirado daquelas palavras.
— Por quê?… perguntou ele.
— Por quê?… disse lentamente o fidalgo. Porque se tu fosses cristão, eu te confiaria a salvação de minha Cecília, e estou convencido de que a levarias ao Rio de Janeiro, à minha irmã.
O rosto do selvagem iluminou-se; seu peito arquejou de felicidade; seus lábios trêmulos mal podiam articular o turbilhão de palavras que lhe vinham do intimo da alma.
— Peri quer ser cristão! exclamou ele. D. Antônio lançou-lhe um olhar úmido de reconhecimento. — A nossa religião permite, disse o fidalgo, que na hora extrema todo o homem possa dar o batismo. Nós estamos com o pé sobre o túmulo. Ajoelha, Peri! O índio caiu aos pés do velho cavalheiro, que impôs-lhe as mãos sobre a cabeça.
— Sê cristão! Dou-te o meu nome.
Peri beijou a cruz da espada que o fidalgo lhe apresentou, e ergueu-se altivo e sobranceiro, pronto a afrontar todos os perigos para salvar sua senhora.
— Escuso exigir de ti a promessa de respeitares e defenderes minha filha. Conheço a tua alma nobre, conheço o teu heroísmo e a tua sublime dedicação por Cecília, Mas quero que me faças um outro juramento.
— Qual? Peri está pronto para tudo.
— Juras que, se não puderes salvar minha filha, ela não cairá nas mãos do inimigo?
— Peri te jura que ele levará a senhora à tua irmã; e que se o Senhor do céu não deixar que Peri cumpra a sua promessa, nenhum inimigo tocará em tua filha; ainda que para isso seja preciso queimar uma floresta inteira.
 

(Alencar, José de. O Guarani.)

Texto VII
Ao desconcerto do mundo

Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais m’espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que só para mim Anda o mundo concertado.

(Camões)

Texto VIII
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades;
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E, em mim, converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

(Camões)

Texto IX
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar:
Não tenho, logo, mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como um acidente em seu sujeito,
Assim com a alma minha se conforma,
Está no pensamento como ideia:
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.

(Camões)

Texto X
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata!
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.
Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, farteis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.
Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais.
Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo.
Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender, por que lho não havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas.

(In: CASTRO, Sílvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996)

Texto XI

De Dourados a Paris

Haveria um escândalo se as ararinhas-azuis estivessem morrendo uma após a outra nos manduvis do Pantanal. Haveria um escândalo talvez ainda maior se uma epidemia estivesse matando um mico-leão-dourado por dia. Mas não há escândalo nenhum com a morte – em ritmo quase diário – dos indiozinhos que vivem nas aldeias de Mato Grosso do Sul. Os indiozinhos, todos sabem, estão morrendo de fome ou de doenças provocadas pela desnutrição, mas isso não parece despertar interesse, muito menos indignação. É até natural. O governo, por exemplo, já mandou dizer que a morte dos indiozinhos está no mesmo padrão do ano anterior, sugerindo que não existe razão para espanto ou preocupação. É mentira. No ano anterior morreram quinze. Agora, nem se passaram três meses do ano e já morreram catorze. Mas até a mentira é natural. Ninguém dá muita bola. Afinal, são só índios que estão morrendo – e índios, ao que parece, são seres inferiores, desprezíveis, atrasados. Só são bacanas quando estão mumificados e servem para impressionar francês.
Sim, nos suntuosos salões do Grand Palais, em Paris, acaba de ser inaugurada a exposição Brasil Índio: as Artes dos Ameríndios. É uma espetacular coleção de 350 peças indígenas. São cocares imensos e coloridos, com aquela vivacidade ímpar que a arte indígena consegue transmitir. São as inventivas urnas funerárias, que nos deixaram um testemunho tão eloquente sobre a visão indígena da morte. São as belíssimas cerâmicas marajoaras, que emprestam graciosidade até à dureza da geometria. A exposição inclui ainda uma esplendorosa cabeça mumificada pelos índios mundurucus. Tudo isso está exposto num ambiente decorado com sobriedade e elegância, num projeto concebido por dois designers brasileiros. A julgar pela reação inicial da imprensa francesa – que tem sido generosa em elogios à exposição –, o evento será um sucesso. E, nas galerias do Grand Palais, sucesso significa algo como uns 6.000 visitantes por dia.
Por aqui, a galeria a visitar fica no polo indígena de Dourados, em Mato Grosso do Sul. De acordo com a lista oficial do governo, só naquele local morreram doze indiozinhos neste ano. Todos morreram de fome. Eis a lista:

• 2 de janeiro: J.S.C. Ia completar 9 meses de idade.
• 5 de janeiro: L.V.D. Teve parada cardíaca, era desnutrido. Não completou 3 meses de vida.
• 6 de janeiro: J.P.M., 1 ano e 8 meses.
• 11 de janeiro: A.M.F., também não fez 9 meses de vida.
• 4 de fevereiro: E.D.S., 3 meses.
• 8 de fevereiro: I.I.A. Ia fazer 5 anos.
• 19 de fevereiro: K.F., pouco mais de 6 meses.
• 24 de fevereiro: R.G.B., 11 meses. No mesmo dia, também morre J.D.G., 3 meses.
• 2 de março: J.V.D, quase 4 meses.
• 18 de março: R.C., menos de 3 meses.
• 22 de março: Q.E.A. Não fez 2 meses de vida.

