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Fake news: o que são, como funcionam e como combater

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Nos últimos anos, o termo fake news ganhou muita atenção e esteve associado a diversas questões, como política, economia, migração, conflitos etc.

Em uma tradução literal, “fake news” significa “notícias falsas”, são conteúdos inverídicos e eventualmente sensacionalistas que passaram a preocupar o mundo inteiro.

Nesse texto, vamos entender exatamente o que são essas fake news e importantes questões sobre o tema, informações atualizadas para você ficar por dentro de tudo.

Nos acompanhe e aprenda!

O que são fake news?

O termo Fake News significa notícia falsa. Chamamos de fake news toda reportagem, publicação em redes sociais, propagandas e comunicações de uma maneira geral que seja mentira, ou seja, que fale coisas que não são verdade.

Quando pensamos em uma notícia, é necessário ter em mente que é alguém contando uma história. Naturalmente, aquilo já passa pela visão e interpretação de alguém sobre algum dado ou informação. 

Porém, muito além disso, essa pessoa pode fabricar esses dados ou inventar informações, e é aí que podemos definir melhor uma fake news.

Generalizando, podemos dizer que fake news é como se fosse contar uma mentira com algum objetivo, nada mais que uma calúnia, um boato ou uma difamação. 

Imagem de uma notícia em um computador com um carimbo escrito "fake", para ilustrar as fake news.

Então, isso significa que a fake news é muito mais antiga do que estou pensando? Exatamente!

Alguns historiadores, como Robert Darnton, comentam que esse hábito de espalhar fake news, notícias falsas, já existia há muito tempo. 

Ele consegue até identificar um caso no século VI: Procópio de Cesárea era o historiador do Império Bizantino e foi responsável por escrever alguns textos sobre a história do imperador Justiniano, esses textos omitiam alguns escândalos do governo e amenizava inúmeras crises, tudo com interesses por trás. 

Começava aí uma fake news que só foi descoberta após a morte de Procópio.

Então, como você pôde perceber, as fake news não são novidade e já existem desde que o mundo é mundo.

Entenda a origem do termo “fake news”

Sendo essa prática tão comum na história, é um pouco difícil delimitar um período histórico exato para o início da utilização do termo “fake news”.. 

Entretanto, podemos sinalizar que nos últimos anos a discussão sobre fake news tem ganhado força, principalmente associada ao conceito de pós-verdade (post-truth).

Pós-verdade, por sua vez, é um substantivo usado pela primeira vez pelo dramaturgo sérvio-americano Steve Tesich, em 1992. 

Foi empregado para se referir a uma “circunstância na qual fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e às crenças pessoais”. 

Isso significa que você está mais suscetível a acreditar na história que seu familiar, amigo ou ídolo está contando do que aquela que estaria em um grande veículo de informação, e tem tudo a ver com o contexto das fake news.

Continue nos acompanhando para entender tudo!

Como funcionam as fake news?

Resumindo, fakes news existem há muito tempo e são uma prática comum que tem ganhado força na atualidade, relacionada ao conceito de pós-verdade. 

Isso ocorre pois vivemos em uma sociedade em que a informação é uma das coisas mais importantes. O que se relaciona diretamente com o processo de globalização. 

Atualmente, a internet e suas ferramentas possibilitaram que qualquer pessoa possa publicar ou dizer algo para milhares e milhões de pessoas..

Assim, a disseminação de notícias deixou de ser algo centralizado nos grandes portais de comunicação e passou a existir a partir de uma mensagem no WhatsApp, do textão no Facebook, da thread no Twitter. 

É o que o historiador Leandro Karnal comentou sobre uma “seleção afetiva de identidade”. 

Você tende a acreditar mais naquilo que seu amigo compartilhou do que em um grande portal de notícias com credibilidade.

Aliadas às redes sociais, as fake news e a pós-verdade ganham uma dimensão extra devido a outro fenômeno, denominado bolhas virtuais. 

A tendência é que você siga pessoas com as quais tenha afinidade, que sejam parecidas com você em algum nível. 

Quando a notícia passa a ser compartilhada por todo mundo daquele círculo, você entende como verdade, formando sua própria bolha. 

Ter uma visão externa, uma opinião contrária passa a ser incomum ou taxada como absurdo, mesmo que existam dados que ajudem a comprovar essa visão oposta.

Uma dica maravilhosa é assistir ao Dose de Atualidades sobre Fake News, confira:

Exemplo de fake News: o caso Cambridge Analytica

Para entender sobre este caso polêmico de Fake news, precisamos te contextualizar sobre como funcionam as redes sociais: o tal do algorimo!

As redes sociais, para determinar o que deve ser exibido como propaganda ou sugestões de amigos e páginas, usam fórmulas e regras matemáticas. 

Com isso, a partir do que você curte, segue, compartilha, as empresas possuem um inventário de dados sobre você. A partir dessa análise, é possível indicar, com mais assertividade, qual página ou publicação aquele perfil tende a gostar mais de ver, e assim as publicações vão aparecendo no feed. 

Agora, você já imaginou usar esse grande inventário para compartilhar determinadas fake news? 

Foi o que a Cambridge Analytica fez nos Estados Unidos e no Reino Unido durante as eleições de Donald Trump e a aprovação do Brexit. 

A partir do inventário de dados de cada usuário, compartilhavam-se fake news específicas. 

Se aquele perfil demonstrava uma preocupação com a economia, a empresa pagava para exibir publicações falsas sobre a taxa de desemprego nos Estados Unidos, ou compartilhava informações de que o Reino Unido perdia milhões de dólares por semana enquanto se mantinha na União Europeia. 

