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Saiba o que são agrotóxicos, quais são seus tipos e as vantagens e desvantagens

Quer aprender o que é são agrotóxicos, quais são seus tipos e suas vantagens e desvantagens? Então confira o conteúdo que preparamos.

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Está se preparando para os vestibulares ou está apenas com uma dúvida sobre o que são agrotóxicos? Então chega mais e confira o conteúdo que preparamos sobre o tema.

Aqui você fica sabendo o que é o produto, os seus tipos e as vantagens e desvantagens do seu uso. Confira!

O que são agrotóxicos?

Os agrotóxicos são produtos de natureza química, física ou biológica utilizadas na agricultura. Seu uso tem como objetivo garantir o desenvolvimento da produção, tornando-a resistente a insetos, bactérias, fungos ou outras plantas indesejadas.

À depender de sua composição, essas substâncias alteram a composição da flora e da fauna para inibir os prejuízos à plantação. Os agrotóxicos são também conhecidos como pesticidas, defensivos agrícolas, agroquímicos, biocidas entre outros termos. 

O desenvolvimento dos agrotóxicos se iniciou no século XIX pelo químico austríaco Othmar Zeidler (1850-1911), entretanto, suas propriedades pesticidas foram descobertas apenas no século XX.

Sua utilização foi de suma importância durante a Segunda Guerra Mundial matando os insetos responsáveis pela proliferação da Malária entre os soldados.  Anos depois passaram a ser utilizados na agricultura, contra seres vivos considerados prejudiciais à produção.  

Atualmente a utilização desses defensivos agrícolas ocorre principalmente em monoculturas (isto é, o cultivo de um único produto agrícola). Essa forma de produção é mais dependente do uso dessas substância já que a falta de biodiversidade proporciona condições favoráveis à propagação de pragas e doenças. 

Tipos de Agrotóxicos

Existem diversas formas de classificação dos tipos de agrotóxicos. Destaca-se aqui a classificação associada à natureza do ser vivo que é combatido pela substância:

  • Fungicidas – utilizados no controle dos fungos que de desenvolvem nas plantações
  • Inseticidas – usados no controle de insetos prejudiciais à produção
  • Herbicidas – usados no combate a ervas daninhas e plantas consideradas prejudiciais à plantação
  • Desfoliantes – usados na eliminação de plantas indesejadas
  • Fumigantes – combatem as bactérias presentes no solo
  • Raticidas – usado no controle de roedores que eventualmente se alastram pela produção

No Brasil, os agrotóxicos apresentam em seus rótulos uma classificação em relação à toxicidade que evidencia seu potencial risco à saúde humana. Além disso, o rótulo indica a dose letal por kg daquele produto. Essa classificação é feita através de cores pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

 

agrotóxicos em cima de uma mesa para ilustrar o conteúdo sobre o que são agrotóxicos

Foto: Nathalia Ceccon/Idaf-ES, Disponível em: G1

Até 2019, essa classificação se dava em quatro classes. Um novo marco regulatório divide em seis classes o que foi considerado por muitos especialistas como uma metodologia mais branda, que flexibiliza a classificação anterior.

O volume dos produtos antes considerados “extremamente tóxicos” pode reduzir de 800 para 300 nessa nova metodologia. Abaixo a nova classificação pela ANVISA:

Vermelho:

1. Extremamente tóxicos: fatal se ingerido, em contato com a pele ou inalado

2. Altamente tóxicos: idem, a diferença está na quantidade de exposição ao produtos 

Amarelo: 

3. Moderadamente tóxicos: causa intoxicação se ingerido, em contato com a pele ou inalado

Azul: 

4. Pouco tóxico: nocivo se ingerido, em contato com a pele ou inalado

5. Improvável de causar dano agudo: pode ser perigoso se ingerido, em contato com a pele ou inalado

Verde: 

6. Não classificado: sem riscos ou recomendações 

Agrotóxicos no Brasil

Atualmente o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Esse cenário está relacionado ao papel que o país desempenha na chamada Divisão Internacional do Trabalho, que, junto com outros países da América Latina e da África, tem sua economia baseada na produção de commodities. 

Foi a partir dos anos 1950 que iniciou-se a utilização em massa dos agrotóxicos.  Os  Estados Unidos foram os pioneiros e no contexto da chamada “Revolução Verde”, tinham como o objetivo de modernizar a agricultura e alavancar sua produtividade. 

No Brasil, esse processo se iniciou nos anos 1960 e ganhou força na década seguinte, com a implantação do Programa Nacional de Defensivos Agrícolas. Sua utilização era associada a concessão de créditos agrícolas, fornecidos principalmente pelo Estado brasileiro. 

O termo agrotóxicos foi adotado oficialmente no Brasil a partir de 1989 e trazia a seguinte definição: composto de substâncias químicas destinadas ao controle, destruição ou prevenção direta ou indiretamente, de agentes patogênicos para plantas e animais úteis e às pessoas.  

Muito em função da influência da bancada ruralista no Congresso Nacional, o Brasil ainda hoje possui políticas públicas de incentivo ao uso e comércio de agrotóxicos, como o baixo custo do registro desses produtos na ANVISA, isenção de impostos em vários estados, leis flexíveis em relação às substâncias tóxicas, entre outros fatores. 

Dos agrotóxicos utilizados no país, 79% são usadas em apenas quatro culturas: a soja corresponde a 52%, seguida pelo milho e a cana de açúcar, que utilizam 10% cada um e o algodão, em quarto lugar utiliza 7% do total do país.

