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Aula ao Vivo: Gêneros Textuais – Texto Argumentativo

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Não perca a aula de Português de hoje sobre Gêneros Textuais – Texto Argumentativo com o professor mais fofo de todos: Eduardo Valladares! <3 Para ficar ligado, confira o horário da aula aqui nesse post e aproveite para baixar o material de apoio!

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Português: Gêneros Textuais – Texto Argumentativo

Turma da Noite: 18h30 às 19h30, com o professor Eduardo Valladares.

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Material de Aula ao Vivo
Lista de Exercícios

MATERIAL DE AULA AO VIVO

O texto argumentativo pode aparecer em diversas modalidades: a dissertação, a carta argumentativa, o artigo de opinião, o editorial, entre outros.
Nosso principal objetivo aqui não é diferenciar cada uma dessas modalidades – deixemos isso para as aulas de redação -, mas sim garantir que os elementos comuns existentes em cada um desses modelos sejam percebidos e compreendidos por nossos alunos.
Do mesmo modo que estudamos os elementos da narração e da descrição, também o faremos no texto argumentativo. Acompanhe a explicação a seguir:
O processo argumentativo: os elementos da argumentação
• Dúvida originária
Todo processo argumentativo começa com uma dúvida-base, uma questão aberta a julgamentos e juízos de valor.
Quando um adolescente discute com seu pai qual o horário ideal para voltar de uma festa – meia-noite no máximo para este, 4h da manhã para aquele –, ali há uma dúvida originária que inicia o processo argumentativo.
• Convencimento como objetivo
Para haver um processo argumentativo, é necessário que o enunciador esteja disposto a convencer seus possíveis interlocutores. É importante destacar que existe uma diferença fundamental entre o objetivo e a motivação do enunciador. O objetivo deve sempre estar ligado ao convencimento; a motivação tem profunda ligação com o desejo do argumentador.
Por exemplo, o adolescente citado anteriormente tem como objetivo convencer o pai de que pode voltar às 4h da manhã. Sua motivação é aproveitar a festa até o fim, ao lado de seus amigos.
Analogamente, quando você escreve uma dissertação, seu objetivo é convencer o leitor da banca de seu ponto de vista – embora sua motivação seja passar no vestibular.
• Uso de razões (explícitas ou implícitas)
As razões para o convencimento acerca de um juízo de valor podem aparecer de modo explícito ou subentendido. De modo grosseiro, poderíamos exemplificar assim:
– É necessário que sejam estabelecidos mecanismos de censura à mídia, pois seus controladores têm praticado diversos abusos em nome de uma suposta liberdade de pensamento e expressão.
– É necessário que sejam estabelecidos mecanismos de censura à mídia, pois seus controladores manipulam, distorcem e omitem informações; assim, o pensamento da sociedade não é formado de modo neutro, mas sempre tendencioso, em nome de uma suposta liberdade de pensamento e expressão.
Todo e qualquer texto argumentativo, como já dito, visa ao convencimento de seu ouvinte/leitor. Por isso, ele sempre se baseia em uma tese, ou seja, o ponto de vista central que se pretende veicular e a respeito do qual se pretende convencer esse interlocutor. Nos gêneros argumentativos escritos, sobretudo, convém que essa tese seja apresentada, de maneira clara, logo de início e que, depois, através duma argumentação objetiva e de diversidade lexical seja sustentada/defendida, com vistas ao mencionado convencimento.
A estrutura geral de um texto argumentativo consiste de introdução, desenvolvimento e conclusão, nesta ordem. Cada uma dessas partes, por sua vez tem função distinta dentro da composição do texto:
