Você sabe quais são os erros gramaticais mais cometidos em uma redação, que podem prejudicar a sua nota e que você não pode fazer no Enem? Não? Fique esperto, porque a competência 1 do exame faz referência ao domínio da norma padrão da língua portuguesa, ou seja, nessa competência (que, sozinha, vale 200 pontos!) o corretor vai averiguar se você conhece e sabe usar a norma padrão de sua língua, apresentando pouco ou nenhum desvio e marca de oralidade.
Pra chegar ao tão sonhado 1000, então, precisamos ter bastante cuidado. E nós vamos te mostrar como! Sai do Facebook rapidinho e vem ver! 😉
1. Uso equivocado da vírgula
Esse é um erro que cometemos bastante e que quase nunca percebemos. Ao escrever uma redação, há dois erros graves quanto ao uso da vírgula que podem nos prejudicar: usar vírgulas de menos e usar vírgula demais. A dica de hoje é pra você evitar o uso em excesso. Esse erro está associado ao fato de, muitas vezes, separarmos os termos essenciais da oração por vírgula.
Primeiro, vamos entender o que é isso: entendemos por termos essenciais aqueles que formam a estrutura básica de uma oração, ou seja, o sujeito e o predicado. Vamos traduzir isso tudo que acabamos de ler. Não se pode separar o sujeito do resto da oração, beleza? É importante que a gente saiba quem é o sujeito da oração que estamos escrevendo, pra não acabar fazendo isso. Dá uma olhada nesses exemplos de como costumamos usar e como deveríamos usar:
O homem tão dividido, acaba por ignorar os problemas mais graves.
O homem, tão dividido, acaba por ignorar os problemas mais graves.
Não vamos mais errar isso, certo?
2. Falta de concordância verbal e nominal
Temos que ficar sempre atentos quanto a isso, pois, muitas vezes, acabamos não realizando a concordância porque, num período muito grande, os termos que devem concordar podem acabar ficando muito distantes, principalmente no caso da concordância verbal. Então, presta atenção aqui: o verbo deve sempre concordar com o sujeito. Se o sujeito está no plural, o verbo deve estar no plural, assim como deve estar no singular, se o sujeito estiver no singular. Isso você já deve saber, mas é sempre importante consultar o sujeito, ainda mais quando o verbo estiver distante. A concordância verbal, então, diz respeito a uma relação entre um verbo e um nome. Já a concordância nominal, está ligada a uma relação entre nomes, na esfera do sintagma nominal. Vamos entender: toda vez que tivermos um nome associado a outro (substantivo + adjetivo, artigo + substantivo, pronome + adjetivo), eles têm de estabelecer uma concordância, ou seja, têm de estar ambos no mesmo gênero e número. Se, por exemplo, o substantivo é feminino e está no plural, o adjetivo tem de estar no feminino e no plural.
Olha aqui um exemplo de falta de concordância verbal e nominal, e as respectivas correções:
Os objetivos define os planos.Os objetivos definem os planos.
Os menino foram à praia.Os meninos foram à praia.
Observação: Há um caso muito específico que quase sempre passa despercebido. O verbo haver, no sentido de existir, é impessoal e, portanto, não varia. Então, na oração “Amanhã, haverão mais razões pra ser feliz.”, o verbo haver deveria estar no singular, já que o termo “mais razões” não é sujeito, mas objeto do verbo. O correto é Amanhã, haverá mais razões pra ser feliz.
3. Uso inadequado da crase
A crase é algo que, às vezes, parece impossível entender. Por isso, usamos crase onde não é necessário e\ou deixamos de usá-la onde deveríamos. Mas vamos te mostrar que ela não é um bicho de sete cabeças.
Crase é a junção da preposição “a” com o artigo definido “a(s)”, ou, ainda, da preposição “a” com as iniciais dos pronomes demonstrativos aquela(s), aquele(s), aquilo ou com o pronome relativo a qual (as quais). Essa junção, graficamente, é representada por um acento grave, aquele contrário ao agudo: à.
