Leia o resumo “Quem foram Parmênides e Heráclito?” e resolva os exercícios abaixo.
1. (UFF 2010)
Como uma onda
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Lulu Santos e Nelson Motta
A letra dessa canção de Lulu Santos lembra ideias do filósofo grego Heráclito, que viveu no século VI a.C. e que usava uma linguagem poética para exprimir seu pensamento. Ele é o autor de uma frase famosa: “Não se entra duas vezes no mesmo rio”.
Dentre as sentenças de Heráclito abaixo citadas, marque aquela da qual o sentido da canção de Lulu Santos mais se aproxima
a) Morte é tudo que vemos despertos, e tudo que vemos dormindo é sono.
b) O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra.
c) Ao se entrar num mesmo rio, as águas que fluem são outras.
d) Muita instrução não ensina a ter inteligência.
e) O povo deve lutar pela lei como defende as muralhas da sua cidade
2. (UEM 2014) “Ao contrário de seus contemporâneos – como Parmênides – Heráclito não rejeitava as contradições e queria apreender a realidade na sua mudança, no seu devir. Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois: ‘Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio’, pois, na segunda vez, não somos os mesmos, e também as águas mudaram. Para Heráclito, o ser é múltiplo […] por ele estar constituído de oposições internas. O que mantém o fluxo do movimento não é o simples surgimento de novos seres, mas a luta dos contrários […]. É da luta que nasce a harmonia, como síntese dos contrários.” (ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p.287).
A partir desta afirmação sobre a filosofia de Heráclito, assinale o que for correto.
(01) O princípio motor do movimento é a tensão de forças contrárias entre si.
(02) Na Grécia arcaica ou pré-socrática, o curso dos rios não estava estabelecido, razão pela qual eles mudavam de lugar de um dia para outro.
(04) O princípio do devir ou da transformação contínua visa compreender a ordenação cosmológica do mundo.
(08) O surgimento de novos seres é explicado pela intermediação divina, criadora ex nihilo.
(16) A multiplicidade do real é pensada a partir do princípio lógico de não contradição entre o ser e o não ser.
Soma: ( )
3. (UFU 2008) Leia atentamente o texto abaixo.
“Na filosofia de Parmênides preludia-se o tema da ontologia. A experiência não lhe apresentava em nenhuma parte um ser tal como ele o pensava, mas, do fato que podia pensá-lo, ele concluía que ele precisava existir: uma conclusão que repousa sobre o pressuposto de que nós temos um órgão de conhecimento que vai à essência das coisas e é independente da experiência. Segundo Parmênides, o elemento de nosso pensamento não está presente na intuição mas é trazido de outra parte, de um mundo extra-sensível ao qual nós temos um acesso direto através do pensamento.” NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na época trágica dos gregos. Trad. Carlos A. R. de Moura. In Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 151. Coleção Os Pensadores
Marque a alternativa INCORRETA.
a) Para Parmênides, o Ser e a Verdade coincidem, porque é impossível a Verdade residir naquilo que Não-é: somente o Ser pode ser pensado e dito.
b) Pode-se afirmar com segurança que Parmênides rejeita a experiência como fonte da verdade, pois, para ele, o Ser não pode ser percebido pelos sentidos.
c) Parmênides é nitidamente um pensador empirista, pois afirma que a verdade só pode ser acessada por meio dos sentidos.
d) O pensamento, para Parmênides, é o meio adequado para se chegar à essência das coisas, ao Ser, porque os dados dos sentidos não são suficientes para apreender a essência.
GABARITO
1. C
Comentário: A questão acima, do já extinto vestibular da UFF, relaciona de forma muito interessante a filosofia do pré-socrático Heráclito a uma famosa música popular brasileira. De fato, tanto a canção de Lulu Santos quanto o pensamento de Heráclito realçam a mutabilidade das coisas, o constante fluxo de transformações em que tudo está imerso. Do mesmo modo, ambos apresentam a água como símbolo dessa mutabilidade: Lulu comparando as mudanças constantes das ondas do mar; Heráclito afirmando que não se pode entrar duas vezes no mesmo rio, dado que, quando vamos entrar de novo, as águas que fluem já são outras.
2. 05 (01+04)
Comentário: Tal como todos os demais pré-socráticos, Heráclito de Éfeso estava comprometido em encontrar a physis, isto é, o elemento primordial que permanece em meio a todas as mudanças da realidade. Para ele, porém, tal elemento era a própria mudança, o próprio fluxo de transformações. Por outro lado, esse fluxo era vista pelo filósofo como um constante conflito, no qual a mudança, o surgimento dos novos seres não é explicada por intermediação divina, mas sim pela tensão entre contrários. Ao ver o conflito de opostos como a base da realidade, Heráclito mostrava rejeitar o princípio de não contradição que seu contemporâneo Parmênides tão ardorosamente defendia.
3. C
Comentário: Grande opositor de Heráclito, o pré-socrático Parmênides defendia que o conceito de mudança é em si mesmo contraditório e deve ser rejeitado. Advogava, assim, a existência de uma única realidade: o Ser – eterno, imutável e indestrutível. Como tal realidade não pode jamais ser percebida pelos sentidos, nosso filósofo negava que a sensibilidade pudesse ser uma fonte autêntica de saber e dizia que somente pela razão pode o homem alcançar o conhecimento e a verdade. Em suma, só pode ser verdadeiramente dito e pensado o Ser; o Não-ser, este mundo ilusório e imutável que percebemos com o sentidos, não é de fato real e nada de legítimo se pode dizer sobre ele.