Introdução: é a parte do texto argumentativo em que apresentamos o assunto de que trataremos e a tese a ser desenvolvida a respeito desse assunto.
Desenvolvimento: é a argumentação propriamente dita, correspondendo aos desdobramentos da tese apresentada. Esse é o coração do texto, por isso, comumente se desdobra em mais de um parágrafo. De modo geral, cada argumentação em defesa da tese geral do texto corresponde a um parágrafo.
Conclusão: a parte final do texto em que retomamos a tese central, agora já respaldada pelos argumentos desenvolvidos ao longo do texto.
Relação entre tese e argumento
De modo geral, a relação entre tese e argumento pode ser compreendida de duas maneiras principais:
Argumento, portanto, Tese (A→ pt→T) ou Tese porque Argumento (T→ pq→A):
(A→pt→T)
“O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das mais diversas doenças relacionadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos nem de longe compensam o dinheiro gasto com essas doenças. Além disso (Ainda, e, também, relação de adição → quando se enumeram argumentos a favor de sua tese), as empresas têm grandes prejuízos por causa de afastamentos de trabalhadores devido aos males causados pelo fumo. Portanto (logo, por conseguinte, por isso, então → observem a relação semântica de conclusão, típica de um silogismo), é mister que sejam proibidas quaisquer propagandas de cigarros em todos os meios de comunicação.”
(T→ pq→A)
O governo deve imediatamente proibir toda e qualquer forma de propaganda de cigarro, porque (uma vez que, já que, dado que, pois → relação de causalidade) ele gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das mais diversas doenças relacionadas ao tabagismo; e, muito embora (ainda que, não obstante, mesmo que → relação de oposição: usam-se as concessivas para refutar o argumento oposto) os ganhos com os impostos sejam vultosos, nem de longe eles compensam o dinheiro gasto com essas doenças.
1. Identifique o sentido argumentativo dos seguintes textos, e separe, por meio de barras, a tese e o(s) argumento(s).
a) “Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para o que preciso. É econômico, nunca dá defeito e tem espaço suficiente para transportar toda a minha família.”
b) “Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais; além disso, todo ano batemos recordes de produção agrícola. Sem contar que nosso parque industrial é um dos mais modernos do mundo. Definitivamente, somos o país do futuro.”
c) “Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem tudo para dar errado: nossa diferença de idade é grande e nossos gostos são quase que opostos. Além disso, a família dela é terrível.”
d) “Como o Brasil é um país muito injusto, toda política social por aqui implementada é vista como demagogia, paternalismo.”
2. Crise e Ciência
Crise é fundamental em ciência; sem crise não há progresso, apenas estagnação. Quando investigamos como a ciência progride na prática, vemos que é aos trancos e barrancos: os cientistas não têm sempre todas as respostas na ponta da língua. O processo criativo de um cientista pode ser bem dramático, muitas vezes envolvendo a agonia da dúvida e, em alguns casos, o êxtase da descoberta. Vista sob esse prisma, a ciência não está assim tão distante da arte.
Na maioria das vezes, as crises nas ciências naturais são criadas por experiências realizadas em laboratórios ou por observações astronômicas que simplesmente não se encaixam nas descrições e teorias da época: novas idéias são necessárias, idéias essas que, às vezes, podem ser revolucionárias. Em geral, revolução em ciência implica novas e inesperadas concepções da realidade, chocantes a ponto de intimidar os próprios cientistas.

