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menina estudando sobre o pau-brasil

Descubra 5 fatos curiosos sobre o pau-brasil

Sabe o pau-brasil, a árvore tão cobiçada pelos colonizadores portugueses? Vem conhecer alguns fatos curiosos sobre ela.

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O pau-brasil foi uma planta de grande valor nas relações comerciais entre portugueses e nativo-americanos em 1500. Seu comércio gerou tantos lucros que o litoral ao Sul da América, banhado pelo Atlântico, ficou conhecido como Brasil. 

Além do que sabemos pelas aulas de história, o que mais você conhece sobre essa planta? Descubra agora 7 curiosidades sobre o pau-brasil que você não viu nas aulas de história!

Os primeiros nomes da terra não vieram do pau-brasil

Derrubada do Pau Brasil, primórdios do período colonial, no século XVI)

“Descoberto oficialmente em 1500, sob o pontificado de Alexandre VI Borgia, não se pode dizer, a rigor, que existisse, então, nem Brasil nem brasileiros. Vários são os sentidos dessa não-existência.”

MELLO E SOUZA, Laura de. O nome do Brasil. Revista de História – USP, n. 145, 2001, p. 61-86.

No trecho acima, a historiadora faz uma afirmação simples, porém necessária. Em 1500, não havia nem Brasil, nem brasileiros. A construção de uma identidade nacional e de uma ideia de nação surge apenas pós-1822. Antes havia o nome Brasil, designado às terras da colônia portuguesa, mas não a nação Brasil.

Como muitos sabem, o nome surgiu logo no início da colonização, graças à primeira atividade econômica portuguesa na colônia. O pau-Brasil se tornou cobiçado e lucrativo, sendo explorado por portugueses e franceses. Através do escambo, os europeus trocavam com os nativos produtos do velho continente pela madeira buscada nas florestas.

Entretanto, segundo a historiadora, em cartas e mapas da primeira metade do século XVI, outros nomes também eram utilizados. Em cartas antigas, podemos observar: 

  • Vera Cruz, na carta de Pero Vaz de Caminha 
  • Terra dos Papagaios 
  • Terra de Gonçalo Coelho
  • Santa Cruz

Enfim, apenas em 1512, a palavra Brasil é usada de forma oficial para definir a América colonial portuguesa. Ainda que, segundo Laura, a palavra tenha sido usada amplamente por comerciantes, até então não era oficial. Assim, em 1516, o próprio rei D. Manuel atribui a Cristóvão Jaques a função de “governar as partes do Brasil.  

Desta forma, podemos perceber que inicialmente houve uma disputa pelo batismo do novo território. Entretanto, a importância da madeira foi tão grande que o nome comercial se destacou. Batizou-se a terra com o nome de seu mais importante produto, o pau-brasil.

O nome tirado do pau-brasil foi visto como uma influência do demônio

“Porém, como o demônio com o sinal da cruz perdeu todo o domínio que tinha sobre os homens, receando perder também o muito que tinha em os desta terra, trabalhou que se esquecesse o primeiro nome e lhe ficasse o de Brasil, por causa de um pau assim chamado de cor abrasada e vermelha com que tingem panos, que o daquele divino pau, que deu tinta e virtude a todos os sacramentos da Igreja, e sobre que ela foi edificada e ficou tão firme e bem fundada como sabemos”

SALVADOR s/d: 15, in: SOUZA E MELLO.

O fragmento acima, de Frei Vicente do Salvador, é utilizado por Laura para compreender outra condição do pau-brasil. O nome usado a partir da madeira que gerava lucros não era bem visto. Como percebemos pelo fragmento, para muitos, os portugueses devotavam mais a madeira comercial do que a madeira da cruz de Cristo. 

Laura aponta em diversos textos do século XVI e XVII esse temor entre os colonizadores. A escolha pelo pau-brasil como a fonte do nome das novas terras, poderia amaldiçoar a colonização. O antigo nome, Santa Cruz, que homenageava a cruz utilizada na primeira missa, deveria ser utilizado. 

Portanto, durante os primeiros séculos, podemos observar textos que defendiam abertamente a retomada do nome “original”. Apenas com a Santa Cruz seria possível afastar a influência do diabo e, segundo Frei Vicente, retomar os trilhos da colonização. 

Entretanto, apesar de ser uma terra sagrada e de Deus, abençoada por Deus, o diabo havia interferido no nome. Os homens teriam escolhido o nome comercial ao invés da homenagem a sagrada cruz. Mais uma vez, podemos perceber a importância do pau-brasil no início da colonização. Mas, enfim, você sabe por que ele era tão valioso?

