Os filmes de terror podem ter uma outra função além de dar sustos: eles ajudam a estudar Sistema Digestório para o vestibular. Duvida?
Tudo bem, sejamos francos: o cinema de Horror não é o gênero mais popular do mundo. Se você chamasse sua galera para assistir um filme de zumbis no fim de semana, antes do sucesso estrondoso que foi The Walking Dead, eles provavelmente te olhariam torto. Se fosse dos anos 80, então, seria pior ainda, com efeitos especiais em massinha de modelar e sangue laranja (algumas pessoas não entendem as verdadeiras marcas de um clássico)! Mas o que você nunca parou para refletir é que esses filmes e séries não servem apenas como uma boa distração, mas também como ajuda para encarar algo verdadeiramente assustador: o vestibular. Com a ajuda de 5 filmes e séries de terror, você vai aprender um pouco sobre Sistema Digestório. Duvida?
Fiquem tranquilos, evitamos os gifs mais gore, não queremos ninguém vomitando. 😉
1. Alien e a Boca
Ahhh, a boca. Um dos elementos mais explorados pelos filmes de terror. Não possuímos um predador natural, os humanos estão no topo da cadeia alimentar. A ideia de uma criatura adaptada a nos caçar é sempre muito explorada, mexendo com uma ideia que não passa nunca pela nossa cabeça: a possibilidade de sermos devorados. E, como não podia faltar, vemos uma das peças bucais mais icônicas do cinema: a boca do Alien e sua língua extremamente especializada. “Sua perfeição estrutural é igualada apenas por sua hostilidade”, como dito no próprio filme.
O que todos temos em comum, sejamos xenomorfos ou humanos, é que nossa boca é a primeira estrutura do nosso sistema digestório. Temos uma fenda bucal que serve como comunicação do tubo digestório com o meio externo, e por ali entram os alimentos. (Para fins de exatidão, o xenomorfo se alimenta pela fenda presente em sua simpática língua).
E falando em língua, a nossa também não deixa a desejar. Auxilia na fala, mistura os alimentos com a saliva, empurra o alimento em direção a faringe, e é portadora de nossas papilas gustativas, sem as quais o mundo seria um lugar mais escuro.
Ainda, podemos ver que as glândulas salivares do Alien são bastante… produtivas. As nossas estão anexas a boca, e possuem uma enzima amilase, que degrada o amido transformando-o em maltose, simplificando a molécula. Moléculas simples são menores, e, como tal, mais facilmente absorvidas. Isso é a digestão.
2. Bolo Alimentar e a Bolha
The Blob, mais conhecido como A Bolha Assassina, pode nos lembrar o bolo alimentar. No filme, essa massa absorve pessoas e, após digeri-la com suas enzimas, aumenta de tamanho, seguindo seu caminho de destruição (nada como o cinema dos anos 50). O bolo alimentar consiste naquilo que você processou na sua mastigação e já passou pelo processo de amilase, realizado pela sua saliva. Esse bolo alimentar, que aumenta conforme você come, é deglutido e passa pela faringe, chegando ao esôfago, que, através de movimentos peristálticos, empurra isso para o estômago.
3. Ácido!
Vamos lá, todos sabíamos que eventualmente este item chegaria. Praticamente tudo em criaturas devoradoras de humanos está relacionado ao ácido! No caso do Alien, até o sangue! No meu exemplo favorito, O Retorno dos Mortos Vivos, de 1985…
…presenciamos ácido em praticamente todo o filme. Ocorre uma chuva ácida, ácido é usado para cegar um dos mortos-vivos, são vistos tonéis de ácido abandonados no porão… enfim!
Na nossa digestão, o melhor exemplo de ácido é, definitivamente, o ácido clorídrico, o HCl, presente no nosso suco gástrico. Esse suco mantém a acidez estomacal, um fator importante para o funcionamento das enzimas estomacais. Enzimas só trabalham dentro de uma faixa de pH específica, e a manutenção desse pH é de suma importância para a digestão.
4. Lipase e o maior clichê de todos os tempos
Lipases são enzimas que atuam sobre lipídeos e, no caso da digestão humana, transforma essas gorduras em ácidos graxos e glicerol, quando liberadas pelo pâncreas. Resumindo, a função delas é “destruir” as gorduras, e esse parece ser o objetivo de todo filme de terror até a data: diminuir as taxas de obesidade no planeta. Se você reparar, quem está acima do peso sempre morre. Sempre.
Você quer exemplos? No gif acima temos Shaun of the Dead, onde nem mesmo ser melhor amigo do protagonista salvou nosso gordinho de virar um zumbi ao fim do filme.
Stitches, onde o gordinho é assassinado pelo palhaço enquanto comia escondido na dispensa.
Em The Walking Dead, segunda temporada. Shane atira na perna de Otis, transformando-o em isca viva para os zumbis, facilitando assim sua própria fuga.
5. O processo de reabsorção e o fato de ninguém nunca estar a salvo
Nos filmes, outro clichê clássico: uma das vítimas pensa que finalmente conseguiu fugir do assassino, apenas para ser capturada de novo, ou assassinada ali mesmo. Clássico. Vemos isso em praticamente qualquer filme do Jason, ou nas adaptações de O Massacre da Serra Elétrica.
Nosso corpo tem um processo semelhante. O objetivo é aproveitar ao máximo, não permitindo que nutrientes ou água demais escapem, já que são recursos preciosos. O duodeno, parte do intestino delgado, recebe o bolo alimentar extremamente ácido vindo do estômago (chamado então de quimo), e então o pâncreas e o fígado começam a bombardear substâncias alcalinas, como o suco pancreático e a bile. Ao final desse processo, é formado um material escuro e pastoso, o quilo. Nas duas últimas partes do intestino delgado, jejuno e íleo, há um longo canal repleto de microvilosidades no tecido epitelial, aumentando a superfície de contato e permitindo a absorção dos nutrientes ainda presentes no quilo. Os nutrientes não escapam, são recursos valiosos demais para serem liberados assim, com tanta facilidade.
Eu espero que isso tenha ajudado vocês a estarem mais preparados para encarar esse terror na vida de vocês, que é o vestibular.
Até a próxima!