Algo que você precisa saber, antes de tudo, é que a crase só ocorre antes de palavras femininas, já que o artigo “a” só é empregado nesse caso. Assim sendo, uma dica legal é substituir a palavra feminina após o “a” que você tá em dúvida, por uma palavra de gênero masculino. Se antes da palavra masculina você tiver colocado a forma “ao”, isso significa que, ali, houve a junção da preposição a com o artigo masculino o. Portanto, nesse caso, a preposição é requerida, então, sim, há crase. Caso contrário, não use a crase.
Olha o exemplo:
Fui a escola.
Fui ao parque.
Fui à escola.
Dicas: Ainda está com dúvida? Um bom truque é encaixar a palavra na seguinte frase: “Vou a, volto da, crase há! Vou a, volto de, crase pra quê?”. Exemplo: Vou a São Paulo, volto da São Paulo, crase há! Mas sabemos que, o correto é: Vou a São Paulo, volto de São Paulo, crase pra quê? Logo, a frase Vou a São Paulo não possui crase!
Observação: para facilitar sua vida, separamos alguns casos em que sempre ocorre a crase: às duas horas; à tarde; à direita; à esquerda; às vezes; às pressas; à frente; à medida, à vontade, à disposição, à moda de, à maneira de etc.
4. Marcas de oralidade
Destacamos algumas coisas que costumamos fazer que configuram marca de oralidade, que, na língua escrita, podem ser considerados erros gramaticais.
- Pra x Para:
Utilizamos muito a forma “pra”, no nosso discurso oral, no lugar da preposição “para”. Vamos deixar isso de lado na nossa redação, ok?
- Entenderão x Entenderam:
Costumamos cometer um erro grave de conjugação verbal ao confundir a forma de pretérito perfeito com a forma de futuro, uma vez que, oralmente, ambos terminam com “ão”. No entanto, na escrita, é necessário fazermos a distinção entre eles. Portanto, é importante sabermos que os verbos no pretérito perfeito terminam em “am” e os verbos no futuro, em “ão”.
Observe:
Amanhã, os vendedores traram as frutas. – Amanhã, os vendedores trarão as frutas.
Ontem, as cortinas forão lavadas. – Ontem, as cortinas foram lavadas.
- Gírias:
Elas, talvez, sejam o maior exemplo de oralidade. Portanto, tenha sempre cuidado pra não usá-las.
OBS: as gírias podem ser usadas em caso de exemplificação, e devem estar entre aspas.
5. Emprego inadequado dos pronomes
O pronome deve ser usado com bastante cautela. Muitas vezes, achamos que estamos nos aproximando da norma padrão mas, pelo contrário, estamos nos distanciando, por não saber como o fazer. Quer um exemplo¿ Eu sei que quando a gente coloca o pronome depois verbo, a gente tem aquela sensação de estar falando bonito, mas nem sempre a ênclise é necessária. Dá uma olhada nessa dica: Em início de frase ou após vírgulas, deve-se usar a ênclise. Salvo raras exceções, nos demais casos, devemos usar a próclise, como vemos nos exemplos abaixo.
Nos dias de hoje, se calar é uma dádiva. – Nos dias de hoje, calar-se é uma dádiva.
Muito fala-se sobre amor nos livros. – Muito se fala sobre amor nos livros.
Outro erro, que a gente comete sem perceber, é usar o pronome relativo “onde” sem que o referente seja um lugar concreto. Na frase “A situação caótica de segurança pública onde se encontra o Brasil é simplesmente lastimável”, o pronome relativo “onde” foi utilizado inadequadamente. Calma, a gente explica. O referente, ou seja, o termo retomado pelo pronome, nesse caso, é “A situação caótica de segurança pública”, que não corresponde a um lugar concreto. Logo, esse pronome está sendo usado de maneira inadequada, devendo ser substituído por outro, que possa ter como referência um lugar virtual\abstrato. “Em que” e “na qual”, por exemplo, são pronomes que podem ser usados nesse caso. Esteja, vestibulando, sempre atento ao referente do pronome.
