O estudo das figuras de linguagem é extremamente importante, pois, constantemente, empregamos esses recursos com o objetivo de alcançar determinados efeitos na construção do nosso discurso. Além disso, como elas estão associadas à semântica discursiva, costumam ser tema frequente nas questões de vestibulares.
Neste post, veremos especificamente a figura de pensamento “antítese”.
O que é antítese
A antítese é a aproximação, em uma sentença, de termos com sentidos contrários. Essa aproximação, no entanto, não é algo contraditório. Por ser uma figura de pensamento, ela confere maior expressividade ao texto, principalmente reforçando contrastes.
Vamos ver, então, exemplos de antítese.
Exemplos de antítese
a) A vida é um eterno perde e ganha. (Marcelo D2)
b)
c) À instabilidade das coisas no Mundo
Nasce o sol, e não dura mais que um dia
Depois da luz se segue a noiteescura
Em tristes sonhos morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria….
(Gregório de Matos)
Obs.: A antítese é uma das figuras de linguagem mais comuns na poesia barroca.
d) Faça sol ou faça chuva, ele irá estudar amanhã!
e) “Quem ama o feio bonito lhe parece.”
f) Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra
Afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu
(Criolo)
g) Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto….
(Vinícius de Morais)
Exercícios
(UERJ/2011) O sobrevivente
Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema – uma linha que seja – de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.
Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.
Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de cultura.
Mas até lá, felizmente, estarei morto.
Os homens não melhoraram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heroicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.
(Desconfio que escrevi um poema.)
(Carlos Drummond de Andrade)
Em um dos versos do poema, observa-se uma aparente contradição entre dois termos.
Identifique esse verso e explique por que, de acordo com a leitura do texto, a associação entre os termos não é contraditória.
Gabarito: As palavras “inabitável” e “habitado” são contrárias, mas não contraditórias. “Inabitável” está relacionado à qualidade, e “habitado”, à quantidade.
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