O que é morfologia?
A morfologia é a área da gramática que estuda a formação das palavras, sua estrutura e as classes gramaticais. Nessa área de estudo, a palavra é analisada isoladamente, sem, necessariamente, estar inserida em um contexto frasal, por exemplo, como é o caso da sintaxe.Antes de falarmos propriamente da Morfologia, vamos entender a diferença entre as três áreas de estudo da Gramática – a Morfologia, a Sintaxe e a Semântica. Acima, já vimos quais são os objetos do estudo morfológico (que serão melhor detalhados mais para frente, neste post). Agora, vamos, brevemente, entender o que são as outras duas:- Sintaxe - é a parte da gramática que estuda a organização das palavras em uma oração (estrutura frasal que, obrigatoriamente, se forma em torno de um verbo ou de uma locução verbal) e a organização das orações em um discurso.
- Semântica - A semântica estuda o significado e a interpretação do significado de um vocábulo, expressão ou até mesmo de uma frase em um determinado contexto.
Estrutura da palavra
O vocábulo é formado por partículas chamadas “elementos mórficos”. Vamos listá-los e exemplificá-los: a) Radical - é a parte essencial da palavra e base da significação do vocábulo. Ex.: Dançar, Dançarino; Dançante. b) Vogal temática - É a partícula que aparece entre o radical e a(s) desinência(s). Nos verbos, as vogais temáticas indicam a conjugação. Ex.: Dançar (1ª conjugação); Comer (2ª conjugação); Dormir (3ª conjugação); LivroObs.: Não devemos confundir a vogal temática com a desinência de gênero. c) Tema - chamamos de “tema” a junção entre o radical e a vogal temática. Quando não houver vogal temática, tema e radical serão a mesma coisa. Ex.: Dançar; Deduzir; Casa; Livros. d) Desinências - trata-se dos morfemas que indicam as flexões que um vocábulo pode sofrer. As desinências nominais indicam a possibilidade de flexão em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Ex.: Gato (-o indica gênero masculino); Gata (-a indica gênero feminino); Gatas (-s indica plural). As desinências verbais indicam a possibilidade de flexão em modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), tempo (passado, presente e futuro), número (singular e plural) e pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa gramatical). Ex.: Gostaria (-ria indica futuro do pretérito); Durmo (-o indica 1ª pessoa do singular); Cantam (-m indica 3ª pessoa do plural). e) Afixos - os afixos são as partes que se ligam a uma palavra para formar outra. São eles:- Prefixos: vêm antes do radical da palavra. Ex.: Desacelerar; Desigual; Impossível.- Sufixos: vêm depois do radical da palavra. Ex.: Habitável; Felizmente. f) Consoantes e vogais de ligação - são utilizadas por motivos fonéticos, ligando dois radicais ou um radical e um afixo a fim de ajudar na pronúncia. Não possuem significado.Ex.: Florzinha (flor - z - inha); Inseticida (inset + i + cida).Processos de formação dos vocábulos
As palavras, na língua portuguesa, são formadas, principalmente, por dois processos: derivação e composição. Vamos entender cada um? 1. Derivação: as palavras são formadas a partir da junção de afixos a umapalavra ou radical. Há cinco tipos de derivação: a) Derivação prefixal - Há acréscimo de prefixo à palavra já existente.Ex.: Infeliz; Autoavaliação; Desculpar. b) Derivação sufixal - Há acréscimo de sufixo à palavra já existente.Ex.: Empresário; Principalmente; Folhagem. c) Derivação prefixal e sufixal - Há acréscimo de prefixo e sufixo de maneira independente. Ou seja, se tirarmos um dos afixos, a palavra continua existindo. Ex.: Infelizmente (existem as palavras “infeliz” e “felizmente”); Desigualdade (existem as palavras “desigual” e “igualdade”). d) Derivação parassintética - Há acréscimo de prefixo e sufixo de maneira dependente. Ou seja, se retirarmos um dos afixos, a palavra deixa de existir.Ex.: Anoitecer (não existe a palavra “anoite” e nem “noitecer”); enlouquecer (não existem as palavras “enlouque” e “louquecer”). e) Derivação regressiva - A palavra é formada a partir da redução de outra. Normalmente, é o processo que dá origem a substantivos derivados de verbos.Ex.: Ajuda (vem de “ajudar”); Beijo (vem de “beijar”); Perda (vem de “perder”). f) Derivação imprópria - Ocorre quando uma palavra não sofre nenhuma alteração na estrutura, mas muda de classe gramatical a partir do contexto.Ex.: O olhar dela é cativante. (“Olhar”, originalmente, é um verbo. Porém, nesse contexto, torna-se substantivo). 