Blog Descomplica
pessoa segurando um livro aberto estudando para resolver questões sobre literatura

Confira algumas questões de Literatura e gabarite no Enem

Literatura é muito importante no Enem. É preciso conhecer bem seus autores e obras e nada melhor do que resolver questões para isso!

Atualizado em

Compartilhe

Literatura é uma das disciplinas mais importantes do Enem. Isso porque ela pode se relacionar a vários assuntos e incentivar discussões sobre passado, presente e futuro. De maneira geral, os temas mais cobrados em Literatura incluem figuras e funções de linguagem, interpretação de texto e obras clássicas das escolas literárias.  

No momento de estudar, nada melhor do que resolver algumas questões de Literatura Enem, não acha? Assim, você entende como o assunto é cobrado na prova e ainda descobre qual é o seu nível de conhecimento da disciplina.

O que se sabe é que o Enem explora principalmente questões relacionadas ao Modernismo e ao Romantismo, mas há muito o que saber. Vem com a gente que temos ótimas questões de Literatura pra você treinar!

Como Literatura cai no Enem?

Em média, a disciplina Literatura é cobrada em oito a dez questões do Enem, mas este número pode variar.

Uma dica é estudar o autor Carlos Drummond de Andrade, ícone do modernismo, que quase sempre aparece nas perguntas. Vale a pena estudá-lo mais a fundo e conhecer as várias fases do seu trabalho: gauche, social, filosófica e de memórias.

Como o Enem é uma prova interdisciplinar, as questões de Literatura podem aparecer em outros temas, relacionados a História, Geografia, Arte, Gramática, etc.  

Questões de Literatura para estudar para o Enem

A seguir, você confere dez questões de Literatura que caíram em edições do Enem. Tente resolver todas, marque as respostas e, no fim, confira o gabarito pra ver se você mandou bem, ok?

1. Leia o poema a seguir:

A cantiga

“Ai cigana ciganinha,

ciganinha, meu amor”.

Quando escutei essa cantiga

era hora do almoço, há muitos anos.

A voz da mulher cantando vinha de uma cozinha,

ai ciganinha, a voz de bambu rachado

continua tinindo, esganiçada, linda,

viaja pra dentro de mim, o meu ouvido cada vez melhor.

Canta, canta, mulher, vai polindo o cristal,

canta mais, canta que eu acho minha mãe,

meu vestido estampado, meu pai tirando boia da panela,

canta que eu acho minha vida.

(Adélia Prado. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.)

Acerca desse poema, é correto afirmar que:

(A) a poeta tem consciência de que seu passado é irremediavelmente perdido.

(B) existe um tom sarcástico e um saudosismo de raiz romântica.

(C) a cantiga faz com que a poeta reviva uma série de lembranças afetivas.

(D) predomina o tom satírico e o caráter autobiográfico.

(E) desvaloriza os elementos da cultura popular.

2. No Brasil, o Classicismo é mais conhecido como Quinhentismo, abrangendo toda a produção literária da fase renascentista no século XVI. Toda literatura desse período foi escrita por portugueses e resume-se à:

(A) literatura de catequese, cuja principal função era doutrinar os indígenas segundo os preceitos cristãos. São escritos, principalmente, dos padres Antônio Vieira e José de Anchieta.

(B) literatura de informação, com documentos sobre as terras descobertas, suas belezas e habitantes, e também a literatura indígena, que foi posteriormente traduzida para o português.

(C) literatura de informação, representada principalmente pela Carta de Pero Vaz de Caminha, cuja finalidade era a de relatar as características da terra descoberta, e a literatura jesuíta, que produziu textos simples com a finalidade de catequizar os índios.

(D) literatura de protesto, produzida para denunciar o extermínio da população indígena e os desmandos da coroa portuguesa no Brasil. Essa literatura foi representada por nomes como Gonçalves Dias e Padre José de Anchieta.

(E) literatura de formação, cuja principal função era alfabetizar os indígenas para que eles pudessem produzir a literatura brasileira independentemente da literatura portuguesa.

 3. Leia o texto a seguir:

Os bons vi sempre passar

No Mundo graves tormentos;

E pera mais me espantar

Os maus vi sempre nadar

Em mar de contentamentos.