(GLEISER, Marcelo. Folha de São Paulo, 26/05/2002.)

Crise é fundamental em ciência; A tese do físico Marcelo Gleiser é enunciada logo no início do primeiro parágrafo. Ele sustenta essa tese, com fatos, no segundo parágrafo.
Demonstre, elaborando uma frase completa, como esses fatos sustentam a tese defendida pelo autor.
3. Texto 2
Só não previu quem planejou
Ninguém fala em outra coisa: o Brasil do século XXI não sabe ler ou não entende o que mal lê. Todos estão pasmos. Menos os professores, posso afirmar. Eles, que nos últimos 30 anos de mudanças na área educacional lastimavelmente não foram chamados a dar o seu testemunho, nem lhes ouviram as dúvidas e as certezas. Quem está na frente de batalha, teria dito: isso não vai dar certo…
(…)
A moda do momento é a “inclusão” de alunos com necessidades especiais. Ótimo. Politicamente corretíssimo. Mas a verdadeira inclusão tem que começar pela melhora da qualidade do ensino de toda a população.
Temos que deter o processo atual, no qual o aluno termina o ensino fundamental – quando termina – quase tal qual estava quando entrou. Essa é a verdadeira exclusão: de posse do seu diploma, mas com precária aprendizagem, o jovem, especialmente o de classe social menos favorecida, que tanto precisa de trabalho, é ejetado do mercado de trabalho sem dó nem piedade. Afinal, até concurso para gari exige que se saiba ler e escrever direito!
Ouçamos quem executa. Eles nos dirão como evitar as tempestades do desencanto…

TANIA ZAGURY (O Globo, 29/07/2003)

O texto utiliza, em sua estratégia argumentativa, recursos diferenciados de composição para tratar de um problema e sugerir possíveis soluções.
a) Explique de que maneira combinam-se, na coerência interna do texto, os parágrafos de abertura e de conclusão.
b) A polifonia é um recurso de construção pelo qual diferentes “vozes” ou pontos de vista podem ser depreendidos da leitura de um texto. No texto, há momentos em que aparecem claramente outras “vozes” ou posicionamentos percebidos pelo leitor por meio de sinais de pontuação.
Retire do texto dois momentos em que ocorrem essas falas e aponte a quem elas podem ser atribuídas.

4.Texto 3
Leitura e escrita como experiência – O avesso
Quando penso na leitura como experiência (na escola, na sala de aula ou fora delas), refiro-me a momentos em que fazemos comentários sobre livros ou revistas que lemos, trocando, negando, elogiando ou criticando, contando mesmo. Enfim, situações em que – tal como uma viagem, uma aventura – fale-se de livros e de histórias, contos, poemas ou personagens, compartilhando sentimentos e reflexões, plantando no ouvinte a coisa narrada, criando um solo comum de interlocutores, uma comunidade, uma coletividade. O que faz da leitura uma experiência é entrar nessa corrente em que a leitura é partilhada e, tanto quem lê, quanto quem propiciou a leitura ao escrever, aprendem, crescem, são desafiados.
Defendo a leitura da literatura, da poesia, de textos que têm dimensão artística, não por erudição. Não é o acúmulo de informação sobre clássicos, sobre gêneros ou sobre estilos, escolas ou correntes literárias que torna a leitura uma experiência, mas sim o modo de realização dessa leitura: se é capaz de engendrar uma reflexão para além do seu momento em que acontece; se é capaz de ajudar a compreender a história vivida antes e sistematizada ou contada nos livros.

(KRAMER, Sônia. In: ZACCUR, Edwiges (org.). A magia da linguagem. Rio de Janeiro: DP&A: SEPE, 1999.)

Aponte um aspecto do texto acima que demonstre seu teor argumentativo.

