A palavra autocracia vem do grego, sendo entendia como “poder próprio”. Entendemos, portanto, o prefixo autos como “próprio” e “kratos” como poder, formando este sentido. Logo, a autocracia é uma forma de poder onde apenas um comanda. Este um, assim, pode ser um partido, um pequeno grupo ou apenas uma pessoa.
Durante toda a história, diversas formas de governo autocráticas existiram e até hoje ainda existem. Portanto, para compreendermos como a autocracia se manifesta atualmente, é necessário conhecer suas características. Veja agora, 5 características da autocracia.
1. A autocracia é elitista.
Todo governo controlado por apenas uma ou poucas pessoas tende a ser elitista. Assim, aqueles que estão no poder costumam governar apenas para uma elite seleta. O resultado disso é o grande enriquecimento de um grupo e a marginalização de outros.
Nos casos da aristocracia e da oligarquia, por exemplo, ambas são formas de autocracia. Na primeira, um pequeno grupo de aristocratas e na segunda qualquer grupo social governando pra si mesmo. Assim, estes garantem os aparatos do Estado para seus próprios pares.
2. Na autocracia há a centralização do poder.
Em todos os modelos autocráticos, podemos perceber uma centralização do poder. Apesar de muitas autocracias serem eleitas, ao se estabelecerem elas se opõem à democracia. Assim, as autocracias não permitem que mais pessoas participem das decisões políticas.
Um clássico e radical exemplo disso são os Estados absolutistas. Nessa forma moderna de governo, o Rei centralizava o poder, governando junto aos nobres. Desta forma, não havia divisão dos poderes e nem mesmo participação de outros grupos nas decisões. ´
Portanto, o próprio rei estava acima das leis e garantia em suas mãos todos os poderes do Estado. Um grande exemplo disso foi a frase de Luís XIV: “O Estado sou eu”.
3. A autocracia é personalista.
Em muitas situações, um líder que busca o poder próprio, o legitima através de sua imagem. Para que os cidadãos ou súditos o aceitem como líder, ou se utiliza da violência ou do culto ao líder.
Assim, na autocracia costumam surgir figuras extremamente populares, amadas pelo povo, mas que também são autoritárias. A autocracia, portanto, constrói a imagem de um pai severo, mas amado para o governante.
No Brasil, o caso do Estado Novo foi muito emblemático nesse sentido. Getúlio Vargas governou sozinho, sem um partido. Para manter um governo estável, utilizou a violência, mas também o personalismo. Suas imagens, fotos e bustos se espalhavam pela cidade e pelas casas brasileiras. O povo aprendeu a amar e cultuar seu governante como um herói nacional.
4. A autocracia censura e desinforma.
Para alcançar se manter no poder, líderes e grupos autocratas costumam usar a desinformação como ferramenta. Construindo mentiras e mitos, os autocratas confundem a população e disseminam as notícias que querem que se tornem verdades.
Assim, a autocracia consegue causar sentimentos de pânico na população e surgir como fonte de todas as respostas. Logo, para se estabilizar no poder, os autocratas repetem esse processo. No entanto, utilizam a própria máquina pública para censurar a verdade, a oposição e opiniões contrárias. Cria-se, assim, um império de mentiras e desinformações para confundir as pessoas e ampliar o personalismo.
Um caso nítido dessa forma de atuação foi o nazismo alemão. Na autocracia do partido nazista, Hitler conseguiu chegar ao poder utilizando a desinformação. Posteriormente, para se consolidar, o Estado investiu pesado em propagandas para controlar a população. Criou-se, assim a imagem de Hitler como um herói nacional.
5. A autocracia cria inimigos e persegue opositores.
Da mesma forma que a autocracia utiliza o Estado para difundir mentiras, também o utiliza para criar inimigos e os perseguir. É muito comum que para se manter no poder esses líderes construam inimigos que precisam ser combatidos.
Assim, se existe de fato uma ameaça à nação, apenas o líder e sua autocracia podem combate-la. Logo, a autocracia precisaria ser mantida visando a paz nacional. Desta forma, a autocracia constrói o inimigo e legitima perante os cidadãos a própria perseguição.
Durante a ditadura militar, por exemplo, o “mal comunista” foi utilizado como forma de se legitimar no poder. A suposta ameaça, portanto, funcionou tanto para criar o golpe de 1964 quanto para legitimar a violência do novo governo.
6. A autocracia esconde sua verdadeira face.
Como visto, os governos autocráticos costumam criar monstros ilusórios para legitimar seu modelo de governo. Também utilizam a censura e a desinformação como forma de espalhar notícias falsas e proibir críticas.
Logo, desta forma, a autocracia constrói uma atmosfera ilusória. Para muitas pessoas, alienadas aos processos políticos, ou com medo de punições, ignoram a autocracia. Assim, essa forma de governo cria a sensação de naturalidade e pacificidade. Ela esconde, por trás de uma máscara, suas verdadeiras intenções e atitudes.