6. Uso inadequado dos “porques”
Os porquês são usados, muitas vezes, de maneira incorreta nas redações, pois é muito fácil confundir. Seria muito bom que tivéssemos um tipo só de porquê, mas enquanto isso não acontece, dá uma olhada nesse esquema que a gente fez pra te ajudar a entender:
- Por que (separado sem acento)
Usa-se esta forma para fazer perguntas, ou quando puder ser substituído por “motivo” ou “razão”:
– Por que isso aconteceu?
– Eu queria saber por que isso aconteceu.
Dica: Podemos trocar o “por que” por “por qual motivo”, sem que haja alteração no sentido: “Por qual motivo isso aconteceu?”
- Porque (junto sem acento)
Utilizamos esse tipo para responder perguntas.
– Isso aconteceu porque eu esqueci o fogão ligado.
Dica: É possível trocar o “porque” por outras conjunções explicativas, como o “pois”.
– Isso aconteceu pois esqueci o fogão ligado.
- Por quê (separado com acento)
Utiliza-se o “por quê” em final de frases. Esse é um caso muito particular. Sabemos que você não compareceu à reunião, por quê?
- Porquê (junto com acento)
Essa forma é utilizada quando o “porquê” tem função de substantivo:
– Se isso aconteceu, teve um porquê!
– Queria saber o porquê de isso ter acontecido.
Abaixo, você vai ver alguns pares de palavras que costumam nos confundir, por serem muito parecidas visualmente e/ou sonoramente. Mas dá uma olhada no que a gente fez pra descomplicar isso tudo:
7. Mais x Mas
- Mas = indica adversidade, contraste, oposição. É o mesmo que “porém”; (Choveu, mas fez calor.)
- Mais = indica adição; (Eu mais você dá amor.)
8. Mal x Mau
- Mal= Mal é advérbio, antônimo de bem. (Tenho dormido mal.)
- Mau= Mau é um adjetivo, antônimo de bom. (Ele é um mau professor.)
Uma boa dica é saber os antônimos. Numa frase, troque por bem ou bom, e verifique qual a melhor opção, caso seja bem, é mal com l, caso seja bom, é mau com u.
9. Há x a
Essa é uma dicotomia que nos deixa muito em dúvida. Mas, apesar de terem o som muito parecido, as formas escritas e os significados são bastante diferentes. Na verdade, até a classe é diferente entre as duas palavras, já que “há” é um verbo, e “a”, uma preposição. Além disso, esse significa distância, tempo futuro, enquanto aquele significa tempo decorrido.
Observe mais detalhadamente:
__________ | Classe Gramatical | Significado | Termo substituível | Exemplo |
HÁ | Verbo | Tempo decorrido (passado) | FAZ | – Me casei há 2 anos.- Faz 2 anos que me casei. |
A | Preposição | Distância \ Tempo futuro | ____________ | – Alagoas fica a muitos km daqui. |
10. Onde x Aonde
- Onde: sinônimo de “em que lugar”. Indica permanência, lugar fixo.
Ex: Onde fica o Maracanã? / Não sei onde é esse endereço.
- Aonde: sinônimo de “para que lugar” ou “a que lugar”. Indica direção, movimento.
Ex: Aonde você vai?
11. Menos x Menas / Seja x Seje
Muita gente utiliza as palavras “menas” e “seje”. Embora a gente escute muito por aí, essas formas não são aceitas pela norma padrão, então, nada de usar na redação, ok?