O contrato de casamento
Na semana passada, comemorei trinta anos de casamento. 1Recebemos dezenas de congratulações de nossos amigos, algumas com o seguinte adendo assustador: “Coisa rara hoje em dia”. De fato, 40% de meus amigos de infância já se separaram, e o filme ainda nem terminou. Pelo jeito, estamos nos esquecendo da essência do contrato de casamento, que é a promessa de amar o outro para sempre. Muitos casais no altar acreditam que estão prometendo amar um ao outro enquanto o casamento durar. Mas isso não é um contrato. Recentemente, vi um filme em que o mocinho terminava o namoro dizendo “vou sempre amar você”, como se fosse um prêmio de consolação. Banalizamos a frase mais importante do casamento. Hoje, promete-se amar o cônjuge até o dia em que alguém mais interessante apareça. “Eu amarei você para sempre” deixou de ser uma promessa social e passou a ser simplesmente uma frase dita para enganar o outro. Contratos, inclusive os de casamento, são realizados justamente porque o futuro é incerto e imprevisível. 6Antigamente, os casamentos eram feitos aos 20 anos de idade, depois de uns três anos de namoro. A chance de você encontrar sua alma gêmea nesse curto período de pesquisa era de somente 10%, enquanto 90% das mulheres e homens de sua vida você iria conhecer provavelmente já depois de casado. Estatisticamente, o homem ou a mulher “ideal” para você aparecerá somente, de fato, depois do casamento, não antes. Isso significa que provavelmente seu “verdadeiro amor” estará no grupo que você ainda não conhece, e não no grupinho de cerca de noventa amigos da adolescência, do qual saiu seu par. E aí, o que fazer? Pedir divórcio, separar-se também dos filhos, só porque deu azar? O contrato de casamento foi feito para resolver justamente esse problema. 5Nunca temos na vida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas. As promessas e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa incerteza, sem a qual ficaríamos todos paralisados à espera de mais informação. Quando você promete amar alguém para sempre, está prometendo o seguinte: “Eu sei que nós dois somos jovens e que vamos viver até os 80 anos de idade. 3Sei que inexoravelmente encontrarei centenas de mulheres mais bonitas e mais inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu. É justamente por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que surgirão em meu futuro. Não quero ficar morrendo de ciúme cada vez que você conversar com um homem sensual nem ficar preocupado com o futuro de nosso relacionamento. Nem você vai querer ficar preocupada cada vez que eu conversar com uma mulher provocante. Prometo amar você para sempre, para que possamos nos casar e viver em harmonia”. 2Homens e mulheres que conheceram alguém “melhor” e acham agora que cometeram enorme erro quando se casaram com o atual cônjuge esqueceram a premissa básica e o espírito do contrato de casamento. O objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você prometeu amar para sempre. Um dia, vocês terão filhos e, ao colocá-los na cama, dirão a mesma frase: que irão amá-los para sempre. Não conheço pais que pensam em trocar os filhos pelos filhos mais comportados do vizinho. Não conheço filho que aceite, de início, a separação dos pais e, quando estes se separam, não sonhe com a reconciliação da família. Nem conheço filho que queira trocar os pais por outros “melhores”. Eles aprendem a conviver com os pais que têm. 8Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia de forma construtiva, o que muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender. 7Obviamente, se sua esposa se transformou numa megera ou seu marido num monstro, ou se fizeram propaganda enganosa, a situação muda. 4Para aqueles que querem ter vantagem em tudo na vida, talvez a saída seja postergar o casamento até os 80 anos. Aí, você terá certeza de tudo.

KANITZ, Stephen. Ponto de Vista. VEJA, Rio de Janeiro, 29 set. 2004. p. 22. (Texto adaptado)

5. Assinale a alternativa em que o texto transcrito não apresenta uma opinião.
a) Nunca temos na vida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas. (ref. 5)
b) Antigamente, os casamentos eram feitos aos 20 anos de idade, depois de uns três anos de namoro. (ref. 6)
c) Obviamente, se sua esposa se transformou numa megera ou seu marido num monstro, […] a situação muda. (ref. 7)
d) Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia de forma construtiva… (ref. 8)
6. É correto afirmar que, entre os recursos empregados no desenvolvimento do texto, não se inclui
a) o emprego de marcas de interação com o leitor.
b) a exposição de resultados dos contratos de casamento.
c) o uso de argumentos baseados em dados numéricos.
d) a inserção de perguntas sem respostas precisas.
7. A morte do livro
A morte do livro como veículo da literatura já foi profetizada várias vezes na chamada época moderna. E não por inimigos da literatura, mas pelos escritores mesmos. Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa profecia foi nada menos que o poeta Guillaume Apollinaire, no começo do século 20.
Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola), acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a vantagem – segundo ele, indiscutível – de o antigo leitor, tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. […]
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta, revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores de canções populares, […].
O mais recente profeta do fim do livro é o romancista norte-americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria literatura e não por falta de escritores, mas de leitores. Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter” alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os idiomas.
Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas leem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best-sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou 500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da morte do livro e da literatura. […]
A visão simplificadora consiste em não levar em conta alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na sociedade de massa: fatores qualitativos que a avaliação meramente quantitativa ignora. Começa pelo fato de que são as obras literárias de qualidade, e não as que constituem mero passatempo, que influem na construção do universo imaginário da época. É indiscutível que tais obras atingem, inicialmente, um número reduzido de leitores, mas é verdade também que, através deles, com o passar do tempo, influem sobre um número cada vez maior de indivíduos – e especialmente sobre aqueles que constituem o núcleo social irradiador das ideias.
Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época havia autores cujos livros alcançavam tiragens consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best-sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas de Baudelaire – cuja venda quase foi proibida pela Justiça -, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as línguas, já deve ter atingido, no total das tiragens, muitos milhões de exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou não é? […]