Cuidando alcançar assim

O bem tão mal ordenado,

Fui mau, mas fui castigado,

Assim que só pera mim

Anda o Mundo concertado.

(Luís de Camões: Ao desconcerto do Mundo. In: Rimas. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar Editora, 1963, p. 475-6.)

Quanto ao significado, o poema baseia-se em antíteses de tal maneira organizadas que parecem refletir:

(A) a coita amorosa.

(B) o amor cortês.

(C) a máquina do mundo.

(D) o heroísmo português.

(E) o desconcerto do mundo.

4. Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,

Soluçando nas trevas, entre as grades

Do calabouço olhando imensidades,

Mares, estrelas, tardes, natureza.

 

Tudo se veste de uma igual grandeza

Quando a alma entre grilhões as liberdades

Sonha e, sonhando, as imortalidades

Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

 

Ó almas presas, mudas e fechadas

Nas prisões colossais e abandonadas,

Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

 

Nesses silêncios solitários, graves,

que chaveiro do Céu possui as chaves

para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema “Cárcere das almas”, de Cruz e Sousa, são:

(A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.

(B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.

(C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.

(D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.

(E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

5. Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo.

AZEVEDO, A. O Cortiço. São Paulo: Ática, 1983 (fragmento)

No romance O Cortiço (1890), de Aluízio Azevedo, as personagens são observadas como elementos coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois:

(A) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.

(B) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo.

(C) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.

(D) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.

(E) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais.

6. Leia o texto a seguir:

Oficina irritada

Eu quero compor um soneto duro

como poeta algum ousara escrever.

Eu quero pintar um soneto escuro,

seco, abafado, difícil de ler.

 

Quero que meu soneto, no futuro,

não desperte em ninguém nenhum prazer.

E que, no seu maligno ar imaturo,

ao mesmo tempo saiba ser, não ser.

 

Esse meu verbo antipático e impuro

há de pungir, há de fazer sofrer,

tendão de Vênus sob o pedicuro.

 

Ninguém o lembrará: tiro no muro,

cão mijando no caos, enquanto Arcturo,

claro enigma, se deixa surpreender.

(Carlos Drummond de Andrade) 

Observa-se, na primeira estrofe, uma intenção de falar dentro do próprio poema sobre a construção do texto. Essa estratégia da linguagem é chamada de:

(A) metáfora.

(B) metalinguagem.

(C) intertextualidade.

(D) poesia.

(E) tragédia. 

7. “Tupi or not tupi, that is the question”. A paráfrase, elaborada a partir da célebre frase de William Shakespeare, figurava no Manifesto Antropófago de 1928, escrito por Oswald de Andrade, um dos principais líderes do movimento modernista. A esse respeito, é correto afirmar:

(A) O modernismo brasileiro questionava o nacionalismo defendido pelas elites regionais como um dos aspectos do atraso cultural a ser superado.

(B) Os principais líderes do movimento modernista brasileiro eram filhos de imigrantes originários da classe operária de São Paulo e do Rio de Janeiro. 

(C) A produção modernista brasileira evidenciava a assimilação de referências culturais estrangeiras e a sua articulação com as particularidades nacionais. 

(D) Os artistas e escritores modernistas, influenciados pelas notícias referentes à Revolução Bolchevique, fundaram o Partido Comunista do Brasil em 1922.

(E) O modernismo brasileiro teve uma extraordinária aceitação no interior das Forças Armadas, que se tornaram um de seus centros de difusão cultural. 

8. Veja os versos a seguir:

“Em tristes sombras morre a formosura,

em contínuas tristezas a alegria”

Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura de linguagem que consiste em aproximar termos de significados opostos, como “tristezas” e “alegria”. O nome dessa figura de linguagem é:

(A) metáfora.

(B) aliteração.

(C) hipérbole.

(D) antítese.

(E) hipérbato.

9. Lépida e leve

Língua do meu Amor velosa e doce,

que me convences de que sou frase,

que me contornas, que me vestes quase,

como se o corpo meu de ti vindo me fosse.

