Já tem tempo que ouvimos falar muito sobre a Guerra da Síria. Somos informados constantemente pelos meios de comunicação sobre o que está acontecendo no país. Jornais, programas de televisão, revistas e até a Netflix tratam sobre esse assunto de alguma forma e as questões “imigração” e “refugiados”, de repente, conseguiram uma relevância muito grande na mídia.
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Vamos explicar tudo certinho, mas só para você ter uma ideia geral do que está acontecendo: existe um conflito brutal rolando na Síria e, por conta disso, as pessoas que moram no local estão fugindo deste território procurando um local seguro para viver. Porém, estamos falando de milhões de sírios migrando para outros estados. Por sua vez, estes alegam não poder receber esse número tão grande de pessoas.
Além disso, existe outro fator que piora a situação: como certos países vizinhos à Síria também estão em conflito, como o Líbano e o Iraque, as pessoas atravessam o mar Mediterrâneo na tentativa de chegar a estados da União Europeia, como Grécia e Itália. E boa parte deles morre afogada nessa travessia.
Complexo, né? Existem vários outros fatores que envolvem esse tema, inclusive muitos de teor político internacional, já que Estados Unidos, Rússia, Irã e Emirados Árabes, por exemplo, também quiseram participar das discussões sobre a Síria. Não podemos deixar de citar também a participação do Estado Islâmico na guerra, o que agrava ainda mais o cenário.
O tema é extremamente relevante para o contexto político atual e por isso está tão evidente na mídia. Tanto é que já caiu em alguns vestibulares em forma de questões na parte de atualidades, como também já foi tema de redação. A Guerra da Síria tem tudo para aparecer nas provas de seleção deste ano e você precisa estar ligado nos detalhes do que está acontecendo – não só para as provas, mas também para agregar ao seu caráter político e reflexivo, certo? Bora nessa?
Como tudo começou
Bashar Al-Assad, atual presidente da Síria
Atualmente, a Síria é governada pelo presidente Bashar Al-Assad. O político está no poder desde 2000. Antes dele, o representante do país era… adivinha quem? Era o seu pai, Hafez al-Assad, que governou o país durante 29 anos. Ou seja, o estado sírio é governado há 46 anos (!) pela mesma família, que adota um posicionamento alauista, uma corrente xiita do islamismo, enquanto a maioria da população é sunita. Não houve eleições democráticas para que a maioria da população os escolhessem como os respectivos presidentes do país.
Difícil, né? Você já pode imaginar que isso incomodava, e ainda incomoda muito!, o povo sírio. Além disso, a família Al-Assad tomava boa parte das suas decisões baseadas em princípios religiosos e a economia do país ia de mal a pior. A situação chegou a um ponto tão insustentável, que todo mundo decidiu ir para as ruas protestar por melhores condições de vida quando a Primavera Árabe estourou em países do Oriente Médio e Norte da África, como Tunísia e Líbia. A população tomou as principais praças do país, sempre de forma pacífica, e as manifestações foram tomando proporções cada vez maiores. Porém, em março de 2011, Al-Assad enviou tropas militares para investirem contra os participantes.
Não precisamos nem dizer que esses ataques eram super violentos. Não raro, pessoas morriam ou então desapareciam nestes embates e, alguns meses depois do primeiro ataque, os manifestantes decidiram revidar. Inclusive, alguns soldados das tropas sírias passaram a lutar do lado dos “rebeldes”. Al-Assad x Manifestantes – estes últimos também se denominam como o “Exército Livre da Síria”. Esse foi o começo do que gerou uma guerra civil no país.
Como as coisas tomaram essas proporções?
“Rebeldes” do Exército Livre da Síria
Lembra que os primeiros combates começaram em 2011? Desde então, nada melhorou! Muito pelo contrário, outras pessoas também decidiram tomar partido de um dos lados do combate. Alguns grupos jihadistas (outra corrente radical do islamismo) de outros países do Oriente Médio viajaram até a Síria para lutar junto dos manifestantes. Além disso, algumas tropas da Al-Qaeda e grupos curdos também decidiram se juntar ao Exército Livre da Síria, tornando o grupo de rebeldes cada vez mais forte contra as tropas de Al-Assad.
Uma vez que a situação da Síria foi ficando cada vez mais alarmante, outros países decidiram intervir. O primeiro deles foi o Irã, um dos principais aliados do governo Al-Assad. O governo iraniano decidiu enviar, todo dia, cargas para suprir as tropas do estado sírio. Mas, como se não bastasse, os representantes dos Estados Árabes do Golfo Pérsico mandaram dinheiro e armas para os rebeldes. Tudo porque os Estados Árabes são “inimigos” do presidente da Síria. Essa foi a tendência de outros países da região: apoiar o governo sírio, caso tivessem relações amistosas com Al-Assad; ou enviar reforços para os rebeldes, caso as relações fossem difíceis.
Em 2013, o governo de Barack Obama enviou agentes da CIA para treinar os rebeldes com o intuito de derrotar as tropas de Al-Assad. Mas as coisas não se resolveriam tão facilmente. A Rússia, que tinha boas relações com a Síria desde o governo de Al-Assad pai, começou a enviar militares do seu país para servir de apoio ao exército sírio. E, para completar, ainda temos a ascensão do Estado Islâmico, que quer instaurar um império xiita no Oriente Médio. No meio dessa confusão toda, existem milhares de sírios inocentes.
