Olá, vestibulandos!
Já que entramos, em definitivo, no módulo “Desenvolvimento em Dissertações“, trago hoje uma redação pronta de um dos mais importantes vestibulares do país: a Unicamp. No ano passado, a banca deu aos candidatos três opções de temas. Mostro, neste post, uma delas. Na prova, o vestibulando devia observar um gráfico que mostrava a permanência e as mudanças de valores de uma geração para, a partir disso, desenvolver uma dissertação argumentativa sobre este tema: “Os Valores de Uma Geração”. Confiram!
INFLUÊNCIA DO MEIO
Quando o assunto é a mudança ou permanência dos valores de uma geração, é muito comum que o saudosismo impere, e que se ouça dos mais velhos o quanto a juventude atual é pior do que a antecessora. No entanto, se analisarmos bem a contemporaneidade, o velho clichê “na minha época, as coisas eram diferentes” dá lugar à certeza de que nem tudo mudou para a pior. Na verdade, pesquisas feitas recentemente mostram que o jovem, hoje em dia, se encontra plenamente consciente do mundo que o cerca, e não perdeu os valores de outrora, como é tão corriqueiro acusar. É claro que mudanças ocorreram, pois a realidade circundante é extremamente dinâmica, mas é necessária, sim, uma análise mais aprofundada sobre a questão.
Quanto às mudanças, elas mostram como a filosofia do jovem contemporâneo se inverteu. A pesquisa mostra que, em 2008, aumentou o número de jovens que priorizam sua independência financeira, em relação a 1999. Nesse mesmo período de tempo, caiu a porcentagem daqueles cujo objetivo maior é se divertir e aproveitar a vida. Isso mostra uma nova e ampla noção dessa juventude sobre a realidade circundante, pois em um mundo onde o mercado de trabalho é cada vez mais competitivo e acirrado, é preciso mesmo ter em mente a necessidade de focar no crescimento pessoal, a fim de garantir a própria sobrevivência, deixando o exacerbado carpe diem de outrora em segundo plano.
No entanto, é preciso atentar para o fato de que os jovens, na contemporaneidade, ainda prezam valores tradicionais, como o desejo de viver em uma sociedade mais segura e o de constituir uma família. Isso evidencia que, talvez levemente perdido em um mundo tão dinâmico, ou temendo que o individualismo que o cerca na realidade pós-moderna o arraste para uma velhice solitária, essa juventude atual se agarre aquilo que há de mais sagrado, confortável, e seguro.
Dessa forma, é possível percebermos que, embora seja preciso fugir de um determinismo quase darwinista, é muito válido pensar que o jovem – como a maior parte dos seres humanos – procura se adaptar à realidade que o cerca da melhor forma possível. É certo que, hoje, a demanda e as exigências profissionais são maiores e mais cruéis, logo, o fato de a juventude valorizar o crescimento profissional e a estabilidade financeira só mostra o discernimento da mesma com relação à sua própria sobrevivência. Existem valores, todavia, que nunca mudam, e a estabilidade familiar é um deles. Só nos resta torcer para que, daqui a alguns anos, quando esta pesquisa for feita novamente, somente um valor estável mude de fato: que não precise mais haver o desejo de viver em uma sociedade segura, e sim a realidade e o prazer desta tão sonhada realidade.