(Folha de São Paulo, 19/03/2006) Ferreira Gullar

Em seu texto, Ferreira Gullar utiliza vários argumentos para refutar a possível morte do livro. Tendo isso em vista, assinale o item cujo argumento não reforce seu ponto-de-vista:
a) O número de páginas dos best-sellers está cada vez maior.
b) Os best-sellers, como “O Código da Vinci” e “Harry Potter”, vendem cada vez mais.
c) A profecia do poeta Guillaume Apollinaire que afirmava que o livro deixaria de ser veículo de literatura.
d) Os best-sellers alcançam grandes tiragens em vários idiomas.
e) Alguns dos livros mais vendidos chegam a ter 800 páginas.
Gabarito
1. a) O sentido aí presente é (T→ pq→A), uma vez que, após uma constatação, se seguem as motivações que a fundamentam.
Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para o que preciso (TESE)./ É econômico (argumento 1), /nunca dá defeito (argumento 2)/ e tem espaço suficiente para transportar toda a minha família (argumento 3).
b) Nesse exemplo, já encontramos a orientação (A→ pt→T), uma vez que se parte de exemplificações para, a partir delas, enunciar uma proposição.
Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais (argumento 1);/ além disso, todo ano batemos recordes de produção agrícola (argumento 2)./ Sem contar que nosso parque industrial é um dos mais modernos do mundo (argumento 3)./ Definitivamente, somos o país do futuro. (TESE).
c) Aqui, o sentido é (T→ pq→A), em que de uma afirmação inicial se desdobram exemplos que a justificam.
Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem tudo para dar errado (TESE):/ nossa diferença de idade é grande (argumento 1) e nossos gostos são quase que opostos (argumento 2). Além disso, a família dela é terrível (argumento 3).
d) Nesse exemplo, o movimento é (A→ pt→T), já que se parte de uma causa que funciona como justificativa a uma enunciação que, por sua vez, é a consequência constatada.
Como o Brasil é um país muito injusto (argumento),/ toda política social por aqui implementada é vista como demagogia, paternalismo (TESE).
2. As experiências realizadas em laboratório e as observações astronômicas, ao exigirem novas descrições e novas teorias, conduzem a ciência a progredir.
3. a) O primeiro parágrafo constata que os professores não foram ouvidos na definição de mudanças na área educacional nos últimos 30 anos. Na conclusão, a autora apresenta uma proposta vinculada a essa constatação: a incorporação da opinião dos professores em futuras propostas.
b) Duas dentre as possibilidades:
– isso não vai dar certo… – fala atribuída aos professores
– “inclusão” – fala atribuída a defensores de uma determinada política
– o Brasil do século XXI não sabe ler ou não entende o que mal lê. – fala atribuída a todos ou várias pessoas indiscriminadamente.
4. Um dentre os aspectos:
– busca tom persuasivo
– defende ponto de vista
– constrói argumentação
5. B
6. B
7. C
 

LISTA DE EXERCÍCIOS

“A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.”

