A Inglaterra promoveu uma importante reformulação política em sua história, sabia? Fazendo parte da onda de revoluções burguesas, A Revolução Inglesa superou o Absolutismo e foi essencial para criar as bases da Revolução Industrial. Ela pode ser resumida em dois períodos: a Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa.
Resultado de movimentos políticos e sociais que ocorreram entre os anos de 1640 e 1688 na Inglaterra, a Revolução Inglesa culminou no fim do absolutismo ali e na implantação de uma monarquia parlamentar – em que o rei está submetido ao parlamento. A Revolução Inglesa é considerada a primeira revolução burguesa da Europa!
Entre um período e outro da Revolução Inglesa tem muuuita história! É uma baita confusão, babado e gritaria. Vem tranquilo pra saber tudo sobre este período na história da Inglaterra e fique super preparado caso o assunto seja cobrado no vestibular.
Absolutista, mas nem tanto
Com a formação dos Estados Nacionais, o absolutismo foi amplamente adotado na Europa durante a Idade Moderna. Contudo, a relação da Inglaterra com o absolutismo foi marcada pela instabilidade. Desde de antes da formação da Monarquia Parlamentar Inglesa, já existiam mecanismos para controlar o poder do rei, como a Magna Carta (1215).
O ideal absolutista só vai se concretizar após a Guerra das Duas Rosas (1455 – 1485), entre as famílias York e Lancaster pelo trono inglês. O conflito enfraquece os laços senhoriais e fortalece o poder na figura do rei. Com a dinastia Tudor (1485 – 1603), o absolutismo se concretizou, mas não criou raízes, como veremos a seguir.
As tretas religiosas
Durante as reformas religiosas, Henrique VIII rompe com a Igreja Católica e cria a Igreja Anglicana. Apesar de ser amplamente difundido que o rompimento estava ligado somente à negação do divórcio, é importante ressaltar que o interesse do rei estava diretamente ligado às posses da Igreja e seu excesso de poder. Ou seja, a nova religião não nasceu buscando romper dogmas católicos, muito pelo contrário, muitos aspectos continuaram iguais.
Junto com o anglicanismo, o Calvinismo também vai ganhar terreno entre a burguesia inglesa, que vai encontrar na nova religião um incentivo às suas práticas comerciais. Conhecidos como puritanos, os burgueses adquiriram mais força econômica, espiritual e religiosa e se fortaleceram politicamente, o que proporcionou uma ascensão cada vez maior dessa classe.
A conspiração contra a burguesia
A dinastia dos Stuarts foi marcada pela oposição entre a nobreza e os burgueses, vulgo, puritanos. O crescimento econômico e político da burguesia assustava a nobreza. Essa desavença vai se estender para o campo político com o acirramento das disputas no Parlamento entre a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes. Enquanto a primeira representava os interesses burgueses, a segunda era composta pela nobreza.
Com a intenção de diminuir o poder da burguesia, Jaime I (1603 – 1625) vai aumentar os impostos e promover uma perseguição religiosa aos puritanos. Numa clara tentativa de restabelecer o absolutismo e centralizar o poder na sua figura, ele ainda fechou o parlamento (1614 -1622) e manteve uma postura intervencionista com a formação de monopólios estatais.
Quando seu filho, Carlos I (1625 – 1649), assume o trono, a postura com relação a centralização do poder e a perseguição aos puritanos continua a mesma, porém com o Parlamento aberto. Sofrendo uma oposição ferrenha, principalmente, da Câmara dos Comuns, liderada por Oliver Cromwell, sua postura vai dar início a chamada Guerra Civil.
Revolução Puritana
Conhecida também como a Guerra Civil Inglesa, o conflito bélico opôs os defensores do poder do rei, os Cavaleiros, e aqueles que defendiam o interesse dos puritanos, os cabeças redondas. Formada por camponeses e pela baixa burguesia, o exército chamado de New Model Army era liderado por Oliver Cromwell e era composto também por dois grupos radicais: os Diggers, que atuavam no campo e os Levellers, que estavam ligados à cidade.
Vencido o exército dos nobres, os puritanos decapitaram o rei Carlos I em 1649 e instalaram uma república liderada por Oliver Cromwell.
A República de Cromwell
Chamada de Commonwealth, o novo modelo republicano, que a princípio lutou contra o absolutismo, vai ser construído em cima de contradições. A centralização do poder, que era a grande crítica à monarquia, vai ser a marca principal do governo de Oliver Cromwell.
Ele dissolveu o Parlamento e se declarou o Lorde Protetor da Inglaterra, Irlanda e da Escócia e se manteve enquanto tal até a sua morte. Apesar do autoritarismo, Cromwell não esqueceu as demandas da burguesia e promulgou os Atos de Navegação (1651). Através dele, impulsionou a marinha inglesa, diminuiu a concorrência holandesa e aumentou o lucro dos comerciantes ingleses.