Bem, a exposição em Paris deve ser um sucesso.

(Revista Veja. 30 de março de 2005. André Petry. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/300305/andre_petry.html. Acesso em 26 de março de 2014.)

1. (ENEM)

TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.

CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II
55

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momento histórico, retratando a colonização.

LISTA DE EXERCÍCIOS

Texto I
Atrás da porta
Quando olhaste bem nos olhos meus,
E o teu olhar era de adeus.
Juro que não acreditei.
Eu te estranhei, me debrucei, sobre teu corpo,
E duvidei, e me arrastei, e te arranhei,
E me agarrei nos teus cabelos, nos teus pelos,
Teu pijama, nos teus pés, ao pé da cama,
Sem carinho, sem coberta,
No tapete atrás da porta,
Reclamei baixinho.
Dei pra maldizer o nosso lar,
Pra sujar teu nome, te humilhar,
E me vingar a qualquer preço.
Te adorando pelo avesso.
Só pra mostrar qu’inda sou tua.
Até provar qu’inda sou tua

(BUARQUE, Chico e HIME, Francis. Disponível em: http://letras.mus.br/chico-buarque/45113/.
Acesso em 26 de março de 2014.)

1. Alguns séculos separam a canção “Atrás da porta”, de Chico Buarque e Francis Hime, das cantigas medievais. No entanto, podemos reconhecer na música elementos que nos remetem à tradição trovadoresca. Levando em consideração aspectos formais e temáticos nela presentes, responda: a que tipo de cantiga medieval “Atrás da porta” mais se aproxima? Justifique sua resposta utilizando trechos do texto.

Texto II
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocavam por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco de tudo o que lhes oferecíamos. Alguns deles bebiam vinho; outros não o podiam suportar. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade. (…)
Quando saímos do batel, disse-nos o Capitão que seria bem que fôssemos diretamente à cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para que eles vissem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo foram todos beijá-la.
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual preza a Nossa Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhe deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim!

(CASTRO, Sílvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996)

2. Pero Vaz de Caminha fala, em sua carta, sobre a “salvação” dos povos indígenas por meio da religião católica. Isso indica que, em sua maioria, os portugueses
a) reconheciam o valor da cultura indígena, mas não a consideravam superior à deles.
b) relevavam a nítida inferioridade intelectual dos índios, a fim de os igualarem aos europeus.
c) negavam a possibilidade de conversão dos índios à mesma religião dos povos superiores.
d) buscavam apresentar a fé católica aos índios para garantir-lhes lugar na elite colonial.
e) desconsideravam a possibilidade de que outras religiões além da sua pudessem garantir ao homem salvação.

3. Leia o trecho abaixo, retirado da canção “Índios”, de Renato Russo:
Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha. (…)
Quem me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente.
Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só
Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo
Deus foi morto por vocês
É só maldade, então, deixar um
Deus tão triste (…)
Quem me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado por ser inocente.

Na canção “Índios”, de Renato Russo, estão presentes alguns aspectos característicos da relação estabelecida entre os colonizadores europeus e as tribos indígenas que habitavam a costa do Brasil. Comente-os.
4. Comparando o trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha com a canção “Índios”, de Renato Russo, podemos afirmar que:
a) apresentam pontos de vista semelhantes com relação ao contato dos portugueses com os indígenas.
b) denunciam a exploração sofrida pelos povos indígenas.
c) evitam ser testemunhos fieis de uma realidade.
d) destoam entre si em seu retrato da relação entre colonizador e colonizado.
e) negam o seu valor artístico, objetivando um valor político.
GABARITO
1. A música de Chico Buarque e Francis Hime se aproxima das cantigas de amigo. Do ponto de vista formal, os principais elementos que nos fazem chegar a essa conclusão é a presença do eu lírico feminino (“Só pra mostrar qu’inda sou tua. / Até provar qu’inda sou tua.”) e de musicalidade (uso de rimas). No que diz respeito ao tema, a canção fala sobre o sofrimento amoroso, fruto da partida do amado (“Quando olhaste bem nos olhos meus, / E o teu olhar era de adeus.”; “No tapete atrás da porta, / Reclamei baixinho.”), tema muito presente nas cantigas de amigo.
2. E
3. As características da relação entre colonizador e colonizado presentes na canção de Renato Russo são: a exploração de nossos recursos naturais por meio do escambo (“Quem me dera ao menos uma vez / Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem / Conseguiu me convencer que era prova de amizade / Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.”), e a imposição da fé cristã (“Quem me dera ao menos uma vez / Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três.”).
4. D

Comentários

Gislayne
Gislayne
06/03/2015 às 08:01

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