Descubra como metáfora e ironia vão cair na sua prova do ENEM!
O ENEM está cada vez mais perto e tudo o que queremos é descomplicar sua vida! Para isso, selecionamos quatro questões de figuras de linguagem dessa prova super esperada e querida (?) para mostrar como a metáfora e a ironia são cobradas. Se liga!
1) (ENEM 2014)
O negócio
Grande sorriso do canino de ouro, o velho Abílio propõe às donas que se abasteçam de pão e banana:
– Como é o negócio?
De cada três dá certo com uma. Ela sorri, não responde ou é uma promessa a recusa:
– Deus me livre, não! Hoje não…Abílio interpelou a velha:
– Como é o negócio?
Ela concordou e, o que foi melhor, a filha também aceitou o trato. Com a dona Julietinha foi assim. Ele se chegou:
– Como é o negócio?
Ela sorriu, olhinho baixo. Abílio espreitou o cometa partir. Manhã cedinho saltou a cerca. Sinal combinado, duas batidas na porta da cozinha. A dona saiu para o quintal, cuidadosa de não acordar os filhos. Ele trazia a capa da viagem, estendida na grama orvalhada.
O vizinho espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu imitar a proeza. No crepúsculo, pum-pum, duas pancadas fortes na porta.
O marido em viagem, mas não era de dia do Abílio. Desconfiada, a moça chegou à janela e o vizinho repetiu:
– Como é o negócio?Diante da recusa, ele ameaçou:
– Então você quer o velho e não quer o moço? Olhe que eu conto!
(TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979 (fragmento)).
Quanto à abordagem do tema e aos recursos expressivos, essa crônica tem um caráter
a) filosófico, pois reflete sobre as mazelas sofridas pelos vizinhos.
b) lírico, pois relata com nostalgia o relacionamento da vizinhança.
c) irônico, pois apresenta com malícia a convivência entre vizinhos.
d) crítico, pois deprecia o que acontece nas relações de vizinhança.
e) didático, pois expõe uma conduta ser evitada na relação entre vizinhos.
GABARITO
Para resolver essa questão, é preciso que você perceba que o conteúdo é construído a partir de uma figura de linguagem. A ironia perpassa o fragmento de Dalton Trevisan por meio da pergunta recorrente e maliciosa “Como é o negócio?”, o que marca o humor irônico do texto. Por isso, a opção correta é a letra C. Você deve estar sempre atento, pois a banca usa a ironia para estimular o raciocínio, para fazer o leitor (ou ouvinte) considerar os diversos sentidos possíveis que uma determinada palavra ou expressão possa ter, até encontrar aquele que se encaixa na mensagem produzindo um significado inusitado. Por isso, lembre-se sempre: a ironia é a figura de linguagem que consiste no emprego de uma palavra ou expressão de forma que ela tenha um sentido diferente do habitual e produza um humor sutil.
2) (ENEM 2014)
Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para
a) informar crianças vítimas de violência sexual sobre os perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la.
b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na cadeia.
c) dar a devida dimensão do que é abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da denúncia.
d) destacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse período.
e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com um pesadelo.
GABARITO
Nessa questão, a figura de linguagem abordada é explícita no próprio enunciado da questão: metáfora. A metáfora é a figura de linguagem que transporta a palavra (ou expressão) do seu sentido literal para o sentido figurado. Nessa figura, utiliza-se uma palavra com a intenção de que um sentido implícito nela se destaque e conduza a interpretação do que está sendo dito. Nesse sentido, a metáfora do pesadelo (o monstro disforme do cartaz) sugere de forma direta e intensa “a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma criança”, o que faz ressaltar a importância da exortação à denúncia contida no cartaz. Portanto, a opção correta é a letra C. Resolvida a questão, é importante apontar que a questão não cobrou apenas a metáfora, que é um conteúdo escola, mas também sua atenção e conhecimento sobre um tema social relevante.
3) (ENEM 2013)
Pelas características da linguagem visual e pelas escolhas vocabulares, pode-se entender que o texto possibilita a reflexão sobre uma problemática contemporânea ao
a) criticar o transporte rodoviário brasileiro, em razão da grande quantidade de caminhões nas estradas.
b) ironizar a dificuldade de locomoção no trânsito urbano, devida ao grande fluxo de veículos.
c) expor a questão do movimento como um problema existente desde tempos antigos, conforme frase citada.
d) restringir os problemas de tráfego a veículos particulares, defendendo, como solução, o transporte público.
e) propor a ampliação de vias nas estradas, detalhando o espaço exíguo ocupado pelos veículos nas ruas.
GABARITO
Ao propor uma questão sobre a problemática atual do trânsito urbano, o chargista utilizou uma máxima do filósofo grego Parmênides, retirando-a de seu verdadeiro sentido e associando-a à imagem do trânsito parado que não permite o tráfego dos veículos. Assim, a máxima de Parmênides “Não há movimento” se liga à imagem do trânsito parado, que não permite que os veículos se movimentem, e, consequentemente, marca a presença da ironia no texto. Nesse sentido, portanto, as características da linguagem visual e as escolhas vocabulares evidenciam a ironia, que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Gabarito: letra B.
4) (ENEM cancelado – 2009)
Metáfora
Gilberto Gil
Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poetatudonada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
Deixe a meta do poeta não discuta,
Deixe a sua meta fora da disputa Meta
dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009.
A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é:
a) “Uma lata existe para conter algo”.
b) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata’”.
c) “Uma meta existe para ser um alvo”.
d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.
e) “Que determine o conteúdo em sua lata”.
GABARITO
A metáfora, como afirmado no conceito apresentado no enunciado da questão, é uma figura de linguagem que consiste em empregar uma palavra fora do seu sentido literal (denotativo), demonstrando semelhança ou analogia entre elementos. A comparação, nesse caso, é mental e subjetiva. No poema de Gilberto Gil, o fato de o poeta não “determinar o conteúdo de sua lata” é justamente uma metáfora para as palavras que poderão ser usadas em um poema e trabalhadas de maneira imprevisível, o que comprova que a palavra “lata” não foi empregada em seu sentido literal, conotativo. A opção correta é a letra E.
Beleza?