O retorno daqueles que não foram
Com a morte de Oliver Cromwell, seu filho Richard Cromwell assume o poder. Porém, sua liderança e popularidade não eram lá grandes coisas. Com um governo marcado pela instabilidade, ele será retirado do poder e o Parlamento vai conseguir restaurar a monarquia e colocar a dinastia Stuart no poder.
Mas como os nobres continuavam sendo nobres e a burguesia continuava sendo a burguesia, os conflitos continuaram. Carlos II seguia o exemplo dos antecessores: flertava abertamente com o absolutismo, fechou o Parlamento (1681), perseguiu os puritanos e para piorar, se aproximou novamente do catolicismo. A conversão de seu sucessor, Jaime II, a religião católica e a concessão de benefícios aos católicos podem ser consideradas o estopim para a eclosão de um novo conflito.
Revolução Gloriosa
Com o aumento da insatisfação de ambos os grupos, nobreza e burguesia, o Parlamento se reúne e organiza um golpe político para tirar Jaime II do poder. Maria II, filha do rei, junto com Guilherme de Orange, seu marido, armam com o Parlamento para depor o rei.
E assim se concretizou a revolução: sem derramamento de sangue e de forma rápida. Jaime II foi retirado do poder, que foi assumido pela sua filha e por seu marido. Porém, o Parlamento, principalmente a burguesia, vai assegurar a aprovação da Bill of Rights – Declaração de Direitos de 1689 – garantindo a limitação do poder real.
A promulgação da Bill of Rights acaba de vez com o absolutismo na Inglaterra e promove a consolidação da monarquia parlamentarista. É a vitória da burguesia sobre os privilégios da nobreza.
Consequências da Revolução Burguesa na Inglaterra
As consequências diretas do sucesso da primeira revolução burguesa foi a conquista da liberdade de expressão e da profissão da fé, além da subordinação da figura do rei ao Parlamento. Ademais, garantiu o direito à propriedade privada e a criação de mecanismo que impediam a volta do absolutismo.
A Revolução Inglesa favoreceu a transformação da Inglaterra em uma potência comercial devido ao aumento da participação da burguesia nas decisões políticas através do Parlamento. Ela consolidou o poder político na mão da burguesia, um fator essencial para a criação das bases necessárias para a Revolução Industrial e para o desenvolvimento pleno da classe burguesa.
A vida social antes da Revolução Inglesa
Com a Dinastia Tudor, a Inglaterra teve muitas conquistas, que serviram de base para o desenvolvimento econômico do país. Os governos de Henrique VIII e de sua filha Elisabeth I trouxeram:
- A unificação do país;
- Afastamento do Papa;
- Confisco dos bens da Igreja Católica;
- Criação do anglicanismo;
- Ingresso na disputa por colônias com os espanhóis.
Foi com esses monarcas que também surgiu a formação de monopólios comerciais, como a Companhia das Índias Orientais e dos Mercadores Aventureiros. Isto serviu para impedir a livre concorrência, embora essa ação tenha sufocado alguns setores da burguesia, o que resultou na divisão da burguesia de um lado – grandes comerciantes que gostaram da política de monopólio – e, de outro, a pequena burguesia que queria a livre concorrência.
Entre os grandes problemas da época estavam a detenção de privilégios nas mãos das corporações de ofício e a situação problemática na zona rural, com a alta dos produtos agrícolas as terras foram valorizadas. Isso gerou os cercamentos, isto é, os grandes proprietários rurais queriam aumentar suas terras expropriando as terras coletivas, transformando-as em particulares.
O resultado foi a expulsão de camponeses do campo e a criação de grandes propriedades para a criação de ovelhas e produção de lã, condições imprescindíveis para a Revolução Industrial.
Para não deixar o conflito entre camponeses e grandes proprietários aumentar, o governo tentou impedir os cercamentos. Claro que com essa ação a nobreza rural, Gentry (a nobreza progressista rural), e a burguesia mercantil foram fortes oponentes.
Resumo sobre a Revolução Inglesa
De forma resumida, podemos destacar os seguintes pontos quando o assunto é Revolução Inglesa:
- Foi marcada pelas disputas entre nobreza e burguesia;
- As perseguições religiosas aos puritanos foram marcas da revolução;
- A Inglaterra nunca foi muito fã do absolutismo;
- Os Atos de Navegação foram essenciais para transformar a marinha inglesa em uma potência;
- O período republicano foi marcado pelo autoritarismo;
- A Revolução Inglesa foi a primeira revolução burguesa;
- A vitória da burguesia pôs fim ao absolutismo na Inglaterra;
- O poder político conquistado pela burguesia vai assegurar a expansão do modo de produção capitalista;
- A Revolução Inglesa foi essencial para o desenvolvimento da Revolução Industrial.
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