Modelo de Redação: O livro na era da digitalização do escrito e da adoção de novas ferramentas de leitura
Sabe aquele tema de redação que nós indicamos para você na semana 33? Ele virou um modelo de redação aqui no blog, feito pelo monitor Bernardo Soares, para você se inspirar e comparar com a sua própria redação. Você também pode enviar sua redação para nós! Clique aqui!
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“O caminho digital é sem volta.” A frase é de Paulo Coelho, escritor carioca mundialmente famoso, em uma entrevista à revista Época sobre a chegada do Kindle ao Brasil. De fato, a ascensão dos e-readers abriu portas para o desenvolvimento de novas tecnologias ligadas à leitura e, principalmente, para a preocupação com relação ao fim do livro impresso. Em um contexto de valorização, cada vez maior, de novas formas de ler e comercializar as obras, vale questionar se, diante de uma sociedade que sofre com a falta de concentração, é vantajoso adotar esses meios.
É necessário analisar, antes de tudo, o comportamento do indivíduo atingido pela digitalização da escrita. Na visão de Zygmunt Bauman, há, hoje, uma crise de atenção. A dificuldade de se concentrar, aliada à informação em grande escala, gera o que o sociólogo polonês chama de “fragmentos do conhecimento”, dificultando o aprendizado e, consequentemente, a dedicação a grandes leituras. Nesse sentido, é difícil garantir que um pequeno aparelho com mais de duas mil obras seja interessante para qualquer pessoa que não consiga terminar um livro.
Ainda assim, é indispensável destacar as vantagens da adoção dessas novas ferramentas. Além da alta capacidade de armazenamento e do acesso facilitado em qualquer hora e lugar, o preço dos textos digitalizados é muito mais baixo, uma vez que que o processo de produção também é mais barato. Há livros físicos que chegam a custar três vezes o valor da sua versão virtual, o que justifica a dificuldade de manter um hábito de leitura na nossa sociedade. No mesmo caminho, a concorrência cada vez maior nesse mercado tem permitido a redução do preço dos aparelhos de leitura digital, facilitando ainda mais a compra, a venda e, é claro, a fidelização do leitor.
Torna-se evidente, portanto, que, apesar das muitas vantagens na digitalização da escrita, há obstáculos que precisam ser resolvidos, a fim de aproveitá-las plenamente. Em primeiro lugar, a escola, crucial na iniciação do aluno na leitura, pode trabalhar a inserção desses textos em sala, com a possibilidade de utilizar vídeos, imagens e até a internet. Deve, também, trazer psicólogos, por exemplo, que falem sobre a procrastinação e suas consequências. A mídia, por sua vez, pode tratar o problema em novelas, debates e até propagandas, tentando mostrar aos indivíduos a necessidade cada vez maior de tratar a concentração. Só assim, resolvendo o problema na sua raiz, o homem e a leitura chegarão a um caminho comum, sem ninguém olhar para trás.