A segunda fase do modernismo teve caráter conciliador e organizado, dando continuidade às ideias propostas na Semana de 22.
Neste artigo apresentaremos resumidamente a natureza do modernismo no Brasil, as correntes de vanguarda que influenciaram o movimento, o contexto histórico em que ocorreu e as principais contribuições dos artistas envolvidos.
Bora lá!?
Contexto histórico
O período da segunda fase do modernismo, no fim da década de 20 e início da década de 30 (período conhecido como entre guerras), apresentou diversas conturbações.
Essas conturbações trouxeram como consequências crises sociais, humanitárias e políticas que futuramente resultariam em uma nova guerra mundial.
Em suma, além desses fatores, as revoluções industriais que possibilitaram a superprodução e as diversas políticas de livre mercado dos E.U.A, trouxeram como resultado a quebra da bolsa de Nova Iorque, e consequentemente, a Grande Depressão.
Ao mesmo tempo, no Brasil ocorre a Revolução de 1930 que levou à destituição do presidente Washington Luís e à ascensão de Getúlio Vargas.
Getúlio Vargas, figura que flertava com o fascismo, por meio da Lei de Segurança Nacional aprovada em 1935, passa a perseguir comunistas e artistas da oposição.
Por consequência, infelizes com toda essa situação, os paulistas, em 1932, declararam a Revolução Constitucionalista.
No entanto, enfraquecidos pela ausência de apoio dos outros estados, a guerra dura apenas quatro meses e termina com a rendição dos revolucionários.
Em virtude de todos esses acontecimentos, diversas correntes que expressam o descontentamento com a guerra são fortalecidas e expressadas através da arte.
O que foi o modernismo no Brasil?
De conformidade com a influência das vanguardas europeias futurista, expressionista, cubista, dadaísta e surrealista, o modernismo no Brasil teve como principais objetivos:
- A promoção de uma arte cuja identidade fosse essencialmente nacional;
- A quebra das tradições acadêmicas conservadoras predominantes nessa mesma cultura.
Esse movimento no Brasil é dividido nas seguintes fases:
- Antes de tudo, o modernismo teve a sua fase inicial (também conhecida como fase pré-modernista) com a negação e destruição de cânones anteriores;
- Em seguida, próximo à comemoração ao centenário da independência, em 1922 ocorreu a Semana de Arte Moderna, e com ela, a primeira fase do modernismo;
- Entre 1930 e 1945, após ser suplantada a ideia de combate aos padrões acadêmicos, ocorre a segunda fase em que o modernismo se coloca por si mesmo como em cânone pra a melhor arte do país.
Características da segunda fase do modernismo
Por conseguinte, diferentemente da agitação, irreverência e desordem que caracterizaram a Semana de Arte Moderna em 22, na segunda fase do modernismo as ideias se apresentaram mais organizadas e amadurecidas.
Embora ainda estivessem apaixonados pelo urbano, moderno etc. e dando continuidade aos conceitos estéticos e às propostas de pesquisa apresentadas em 22, a segunda fase do modernismo apresentava intenso um foco político e social.
Além disso, essa fase representou um período de grande produtividade, sendo considerada de grande relevância a todos os segmentos artísticos de identidade nacional.
No entanto, na contramão da primeira geração, os escritores da segunda fase sentiam-se livres para utilizar tanto as formas tradicionais de linguagem quanto as novas.
Nesse sentido, o mais importante era, por intermédio de uma relação conciliadora, uma produção que priorizasse o registro das problemáticas na realidade brasileira.
Sendo assim, as principais características dessa segunda fase do modernismo são:
- Valorização da cultura nacional;
- Uso de versos regulares, livres e brancos;
- Conflito entre o existencial e espiritual;
- Textos focados nos contextos sociais, econômicos e culturais;
- Influência da psicanálise de Freud;
- O uso da linguagem coloquial;
- Liberdade de criação e uso da linguagem;
- Foco no mundo e problemas contemporâneos;
- Temática cotidiana.
A prosa na segunda fase do modernismo
Com o intuito de expor os problemas sociais e de se aproximar de diferentes pessoas por meio de uma linguagem mais urbana e coloquial, a prosa produzida na segunda fase do modernismo foi composta por romances regionalistas e urbanos.
Dessa forma, as produções modernas eram voltadas pra retratação da realidade e desigualdade vivida em diversos locais do país.
Além disso, influenciado por uma forte vertente neo realista, outros temas como o romance psicológico, romance poético metafísico e surrealista também fizeram parte da prosa da segunda fase do modernismo.
Por fim, romances intimistas também podem ser encontrados. Eles abordam o interior e as suas inquietações quanto a realidade em que se vive.
A poesia na segunda fase do modernismo
Podendo apresentar linguagem coloquial, versos regulares, brancos ou livres, temática cotidiana e liberdade de criação, a poesia semelhantemente se apresentava com questionamentos que emergiam do espírito dessa geração.
Ainda nesse sentido, sendo também conhecida como a Poesia de 30, vale destacar que ela se apresenta de forma extremamente diversificada e próxima do cotidiano geral.
No entanto, apesar da liberdade pra criação e do uso da linguagem, os autores recorrem ao uso das normas e formas tradicionais de poesia quando desejam.
Principais obras da segunda fase do modernismo no Brasil
Na prosa temos como destaques os seguintes autores:
- Rachel de Queiroz (1910-2003): O Quinze (1930);
- Graciliano Ramos (1892-1953): Vidas secas (1938) e Memórias do Cárcere (1953);
- José Lins do Rego (1901-1957): Menino de engenho (1932);
- Jorge Amado (1912-2001): Capitães da areia (1937) e O cavaleiro da esperança (1942).
Na prosa urbana e nos romances intimistas temos:
- Marques Rebelo (1907 – 1973): Oscarina (1931), Marafa, (1935) e A Estrela Sobe (1939);
- Dionélio Machado (1895 – 1985): Os ratos (1935) e O louco do Cati (1942);
- Cyro dos Anjos (1906 – 1994): O amanuense Belmiro (1937);
- Cornélio Pena (1896 – 1958): Dois Romances de Nico Horta (1938).
Na poesia temos como destaque:
- Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): Sentimento do mundo (1940) e A rosa do povo (1945);
- Murilo Mendes (1901-1975): O visionário (1941);
- Vinícius de Moraes (1913-1980): Novos poemas (1938);
- Jorge Lima (1893-1953): Poemas Negros (1947);
- Cecília Meireles (1901-1964): Romanceiro da Inconfidência (1953).
O modernismo no Enem
Em suma, sendo um dos movimentos artísticos literários mais importantes na cultura nacional, o modernismo brasileiro é a escola literária mais cobrada no Enem.
Por isso, pra se ter um bom desempenho e garantir uma boa nota na prova é importante ter em mente quais são as características do evento, o seu contexto e principais representantes.
Além disso, é extremamente comum que trechos de poemas e romances sejam citados durante as provas. Por isso, conhecer as obras modernistas e o contexto em que estavam inseridas é de grande utilidade e com toda certeza lhe trará certa vantagem.
Quer estudar e saber mais sobre o modernismo no Brasil? Leia o nosso resumo sobre o assunto! Aproveite também para conhecer mais sobre nosso Pré-Enem.