Tenho andado um tanto quanto nostálgico, lembrando de quando eu era um jovem garoto e corria feliz pelos feudos da região. Lembro como se fosse ontem que meu pai sempre trocava as nossas coisas para conseguir outras coisas que nos eram mais importantes. Ele saía de casa com uma ovelha e voltava pra casa, “depois de fazer compras”, todo feliz cheio de novas coisas, como roupas, comida, entre outros.
Essa prática, típica do Feudalismo, era conhecida como escambo, e já causou grandes complicações por parecer não beneficiar algum dos lados da negociação. Exemplo: imagine-se trocando um saco de feijão por um jegue. Quem saiu ganhando? Você com o seu novo jegue ou o outro cara com o seu saco de feijão?
Você deve achar que estou falando de História, não é? Mas é nesse momento que o conteúdo tira seu disfarce e se revela um resumo de Física! Isso mesmo: FÍSICA! <3
Na Idade Média havia muitas brigas relacionadas à essa troca de produtos desenfreada. Pessoas se matavam por achar que as negociações de mercadorias não eram justas, então uma saída inteligente foi criar uma unidade de medidas que representasse os valores de cada coisa. Essa criação foi a invenção do dinheiro. Na verdade, quando damos ao vendedor um dinheiro, estamos fazendo a troca deste papel por algo que a economia diz valer aquele papel. Apesar do papel valer pouco em relação ao que você quer trocar, esse papel tem muito significado. Assim também ocorre na Física e em suas medidas em geral.
Foi necessário que usássemos um sistema de medidas para cada entidade física para que houvesse algum entendimento entre os físicos do mundo. Este sistema foi chamado Sistema Internacional de Unidades, ou SI.
Mas como dizer quem vale o que nesse sistema? Resposta: diga qualquer coisa e guarde o seu ponto de referência,hehe!
É isso o que foi feito quando começaram as discussões sobre as Unidades de Medida. Até hoje é guardado o primeiro peso de 1 grama convencionado por cientistas da época, e todas as balanças se guiam por este peso representar 1 grama. Abaixo, uma foto do nosso peso em questão.
Assim foi criado também o metro e outras unidades fundamentais padrões que até hoje se encontram no Museu Internacional de Pesos e Medidas.
Você pode estar pensando: “Por que o Vinícius falou disso tudo e ainda não me explicou nada sobre análise dimensional?”
Resposta:
Nem todas as medidas são feitas de um padrão mensurável que possamos guardar em museus. Exemplo: a velocidade, trabalho, entre outros. Essas medidas são associações de outras medidas já conhecidas.
- Velocidade: associação de espaço e tempo
- Trabalho: associação de força e espaço
Temos ainda muitas outras entidades na física que não podemos medir diretamente por serem associações de outras medidas, e um truque muito interessante para sabermos como usar a fórmula correta é avaliar a dimensão do resultado que queremos. Começando com um exemplo fácil:
1. Velocidade
Em uma questão, é necessário achar a velocidade em m/s. Você que estudou sabe que
mas também é fácil perceber que Δs é medido em METROS(m) e o Δt é medido em SEGUNDOS(s). Logo, quando você dividir um pelo outro o resultado será METROS/SEGUNDO, ou, m/s.
Foi fácil entender essa né?! Agora vamos complicar um pouco mais!
2. Força gravitacional
Sabemos que a equação que nos dá a força gravitacional é:
e sabemos que a constante G é:
em que:
N – a unidade de Força
m – a unidade de distancia
Kg – a unidade de massa
Rearranjando isso:
G= F.d²
m1.m2
Viu como foi fácil descrever a Força Gravitacional só sabendo a unidade de medida da constante G? Você acabou de aprender a fazer a análise dimensional de uma equação!
Podemos usar isso pra todas as equações da física que têm constantes. Faça o teste aí e perceba como você nunca mais vai precisar decorar nada!
Por: Vinícius Pessanha