12. Se não x Senão
Esse par é bastante problemático, pois um simples espaço muda completamente o sentido da palavra. Senão, junto, significa contraste, oposição, e pode ser substituído por “mas”, “caso contrario”, entre outros conectivos que expressem adversidade. Enquanto se não, separado, estabelece uma relação de condição, e equivale a “caso não”, “quando não”. É bastante importante, então, saber dessa diferença, uma vez que, por falta de atenção, a gente pode comprometer o sentido de uma frase inteira. Calma, vamos te explicar de outra forma, olha:
- Senão: adversidade: Saia desse computador, senão sairemos atrasados. (Saia desse computador, caso contrario, chegaremos atrasados.)
- Se não: condição: Não vou ao parque hoje se não fizer sol. (Não vou ao parque hoje caso não faça sol.)
13. A fim x Afim
- Afim: indica semelhança\ afinidade:
Eles tem inimigos afins. (em comum)
- A fim (de): indica finalidade:
Eu estava a fim de ver um filme hoje. (a minha finalidade era ver um filme hoje)
14. Apesar x A pesar
A forma mais usada no português do Brasil é apesar, junto, que é um advérbio, muito utilizado na locução prepositiva apesar de, que transmite uma ideia contrária a uma afirmação feita.
Ex: Apesar de ser bonito, ele não faz o meu tipo.
A outra forma, a pesar, é muito pouco usada no Brasil, e é uma maneira de usar a forma infinitiva do verbo pesar.
Ex: Eu estava a pesar o significado desse sentimento.
15. Acentuação gráfica
Deve-se ter muita atenção nesse ponto, pois, muitas vezes, esquecemos de usar letra maiúscula no começo de nomes próprios e de frases. Além disso, é importante sabermos um pouco sobre a reforma ortográfica, que aconteceu há um tempinho. Dá uma olhada:
Novo acordo ortográfico – 2009
O que muda:
Acento agudo:
Não é mais utilizado em 3 casos:
- Nos ditongos abertos ei e oi das palavras paroxítonas.
Ex: Jiboia – Ideia (antes: Jibóia – Idéia)
- Nas palavras paroxítonas com i e u tônicos após ditongo, formando um hiato.
Ex: Baiuca – Feiura (antes: Baiúca – Feiúra)
- Nas formas verbais que possuem ou tônico precedido das letras g ou q e seguido de e ou i. (Esse caso ocorre apenas com os verbos quase inutilizados no português do Brasil – arguir e redarguir)
Acento diferencial:
Esse acento era/é utilizado para que duas palavras que sejam pronunciadas da mesma forma se diferenciem na ortografia. (Ex: Para [preposição] x Pára [verbo])No entanto, o acento diferencial não é mais amplamente utilizado após a reforma, sendo específico para os pares de palavras pôr (verbo) x por (preposição) e pôde (verbo no passado) x pode (verbo no presente).
Acento circunflexo:
Não é mais utilizado em 2 casos:
- Em palavras com terminação oo:
Ex: Voo – Povoo (verbo povoar) – Magoo (verbo magoar)
(antes: Vôo – Povôo – Magôo)
- Em palavras com terminação eem (terminação de alguns verbos conjugados na 3ª pessoa do plural):
Ex: Eles veem – Eles creem (antes: vêem – crêem)
Trema:
O trema foi extinto das palavras do português (cinqüenta-> cinquenta) pelo novo acordo ortográfico, porém, as palavras de origem estrangeira continuam recebendo trema (Müller).
Hífen:
O hífen não é mais utilizado em 3 casos:
- Quando o primeiro elemento da palavra terminar em vogal diferente da vogal que inicia o segundo.
Ex: autoescola – neoexpressionismo (antes: auto-escola – neo-expressionismo)
- Quando o primeiro elemento terminar em vogal e o segundo começar com as consoantes r ou s. Nesse caso, a consoante será duplicada.
Ex: antirrugas – extrasseco (antes: anti-rugas – extra-seco)
- Nas palavras que, antes, recebiam o hífen, mas perderam a noção de composição.
Ex: paraquedas – pontapé (antes: para-quedas – ponta-pé)
Veja o acordo completo aqui!