(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, 26ª ed., p. 31).

1. A ideia central do texto é (são):
a) as origens da sociedade brasileira.
b) a implantação da cultura europeia no Brasil.
c) o aperfeiçoamento da civilização brasileira.
d) as formas de convívio, instituições e ideias do Brasil.
e) a ausência de uma cultura brasileira.
 
2. O cérebro e a memória
Como se formam lembranças no cérebro de um bebê? Por que uma melodia romântica pode disparar sensações tão agradáveis? Por que não conseguimos nos lembrar do que aconteceu conosco antes dos três anos de idade?
Lembrar não implica apenas arquivamento de informações. É difícil perceber, mas precisamos de memória para atribuir sentido às experiências vivenciadas e conectá-las com outras. Não notamos, mas precisamos da memória também, por exemplo, para associar a bicicleta caída a um tombo que levamos ou para acertar o trajeto da cozinha à sala.
Na infância, quando aprendemos a andar, há uma explosão de conexões entre as células cerebrais. Cada experiência, por mais trivial que seja, imprime uma marca no cérebro, formando um circuito entre neurônios. Já as memórias que perdem o interesse vão sendo descartadas. Essa constante transformação do cérebro impede que haja duas pessoas iguais no mundo.
Uma curiosidade da memória é a seleção. Convenhamos: armazenar tudo seria tão inútil quanto não guardar nada. Então, para não se sobrecarregar, o cérebro é sábio. Divide as tarefas e usa tipos diferentes de memória. Para entender e escrever o que se ouve ou se lê, usa-se uma memória descartável. Essa é a memória de trabalho. O cérebro sabe que não precisa guardar informações corriqueiras por muito tempo. Por isso, reserva espaço para a memória de longa duração; Dessa forma, o cérebro escolhe o que vai 9formar nossa bagagem de experiências.
Algumas lembranças, entretanto, parecem emergir do nada: uma música pode reacender as sensações de um jantar romântico. Nesse caso, o cérebro associou a melodia ao rosto, ao cheiro, ao nome de uma pessoa. Naquele momento, neurônios formaram conexões para reconhecer todos os detalhes. A imagem foi montada pelo córtex visual: o perfume foi reconhecido no córtex olfativo; a música e as emoções do momento foram registradas em outras áreas do cérebro.
Mesmo finda a sequência, a cena ainda não estará completamente arquivada. As informações, frescas, precisam passar pelo hipocampo, que, como uma cola, reforçará cada elo do circuito de neurônios. Uma interrupção pode, inclusive, causar a desgravação ou a não gravação. Por isso, depois de um acidente de carro, por exemplo, a vítima esquece momentos imediatamente anteriores à batida. Um trauma interrompeu uma fase de gravação.
Uma vez fixado, um circuito de neurônios pode ficar no cérebro por décadas. Por isso, tempos depois, num bar, distraído, você ouve aquela música e pronto! Uma coisa puxa a outra e será suficiente para reativar todo o circuito. Aliás, a lembrança pode ser até mais agradável do que foi o acontecimento real.

Adaptado de: VARELLA, Dráuzio. O cérebro e a mente (Série ‘Cérebro, a máquina’). Disponível em: <http://www.drauziovarella.com.br>

Sobre o sentido e a funcionalidade do último parágrafo em relação ao todo do texto, é correto afirmar que ele
a) nega um argumento do penúltimo parágrafo.
b) reitera uma negação do primeiro parágrafo.
c) detalha informações do terceiro parágrafo.
d) responde a uma pergunta do primeiro parágrafo.
e) reforça com um novo exemplo a argumentação anterior.
 
