Oi gente, tudo bem com vocês?
Meu nome é Jenyfer Lopes, embaixadora do descomplica (@jenystudy). Sou graduanda em biologia no Instituto Federal de Brasília e também vestibulanda de medicina! Hoje vim conversar com vocês sobre um assunto bem importante diante de tudo isso que estamos vivendo no nosso país. Muitas falas, elementos presentes na nossa sociedade acabaram sendo reflexos da escravidão.
Com a disseminação das informações, muitas vezes ouvimos falar de luta de classes, busca pela igualdade que com certeza são pautas que precisam ser debatidas. Quando falo da importância da afirmação da identidade, quero destacar que no nosso país 54% da população é negra. Entretanto, apesar de sermos a maioria em número, somos as principais vítimas de violência e falta de representatividade em papéis que são considerados de prestígio. Com isso, vemos a falta de oportunidades e o reflexo de uma sociedade escravocrata.
CONTEXTO HISTÓRICO
No processo de colonização do nosso país, boa parte da mão de obra era negra. Há muitos relatos que vemos ao longo da história que continuam presentes na nossa sociedade. Houve uma tese de branqueamento no nosso país, proposta pelo médico e antropólogo João Batista Lacerda, visto que o processo de miscigenação fazia com que as pessoas ficassem cada vez mais brancas. Ou seja, ao olhar para esse passado, nota-se que a sociedade nunca enxergou o negro como algo ‘’belo’’, querendo a todo custo apagar a história de um povo fundamental para a construção do Brasil. A visão etnocêntrica sempre esteve presente, uma vez que existia a crença de que ‘’uma raça é superior à outra’’(nesse caso, a branca). Nesse momento a supremacia branca tentava negar de todas as formas a cultura negra existente no Brasil
HIPERSEXUALIZAÇÃO DO CORPO NEGRO
Infelizmente o nosso país possui raízes escravocratas. Quando falamos do corpo negro, principalmente das mulheres ,nos referimos a como eles são vistos pela sociedade. A desigualdade sempre existiu. O corpo da mulher negra era tratado como um objeto sexual para os homens brancos, e estas eram vítimas de estupro, como há diversos relatos sobre. O que quero dizer com isso? Até hoje as mulheres pretas são associadas à uma figura com um corpo volumoso, com boca larga, nariz largo, mas que só se priva a isso. O padrão de beleza da nossa sociedade claramente não é o de uma mulher preta. Estereótipos como ‘’globeleza’’- uma figura que por muito tempo foi colocada com uma mulher praticamente nua e sexualizada- são associadas à estas mulheres, que acabam sendo apenas um corpo. Para ver uma pauta melhor sobre o feminismo negro, assista o vídeo abaixo:
ESTERIÓTIPOS
Não é de hoje que vemos padrões que caracterizam as pessoas pretas. Nesse sentido, como estamos vendo atualmente, homens pretos estão sendo as principais vítimas de violência e assassinato no mundo. Por conta do nosso passado escravocrata, pessoas negras sempre foram marginalizadas, afastadas a todo custo das boas oportunidades, e infelizmente correspondendo a boa parte da pobreza no Brasil. Com isso, vemos algumas características(ruins) associadas às pessoas pretas, sendo a principal delas: bandido. Isso infelizmente reflete na violência policial contra jovens pretos, que agem de forma seletiva. A realidade nas favelas brasileiras é outra, e o que vemos são pessoas fechando os olhos para o que realmente acontece. No caso das mulheres isso não se distancia, uma vez que estas são caracterizadas (de forma pejorativa) como mulheres vulgares.
NUANCES DO RACISMO
É preciso entender de uma vez por todas que a sociedade NUNCA viu pessoas pretas como belas. Desde crianças somos ensinados pelo mundo que a cor preta não é bonita, que o cabelo crespo/cacheado é feio, que nossos traços são feios. Ser negro no Brasil é ser alvo de polícia. É ser alvo de ofensas. É precisar enfrentar tudo e todos para sobreviver. Diversas falas que são cotidianas como ‘’não sou tuas negas’’, ‘’mercado negro’’, ‘’criado mudo’’ são reproduzidas e as pessoas não se dão conta do peso que elas possuem. ‘’Piadas’’ racistas são muito comuns entre os jovens, afetando cada vez mais o psicológico de pessoas pretas. Nota-se também que no Brasil a ‘’miscigenação’’ é utilizada para inviabilizar o movimento negro, uma vez que o principal tipo de racismo presente no nosso país é o estrutural.
RESISTÊNCIA
Ser negro no Brasil é viver com medo, sem saber se um dia voltaremos para casa seguros. É entrar numa loja e ter seguranças nos seguindo. É ter que andar sempre bem vestido para não ser ‘’confundido’’ com bandido. É ter que provar o tempo todo que o racismo ainda existe. É ter que provar que somos dignos de todos os direitos. É ter que aprender a ser forte diante de todo caos( e dor) que enfrentaremos o resto da vida. Ser negro é ter que lutar todos os dias para conseguir uma oportunidade que muitas vezes é entregada de mãos beijadas para alguns. É ser resistência. É lutar pra viver mesmo que seremos os principais alvos de assassinato.
DADOS
Em pleno 2020, a cada 23 minutos um jovem negro morre. A probabilidade é que pessoas negras têm uma chance 3 vezes maior de serem assassinadas em comparação às pessoas brancas. Em teoria, no Brasil temos a lei áurea que deu um ‘’fim’’ na escravidão. É uma afirmação muito superficial, tendo em vista que até hoje não é seguro ser negro no nosso país. A princesa Isabel, não foi e nunca será a salvadora da pátria, como até hoje vemos as pessoas enaltecendo figuras brancas e desprezando aqueles que realmente lutaram para o ‘’fim’’ do sistema escravocrata.
Por fim, quero dizer aqui que o Brasil precisa ouvir pessoas pretas. A sociedade precisa entender de uma vez por todas a importância de falar sobre racismo, entender os seus reflexos escravocratas que impactam cada vez mais na vida de milhares de pessoas. Espero de coração ter os ajudado a entender um pouco das nossas pautas ( ainda existem diversas coisas, mas trouxe as principais) e de como estar informado da realidade é importante!