Se a preocupação era sobre segurança nacional, a empresa comprava anúncios com fake news de que a candidata Hillary Clinton tinha alguma responsabilidade pela criação do Estado Islâmico.

E quando isso veio a tona foi a maior polêmica. É um dos grandes casos de fake news que foram expostos até hoje.

Os robôs e as fake news: o que uma coisa tem a ver com a outra?

Os robôs sempre foram usados de forma produtiva, mas com as fake news isso tem se tornado um problema. 

Sabe aquele atendimento automático que temos por telefone ou aquelas dúvidas que são respondidas rapidamente em um chat de alguma empresa? É basicamente o trabalho de bot ou chat robô. 

Porém, no mundo e no Brasil, esses bots têm sido usados para espalharem fake news sobre um candidato, sobre uma lei, sobre uma pessoa etc. 

Um tablet com várias mensagens saindo dele escrito "fake news" em todas elas, ilustrando o disparo em massa de notícias falsas pro parte de robôs.

O aplicativo de troca de mensagens WhatsApp baniu pelo menos 1,5 milhão de contas de usuários brasileiros, em outubro de 2018, segundo notícia da Uol., por suspeita de disseminação de fake news.

E fica a pergunta: de onde sai o dinheiro para financiar essa máquina de robôs que compartilham fake news? Quem se beneficia com isso?

Exemplos e consequências das notícias falsas

Ao longo do texto, já divulgamos alguns casos de fake news, mas vamos citar outros para ter bastante referência para uma redação, por exemplo. 

Esta reportagem da BBC cita três casos de fake news que geraram guerras e conflitos ao redor do mundo. 

O primeiro foi de um menino crucificado na Ucrânia. Essa notícia foi usada como uma propaganda, ajudando a justificar a intervenção russa na Crimeia, que anexou esse território em 2014, que até então era da Ucrânia.

Um segundo caso foi sobre a Guerra do Golfo, no qual usaram a filha do embaixador do Kuwait nos Estados Unidos para fazer um depoimento falso sobre as atrocidades do governo iraniano de Saddam Hussein e convencer a opinião pública americana a participar da guerra.

E o terceiro caso foi a utilização de fotos falsas na crise humanitária envolvendo os rohingyas (mulçumanos). 

Essa minoria muçulmana não é considerada cidadã de Mianmar e é perseguida pelo governo local e por budistas, migrando forçadamente para Bangladesh.

As fotos, que são relacionadas até a conflitos em outro continente, são usadas para acusar os rohingyas de serem violentos.

Mas esses são alguns exemplos recentes de fake news. 

Se formos parar para pensar, até mesmo a “descoberta” do Brasil é repleta de notícias falsas, como a de que Pedro Álvares Cabral e suas embarcações teriam sido os primeiros europeus a chegarem em solo brasileiro, mesmo, anos antes, o navegador português Duarte Pacheco ter alcançado o litoral brasileiro, próximo aos estados do Amazonas e Maranhão.

Tipos de fake news

Já vimos que a questão sobre fake news é muito mais complicada que nossos familiares compartilhando corrente no WhatsApp. 

Nesse sentido, a jornalista Claire Wardle conseguiu agrupar e dividir as fakes news em sete categorias.

  • Sátira ou paródia: não possui intenção de causar mal, mas tem potencial de enganar;
  • Falsa conexão: quando imagens, títulos e legendas dão falsas dicas do que realmente é o conteúdo;
  • Conteúdo enganoso: utilização enganosa de uma informação contra um assunto ou uma pessoa;
  • Falso contexto: conteúdo original compartilhado em um contexto falso;
  • Conteúdo impostor: quando afirmações falsas são atribuídas a fontes reais, geralmente pessoas;
  • Conteúdo manipulado: informação verdadeira manipulada para enganar;
  • Conteúdo fabricado: conteúdo completamente falso com o objetivo de gerar desinformação e causar algum mal.

Será que você consegue associar esses sete tipos de fake news aos exemplos que vimos no texto?

Como combater as fake news?

E aí, como combater algo tão complexo quanto as notícias falsas? Essa resposta também não é fácil. 

Um primeiro ponto é começar a buscar fontes de notícias com maior credibilidade. 

E isso passa geralmente por grandes portais de notícias, embora outros portais menores também estejam construindo um excelente jornalismo e possuam grande credibilidade. 

Aqui, esbarra-se em uma outra discussão, de que esses portais estão defendendo alguém, participam de alguma conspiração… 

Imagem de um teclado de computador com as letras "fake news" escritas por cima com tinta vermelha, simulando o perigo que são as notícias faltas e a importância de combatê-las.

Todo texto carrega uma subjetividade. Para isso, é necessário entender que todos esses portais de notícias possuem uma linha editorial, um pensamento econômico. 

E isso não faz deles menos confiáveis. A dica é, sempre que ler o conteúdo, leia suas entrelinhas, além de procurar diversas fontes. 

Generalizando, existe também aquele portal que vai te dar o furo de notícia e outro que vai fazer uma análise completa do conteúdo. Se foi noticiado algum furo, aguarde uma análise mais completa para não sair espalhando fake news. 

E, por fim, confira sempre as agências de verificação. Alguns grandes jornais já incorporaram isso. Mas existem agências especializadas em checar fatos, como a Agência Lupa e o portal Aos Fatos

Esses são excelentes mecanismos para verificar as notícias, garantindo uma maior credibilidade ao conteúdo que você lê.

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