3. Quando Jean-Jacques Rousseau desenvolveu a teoria do contrato social em obra clássica, não estava sendo o primeiro a afirmar que o Estado surge de um acordo de vontades. Antes dele, Thomas Hobbes já desenvolvera teoria semelhante. Existe, porém, um foco de divergência entre estes autores: se ambos consideram o homem primitivo vivendo num estado selvagem, passando à vida em sociedade mediante um pacto comum a todos, exatamente como se cria uma sociedade civil ou comercial, vale frisar que Rousseau imaginava uma convivência individualista, mas cordial, vivendo os homens pacificamente, sem atrito com seus semelhantes, ao contrário de Hobbes, para quem, em célebre tirada, “o homem é lobo do próprio homem” (homo homini lupus). Considerava Hobbes que o homem era um ser anti-social por natureza, e seu “apetite social” seria o fruto da necessidade da vida comunitária, fiscalizada por um aparato social gigantesco destinado a impor a ordem, o Estado, enfim. A este aparato Hobbes denominava “Leviatã”. Esta palavra, de origem bíblica, designava um monstro mitológico que habitava o rio Nilo e devorava as populações ribeirinhas, tal como, segundo Hobbes, o Estado faz com seus súditos…

ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Teoria Geral do Estado. 2ª ed. rev. e aum. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 18/19.

Considerando o gênero, o texto é uma
a) descrição que apresenta como característica a contraposição de ideias e a defesa de uma delas pelo autor.
b) descrição que tem como característica a presença de verbos de estado e a ausência do ponto de vista do autor.
c) dissertação do tipo subjetiva porque o autor apresenta e defende seu ponto de vista sobre a função do Estado.
d) dissertação do tipo objetiva porque o autor expõe ideias, sem posicionar-se contra ou a favor em relação a elas.
e) narração em que o autor apresenta uma longa introdução para, a seguir, narrar os feitos do monstro mitológico.
 
4. Ninguém migra sem a promessa de algo melhor. No passado, lendas e boatos compunham a mídia da esperança. A Terra Prometida, a lendária Atlântida, El Dorado ou o Novo Mundo forneceram histórias mágicas que motivaram muitos a partir. Hoje o sonho chega através da mídia global até o mais remoto povoado do mundo em desenvolvimento. Essas imagens contêm menos substância, menos realidade do que as lendas de outrora; no entanto, seus efeitos são incomparavelmente mais poderosos. A publicidade, que nos países ricos de onde provém é facilmente percebida como um sinal vazio, sem referente real, tem no Segundo e Terceiro Mundo o peso de uma descrição confiável de um modo de vida possível. Em grande medida, ela determina o horizonte de expectativas que impulsiona a migração.

Hans Magnus Enzensberger. O vagão humano (fragmento). In: Veja 25 anos – reflexões para o futuro

Todos os recursos a seguir são empregados pelo autor para apresentar e defender suas ideias, exceto:
a) fundamentação em fatos.
b) comparação no plano temporal.
c) comparação no plano espacial.
d) retomadas explicativas.
e) citação de autores da Antiguidade.
5. Clonagem
Parabenizo o jornalista Marcelo Leite pelo artigo “O conto das células de cordão” (Mais!, pag. 18,18/7).
A tecnologia de congelamento de células de cordão é muito bem dominada por alguns serviços médicos no Brasil há vários anos. Logo, seria natural que migrássemos para esse campo. Mas, mesmo sendo factível a sua introdução, ficamos convencidos de que essa seria uma área que só deveria ser implantada por instituições (preferencialmente públicas) responsáveis pelo tratamento de um grande contingente de pacientes, pois só com um cadastro nacional abrangente poderiam ser atendidos aqueles com indicação de transplante de medula óssea que não tivessem doadores relacionados disponíveis.
Infelizmente, foi com muito pesar que vi a proliferação de bancos de cordão voltados ao possível atendimento dos próprios doadores do cordão (crianças saudáveis e provenientes de famílias com bons recursos financeiros), uma prática totalmente desnecessária com pouca repercussão do ponto de vista da saúde pública.
Foi por esse motivo que nunca nos aventuramos nessa área.
Silvano Wendel, diretor médico do banco de sangue do Hospital Sírio-Libanês (São Paulo-SP)

FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 23 jul. 2004, p. A3, Painel do Leitor.