2. Composição: as palavras são formadas a partir da junção de duas (ou mais) palavras ou radicais dando origem a uma nova palavra. a) Composição por justaposição - nesse caso, a junção das palavras não altera a estrutura inicial delas. Ex.: Beija-flor; Paraquedas; Peixe-espada; Passatempo. b) Composição por aglutinação - nesse caso, há alteração na estrutura das palavras formados - como a perda de fonemas, por exemplo.Ex.: Planalto (plano + alto); Hidrelétrico (hidro + elétrico); Pontiagudo (ponta + aguda)Obs.: Existem, também, ainda que menos frequentes, outros processos de formação: a) Abreviação - nesse caso, parte da palavra é utilizada como uma palavra autônoma.Ex.: Metrô (Metropolitano); Foto (Fotografia); Auto (Automóvel) b) Hibridismo - Junção de palavras ou radicais que vêm de línguas diferentes.Ex.: Monocultura - Mono (Grego) + cultura (Latim); Sociologia - Socio (Latim) + Logia (Grego)Classes gramaticais
As classes gramaticais (ou classe de palavras) são as classificações das palavras a partir de suas características e funções. Existem 10 classes gramaticais e elas são divididas em:- Variáveis (variam em gênero e número): substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo.
- Invariáveis (não sofrem flexão): preposição, interjeição, conjunção e advérbio.
- Ficara completamente imóvel.
- O homem caminhava muito devagar.
- Eu me recuso, simplesmente.
Exercícios
1. Assinale a alternativa incorreta em relação à classificação dos elementos mórficos destacados: a) Linda. (-a) é desinência de gênero. b) Refazer. (-re) é prefixo. c) Dancei. (-e) é vogal temática. d) Apaixonar. (-xonar) é o radical. e) Fizeram. (-m) é desinência número-pessoal. 2. O vocábulo “ciberespaço”, empregado no texto, é um neologismo que ilustra bem a necessidade de criarmos novas palavras à medida que a humanidade e sua tecnologia evoluem. Explique a formação desse vocábulo:Observação: A questão pode ser respondida independente do texto citado no enunciado. a) destacando os principais morfemas que o constituem; b) indicando o processo morfológico empregado. 3. Pastora de nuvens, fui posta a serviço por uma campina tão desamparada que não principia nem também termina, e onde nunca é noite e nunca madrugada. (Pastores da terra, vós tendes sossego, que olhais para o sol e encontrais direção. Sabeis quando é tarde, sabeis quando é cedo. Eu, não.)Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles, intitulado Destino, uma espécie de profissão de fé da autora. A palavra "desamparada" é formada por a) Derivação prefixal e sufixal b) Derivação prefixal c) Derivação parassintética d) Composição por aglutinação e) Composição por justaposição 4. A questão aborda um fragmento de um artigo de Mônica Fantin sobre o uso dos tablets no ensino, postado na seção de blogues do jornal Gazeta do Povo em 16.05.2013:Ou seja, pensar na potencialidade que o tablet oferece na escola - acessar e produzir imagens, vídeos, textos na diversidade de formas e conteúdos digitais - implica em repensar a didática e as possibilidades de experiências e práticas educativas, midiáticas e culturais na escola ao lado de questões econômicas e sociais mais amplas. E isso necessariamente envolve a reflexão crítica sobre os saberes e fazeres que estamos produzindo e compartilhando na cultura digital.(Tablets nas escolas. www.gazetadopovo.com.br. Adaptado.)
No último período do texto, os termos “saberes” e “fazeres” são a) adjetivos b) pronomes c) substantivos d) advérbios e) verbos 5. Em todas as alternativas há dois advérbios, exceto em: a) Ele permaneceu muito calado. b) Amanhã, não iremos ao cinema. c) O menino, ontem, cantou desafinadamente. d) Tranquilamente, realizou-se, hoje o jogo. e) Ela falou calma e sabiamente.