Língua que me cativas, que me enleias

os surtos de ave estranha,

em linhas longas de invisíveis teias,

de que és, há tanto, habilidosa aranha…

[…]

Amo-te as sugestões gloriosas e funestas,

amo-te como todas as mulheres

te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor,

pela carne de som que à ideia emprestas

e pelas frases mudas que proferes

nos silêncios de Amor!…

MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (fragmento).

A poesia de Gilka Machado identifica-se com as concepções artísticas simbolistas. Entretanto, o texto selecionado incorpora referências temáticas e formais modernistas, já que, nele, a poeta: 

(A) procura desconstruir a visão metafórica do amor e abandona o cuidado formal.

(B) concebe a mulher como um ser sem linguagem e questiona o poder da palavra.

(C) questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa a construção do verso livre.

(D) propõe um modelo novo de erotização na lírica amorosa e propõe a simplificação verbal.

(E) explora a construção da essência feminina, a partir da polissemia de “língua”, e inova o léxico.

 

10. O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:

Oh! eu quero viver, beber perfumes

Na flor silvestre, que embalsama os ares;

Ver minh’alma adejar pelo infinito,

Qual branca vela n’amplidão dos mares.

No seio da mulher há tanto aroma…

Nos seus beijos de fogo há tanta vida…

–– Árabe errante, vou dormir à tarde

À sombra fresca da palmeira erguida.

 

Mas uma voz responde-me sombria:

Terás o sono sob a lájea fria.

ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.

Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra:

(A) embalsama.

(B) infinito.

(C) amplidão.

(D) dormir.

(E) sono. 

Gabarito com as respostas 

1.Letra C. No poema, fica evidente que a cantiga remete ao passado da eu lírica. Ao ouvir a cantiga, ela revive lembranças que a fazem sentir emoções como se tivesse achado a própria vida.

2. Letra C. Dois tipos de literatura foram produzidos no Brasil colonial do século XVI: a literatura de informação, que trazia relatos de viagens e descobrimentos; e a literatura de catequese, empregada para doutrinar os indígenas dentro da cultura e da religião portuguesas.

 3. Letra E. O poema reflete sobre o desequilíbrio no mundo, que parece muito injusto ao permitir que sofram aqueles que fazem o bem e que se contentem aqueles que fazem o mal.

 4. Letra C. O Simbolismo foi uma estética que valorizava a forma poética tradicional, utilização de figuras de linguagem e abordagem metafísica e/ou mística para comunicar temas universais.

5. Letra C. Os adjetivos “harmonioso” e “nostálgico” e o substantivo “tristeza” para caracterizar o fado estabelecem um contraste com palavras como “vibrantemente”, “ardentes” e “delirantes” para se referir à música brasileira e seu caráter envolvente e contagiante.

6. Letra B. “Oficina irritada”, de Carlos Drummond de Andrade, é um poema que versa sobre o próprio fazer poético, o que faz dele um metapoema.

7. Letra C. O Modernismo foi um movimento que buscava dar consistência ao ideário nacional brasileiro sem perder de vista seus diálogos com manifestações culturais estrangeiras.

8. Letra D. Antítese é a figura pela qual se opõem, numa mesma frase, duas palavras ou dois pensamentos de sentido contrário. Ela foi muito empregada pela estética barroca.

9. Letra E. O poema de Gilka Machado incorpora referências temáticas e formais modernistas, como a construção da essência feminina (ausente nas temáticas simbolistas). O poema evidencia o trabalho formal (inclusive pelo ritmo) e constrói uma visão metafórica do amor (associado à linguagem).

10. Letra E. A palavra “sono” no poema é metáfora da morte, remetendo ao sono eterno da morte.

E aí? Acertou quantos? Se precisar de uma forcinha pra estudar para o Enem, vem pra Descomplica! Conheça nosso cursinho para vestibular e faça parte do nosso time de milhões! 

Comentários

ícone de atenção ao erroícone de atenção ao erroícone de atenção ao erro

Hora do Treino de Redação - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Últimos posts

Quer receber novidades em primeira mão?
Prontinho! Você receberá novidades na sua caixa de entrada.

Veja também

Separamos alguns conteúdos pra você