A cor vermelha era rara e cobiçada pelas nobrezas

No Brasil, alguns nativos chamavam a árvore de ibirapitanga, que significa ybirá – árvore e pitanga – vermelha. Já na Europa, desde a Idade Média, árvores semelhantes vindas da Índia eram chamadas de brecilis, brezil, brazilly e brasil. Todos esses nomes fazendo referência à palavra latina “brasília”, que significa “cor de brasa”. O vermelho, portanto, sempre foi uma cor que chamou a atenção.

Assim, justamente pela tinta vermelha que podia ser extraída da madeira que a planta se tornou um produto tão importante. A descoberta dessa planta na Mata Atlântica também coincidiu com um período de centralização das monarquias europeias. Logo, quanto mais reis e rainhas aumentavam seus poderes, mais construíam suas imagens.

Dessa forma, o vermelho se tornou uma cor cobiçada pela nobreza europeia para representar seu poder e suas riquezas.  Como a sintetização de cores não era uma possibilidade na época, os europeus dependiam da importação. Da Índia e da China, desde a Idade Média, a cor era conseguida através de plantas. 

Visto isso, a descoberta do pau-brasil foi uma possibilidade de Portugal penetrar ainda mais no mercado de tintas europeus. A cor foi utilizada para tingir os mantos e roupas das principais realezas europeias. Além do mais, as tintas também eram disputadas pelos artistas, responsáveis por pintar os monarcas.

Logo, com tanta valorização da cor e seu uso pela nobreza, naturalmente, o preço dessa tinta era muito alto. Esse status da cor vermelha, portanto, justifica a importância da exploração do pau-brasil para portugueses e franceses.

Naturalmente, também podemos destacar que a madeira dessa árvore foi muito usada. Desde navios a móveis domésticos, a madeira foi muito valorizada por sua qualidade e resistência. Essas características tornavam o pau-brasil ainda mais valioso no mercado europeu. 

Retrato de Luís XIV – Hyacinthe Rigaud (1702) para o texto sobre pau-brasil

Não foram só os portugueses que exploraram o pau-brasil

Apesar da importância dessa árvore para a colonização portuguesa na América, outros grupos também exploraram a madeira. Como visto, os corsários franceses, desde os primeiros anos do século XVI, já realizavam comércio com os índios. Cargas de pau-brasil foram levadas em navios franceses para a Europa, preocupando os portugueses. 

Vale destacar também que, os próprios nativos também já conheciam os benefícios do ibirapitanga. As pinturas de guerra, as artes, o tingimento de plumas e outros itens já eram realizados pelos nativos. Antes mesmo dos portugueses, a árvore já era explorada com essa finalidade. 

Não muito diferente dos portugueses, os espanhóis também encontraram o pau-brasil na América Central e no litoral da América do Sul. Apesar da madeira não batizar os vice-reinos espanhóis, ou mesmo os países independentes, algumas cidades e vilas acabaram recebendo seu nome. 

Outro ponto também semelhante aos portugueses foi a dificuldade que os espanhóis tiveram com o contrabando. Corsários e ladrões, muitas vezes, desviavam as cargas de pau-brasil das rotas comerciais, vendendo em mercados paralelos. 

Lamarck criou o nome científico do pau-brasil

Apesar do nome comercial, pau-brasil, ser muito difundido, a planta até o século XVII não havia sido estudada a fundo. Até hoje, historiadores divergem sobre os primeiros estudiosos da planta. Entretanto, percebe-se que neste século houve um grande interesse de botânicos. 

Em 1649, os naturalistas Willem Piso e Georg Marcgraf registraram em seu Historia Naturalis Brasiliae o nome tupi ibirapitanga. Posteriormente, outros estudiosos passaram a se debruçar sobre a planta trazendo novos nomes científicos. 

  • Leonard Plukenet – Acacia gloriosa (1691)
  • Sprengel – Guillandina echinata (1825)
  • Velloso – Caesalpinia vesicaria (1825)
  • Voguel – Caesalpinia obliqua (1837)

Entretanto, apesar dos diversos nomes, já no século XVIII, o naturalista Jean-Batiste Lamarck atribuiu o nome mais utilizado. Respeitando as normas da nomenclatura botânica vigentes no período, Lamarck adotou o nome Caesalpinia echinata. O nome foi uma homenagem de Lamarck ao botânico italiano Andrea Cesalpino. O termo caesalpina, inclusive, batizou um gênero de plantas que envolve outras 200 espécies tropicais. 

Posteriormente, em homenagem ao próprio Lamarck, a planta foi rebatizada. O nome científico passou a ser Caesalpina echinata Lam. 

Pau-brasil em Pernambuco

O que achou do conteúdo? Você sabia de todas essas coisas sobre o pau-brasil? O que acha de continuar estudando com a gente então? Vem conhecer o nosso cursinho pré-vestibular.

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