A região Sul é responsável por quase 30% do consumo de agrotóxicos total do país, sendo o Paraná o estado que faz mais uso dessas substâncias por hectare ao ano. 

A modernização no campo e o uso de agrotóxicos

A modernização no campo e o uso de agrotóxicos – Foto: Agência Brasil

Os herbicidas são os agrotóxicos mais utilizados no Brasil. Como foi dito anteriormente, eles são responsáveis por combater as plantas daninhas e assim diminuir as perdas na colheita.

Seu consumo se torna necessário devido, sobretudo,  a expansão da fronteira agrícola, onde o plantio é feito direto na terra, antes ocupada por outras vegetações.  

Vantagens e desvantagens no uso de agrotóxicos

O uso de agrotóxicos provoca acirrados debates que envolvem várias esferas da sociedade. São forças políticas, empresariais, profissionais da saúde, movimentos sociais, produtores e pesquisadores que em uma relação assimétrica, disputam os rumos dos modos de produção, a segurança alimentar e a saúde pública. 

Vantagens: 

  • segurança em relação a produção:  o combate às pragas previne as perdas da plantação e evita prejuízos financeiros;  
  • o preço dessas culturas é mais baixo, em comparação aos orgânicos, pois sua produção se dá em larga escala e a qualidade visual do alimento, garantida pelo uso dessas substâncias, torna-os mais vendável; 
  • o aumento da produtividade é garantido pelo uso de agrotóxicos. 

Desvantagens: 

Ainda que apresentem certas vantagens econômicas, os agrotóxicos provocam diversos impactos ambientais, sociais, sobretudo em relação a saúde humana. 

  • Alto índice de acidentes de trabalho: seja na exposição a essas substâncias nas fábricas, ou no contato com os agricultores, o manejo dos agrotóxicos apresenta grande risco aos trabalhadores envolvidos na sua produção ou no seu manuseio. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SIVAN) entre 2007 e 2011 houve um crescimento de 67% de acidentes de trabalho não fatais relacionados a agrotóxicos e um aumento de 126% no coeficiente de intoxicação, principalmente entre as mulheres;  
  • Contaminação de terras indígenas, quilombolas ou fazendas orgânicas: a utilização de agrotóxicos não se restringe às plantações em que são aplicados. Eles podem se espalhar pelo vento, chuva, através dos rios etc. Assim, locais que não fazem uso dessas substâncias muitas vezes acabam contaminados em virtude de sua propagação; 
  • Contaminação do solo, recursos hídricos, perdas na biodiversidade: os agrotóxicos provocam danos ambientais como a contaminação do lençol freático e do solo. 
  • Desequilíbrio ambiental e perda de biodiversidade: os agrotóxicos, por combaterem insetos, plantas, fungos e bactérias, provocam o desequilíbrio de todo o sistema natural daquela região. Além disso, eles não matam apenas os seres vivos considerados nocivos para a agricultura, mas também seres benéficos para os humanos. Diversos vetores de doenças humanas são insetos e seus predadores naturais são mortos pelo uso de agrotóxicos, podendo provocar  o  aumento da circulação desses vetores de doenças. 
  • Danos a saúde humana: a exposição a doses de agrotóxicos nos alimentos tem quatro grandes consequências: 

1. Neurotoxicidade – toxicidade para o sistema nervoso que mesmo em pequenas doses apresenta consequências para os humanos. Podem provocar alteração no QI das crianças, déficit de atenção, hiperatividade, autismo, transtornos psiquiátricos. Na vida adulta pode levar a doenças como parkinson, alzheimer;

2. Toxicidade ao sistema endócrino – vários órgãos e várias funções do corpo humano são regulados a partir dos hormônios. Os agrotóxicos são potentes desreguladores hormonais e podem causar obesidade, diabetes, infertilidade, puberdade precoce, câncer, depressão (que também ocorre por desregulação hormonal);

3. Câncer – essas substâncias químicas são cancerígenas. Assim, a exposição tanto de produtores quanto de consumidores mesmo em baixas doses, dentro dos limites permitidos por lei, podem causar leucemia, linfoma, tumor no sistema central. A morbidade por câncer no Brasil é alta se comparada a outros países. Estima-se que 80% dos casos de câncer no país estão associados a envenenamento, podendo os agrotóxicos ter grande participação nesse percentual.

4. Alteração nas bactérias do intestino – essas substâncias químicas atuam como antibióticos o que desequilibra as bactérias do intestino. Isso provoca a chamada disbiose intestinal, podendo causar doenças psiquiátricas, alterações no sistema autoimune e doenças inflamatórias intestinais.

Os agrotóxicos e a segurança

O grande volume do uso de agrotóxicos nos convida a refletir acerca da questão agrária brasileira. A produção agrícola em larga escala é fundamental para a economia do país e o uso de agrotóxicos contribui para amparar essa demanda. Entretanto, os riscos ao meio ambiente e a sociedade como um todo são alarmantes.

A flexibilização das leis brasileiras deixa evidente a maior atenção do Estado aos setores empresariais que movem o mercado agroexportador em detrimento da saúde pública e do meio ambiente. 

Por uma verdadeira segurança alimentar, diversos países já estão equilibrando essas forças e priorizando formas de produção sustentáveis, bem como legislações que protejam a saúde da população. 

 

E aí, o que achou da nossa explicação sobre o que são agrotóxicos e tudo o que está relacionado ao tema? Aprendeu direitinho, né?

Oque acha de continuar aprendendo várias coisas com a Descomplica? Confira o nosso cursinho preparatório para o Enem!

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