Na linguagem utilizada na carta “Clonagem” predominam funções vinculadas ao assunto e ao convencimento do leitor. Essas funções são percebidas pelo emprego de
a) expressões, como “infelizmente”, referentes ao sentimento do autor e de definições dos termos científicos empregados.
b) marcas da oralidade para garantir a atenção do leitor e paráfrases para evidenciar o modo como o texto foi organizado.
c) termos referenciais para informar com precisão e objetividade e argumentos para garantir a adesão do leitor ao ponto de vista do autor.
d) adjetivos para evidenciar os traços de subjetividade do autor e sinônimos para garantir a compreensão do leitor sobre o tema proposto.
e) recursos da linguagem figurada para garantir a compreensão da mensagem e verbos no modo imperativo para marcar uma proximidade com o leitor.
Linguagem de computador
Como funciona o código de barras?
Alexandre Nogueira, Maceió, AL
Também chamado de código UPC, Universal Product Code, Código Universal de Produtos, as barras nada mais são do que representações gráficas do código binário utilizado pelos computadores (0 e 1). Cada barra escura equivale a 1 e cada barra clara equivale a 0. Uma barra escura mais grossa que as outras é, na verdade, a somatória de várias barras escuras, umas ao lado das outras; o mesmo vale para as barras claras.
Sim, parece difícil de entender, afinal, é uma operação que envolve muitas contas, mas a intenção é simples: rastrear os passos de uma mercadoria e permitir ao proprietário ter mais controle do que tem e do que vende em uma loja.
Apesar da tecnologia ter sido desenvolvida na década de 50, somente após sua padronização, nos anos 70, empresas americanas e europeias começaram a utilizá-la em larga escala. Funciona assim: cada produto recebe uma numeração exclusiva internacionalmente reconhecida como GTIN, Número Global de Item Comercial (Global Trade Item Number), que será a chave de acesso para identificação do produto e suas características que devem estar armazenadas nos bancos de dados das empresas. É como se fosse um RG internacional da mercadoria e que pode ser representada por um ou mais tipos de código de barras. […]
Para decodificar a sequência de barras claras e escuras, os scanners (como aqueles que encontramos nos caixas dos supermercados) emitem sinais luminosos ou raios laser que são projetados no código, refletindo seu desenho e possibilitando sua identificação. […]

GALILEU, São Paulo, set. 2004, p. 84.

6. “Linguagem de computador” é um texto de divulgação, que se constitui a partir da intersecção de dois tipos discursivos, o científico e o jornalístico. Para tornar interessante e acessível ao grande público o assunto “funcionamento do código de barras”, Alexandre Nogueira utilizou como estratégia a
a) apresentação das motivações políticas para a implantação do GTIN.
b) caracterização da linguagem computacional recorrendo ao emprego de estrangeirismos.
c) descrição das representações gráficas do código de barras via oposição entre formato e cor.
d) explicação do funcionamento do código de barras seguindo as regras da linguagem de propaganda.
e) simulação de um diálogo com o leitor a partir do uso de perguntas e respostas retóricas.
 
7. Em “É como se fosse um RG internacional de mercadoria”, o autor compara o código de barras ao RG para
a) esclarecer que ambos os sistemas são controlados por redes de monitoramento.
b) explicar a finalidade do código de barras como instrumento de registro.
c) mostrar que esses códigos necessitam de procedimentos especiais de leitura.
d) descrever o funcionamento dos sistemas de identificação de produtos e de pessoas.
e) justificar a existência generalizada de códigos de identificação.
Gabarito
1. E
2. D
3. D
4. E
5. C
6. E
7. B

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