To vírgula or not to vírgula – Questão comentada
Olá, galerinha! Pra resumir as ideias que vim expondo nos posts anteriores, vai pra vocês uma questão da FUVEST sobre diferenças semânticas com o uso da vírgula. Apreciem:
Considere os períodos I, II e III, pontuados de duas maneiras diferentes.
I. Ouvi dizer de certa cantora que era um elefante que engolira um rouxinol / Ouvi dizer de certa cantora, que era um elefante, que engolira um rouxinol.
II. A versão apresentada à imprensa é evidentemente falsa / A versão apresentada à imprensa é, evidentemente, falsa.
III. Os freios do Buick guincham nas rodas e os pneumáticos deslizam rente à calçada / Os freios do Buick guincham nas rodas, e os pneumáticos deslizam rente à calçada.
Com pontuação diferente ocorre alteração de sentido somente em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
Resposta correta: letra D
Observem que no primeiro par, temos um termo – que era um elefante – que não aparece entre vírgulas na primeira frase e com vírgulas na segunda. Isso pode gerar as seguintes interpretações: na primeira, uma cantora disse que eu (sujeito desinencial do verbo ser) era um elefante que cantava supostamente bem, pois engolira um rouxinol. Com as vírgulas na segunda aparição, a cantora passa a ser um elefante que canta bem, pois as vírgulas criam um aposto explicativo em relação ao substantivo cantora. Logo, houve mudança de significado.
O segundo par fala sobre uma versão que foi apresentada à imprensa, mas que é evidentemente falsa (sem vírgulas, relativo ao modo das evidências), o que nos leva ao fato de que as evidências da dita versão não são confiáveis. No segundo caso, evidentemente está entre vírgulas e possui o mesmo valor de obviamente. Dessa forma, a vírgula marca agora palavra explicativa e não mais advérbio deslocado.
Espero que tenha ajudado, queridos. Para maiores dúvidas, basta comentarem.
Grande abraço.