Situação de Alepo
A cidade de Alepo devastada após os inúmeros bombardeios
Grande parte dos conflitos acontecem em Alepo, uma cidade extremamente importante para a Síria. Na verdade, “grande parte” é um eufemismo. Os civis sírios que não conseguiram fugir da cidade vivem em meio aos escombros do que sobrou de Alepo. O município sofre ataques terríveis praticamente todos os dias desde o começo da guerra.
Por que Alepo é um dos principais alvos dos ataques? Afinal, a capital do país fica na cidade de Damasco, localizada no sul da Síria. Faria mais sentido se a metrópole fosse o foco, por ser a sede do governo e concentrar boa parte das riquezas, certo? A explicação é a seguinte: existem muitos grupos envolvidos nessa guerra. Para recordar alguns: as tropas que estão sob o comando de Bashar Al-assad, os “rebeldes” do Exército Livre da Síria, o Estado Islâmico e as guerrilhas curdas.
Alepo foi um dos principais pólos industriais e econômicos do país, a cidade mais populosa da Síria, além de ser geograficamente próxima da Turquia, um país que está cada vez mais envolvido no conflito. Os primeiros embates entre os rebeldes e Al-assad começaram na cidade e, inicialmente, seu território ficou bipartido entre essas duas forças. O oeste estava dominado pelas tropas nacionais e o leste era “propriedade” dos rebeldes, mas não demorou muito para que os curdos começassem a delimitar o seu espaço no norte de Alepo.
Consequentemente, os reforços que foram enviados para ambos os lados -como o apoio russo às tropas de Bashar- também chegaram à cidade. À medida que as coisas foram ficando mais complicadas, os ataques foram tornaram-se mais frequentes com o intuito de derrotar o lado adversário. Mais bombardeios levam a mais reforços e a situação piorou. Hoje, existe um cerco ao redor de Alepo que impede qualquer pessoa/tropa/transporte que entre ou saia da cidade. A ideia é que outros países não consigam enviar suporte aos rebeldes. Porém, como N-A-D-A passa pelo bloqueio, órgãos humanitários não conseguem ajudar os civis inocentes afetados pela guerra.
O que chocou o mundo
O menino Omran, logo após ser resgatado dos escombros de um prédio bombardeado
A situação da Síria é calamitosa, de fato. Mas não foi desde o começo da guerra que os acontecimentos foram noticiados a nível internacional. Infelizmente, dois eventos tanto chocaram como comoveram a comunidade internacional para a causa síria. O primeiro caso aconteceu em setembro de 2015, quando foram divulgadas as imagens do menino morto encontrado na praia da ilha grega de Kos. A criança se chamava Aylan e acompanhava os pais e o irmão mais velho na travessia do Mar Mediterrâneo em direção à Europa. Apenas o pai, Abdullah Kurdi, sobreviveu ao trajeto feito em um bote que transportava outros refugiados. A família pretendia migrar para o Canadá depois de chegarem ao território europeu.
Praticamente um ano depois, em agosto de 2016, o menininho de cinco anos chamado Omran foi resgatado dos escombros de um edifício após um bombardeio aéreo na cidade de Alepo que matou aproximadamente 52 pessoas, em que 33 eram civis e os demais 19, rebeldes. As imagens da criança em uma ambulância, ferida e completamente atordoada, foram veiculadas nos principais telejornais do mundo e causaram uma comoção tremenda nas redes sociais. Ambos os casos, ainda hoje, são relembrados quando o assunto “Guerra na Síria” é citado na mídia. Infelizmente, essas são ilustrações do desespero dos sírios que preferem arriscar suas vidas em uma travessia super perigosa em alto mar do que permanecer no país, sofrendo com os sucessivos ataques que acontecem nas cidades.
Qual a situação atual da Guerra da Síria?
Refugiados sírios chegam a um acampamento na Jordânia
Por mais triste que isso seja, os ataques continuam acontecendo por todas as partes envolvidas na guerra e as perspectivas de os conflitos cheguem ao fim são quase nulas. Em julho deste ano, Estados Unidos e Rússia concordaram em um cessar-fogo. Outras tréguas já foram estabelecidas entre alguns grupos, porém, pouco tempo depois, os acordos foram quebrados com ataques de alguma das partes. Outra consequência da Guerra é o aumento da xenofobia nos países que recebem um número maior de refugiados, como os da União Europeia.
Nos últimos anos para cá, a Europa foi palco de muitos atentados terroristas – muitos foram atribuídos ao Estado Islâmico. Por conta disso, a população local, apavorada, acredita que todos os refugiados que chegam vindos da Síria são islâmicos radicais que irão explodir a si mesmos. O medo causa esse tipo de pensamento na gente, mas isso está longe de ser verdade. O que essas pessoas querem nesse momento é ir para um local onde elas tenham certeza que irão sobreviver e, para isso, nós precisamos dar muito apoio para que essa mudança seja possível! <3