Olá, rapaziada do Descomplica! Tudo em ordem?
Em nosso último resumo semanal, nós estudamos um pouquinho o surgimento da sociologia. Vimos que a ciência sociológica surgiu no século XIX e foi fundada por Augusto Comte. Vimos também o que é que se passava na cabeça do pensador francês quando ele decidiu criar esse novo ramo do conhecimento. A pergunta que fica para nós, porém, é: afinal, por que isso tudo aconteceu na Europa e no século XIX? Por que é que a ideia comtiana de que precisamos explicar cientificamente a vida social só se deu nesse lugar e nesse momento histórico? Por que não antes, por que não depois? Por que não em outro continente? Pois é, hoje, o nosso objetivo é saber a resposta dessas perguntas. Hoje, nosso estudo será o sobre o contexto histórico do surgimento da sociologia.
Já sabemos que a ciência da sociedade surgiu na Europa, no século XIX. Ora, o que se passava neste período? As consequências do que se passou no século XVIII. Sim, pode parecer engraçado, mas o único jeito de compreendermos os anos de 1800 é observando os grandes fatos históricos dos anos de 1700. Foi no século XVIII que acontecerem alguns eventos de enorme importância, responsáveis por mudanças absolutamente radicais na sociedade europeia e que deram origem à nova ordem social do século XIX. Pois bem, quais foram então esses grandes fatos históricos do XVIII? Isso mesmo, parabéns por lembrar aulas de história! Esses grandes fatos foram o Iluminismo, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial.
Cada um desses fatores históricos representa a mudança de um campo da experiência humana. O Iluminismo, por exemplo, é um movimento filosófico e representa a mudança no campo das ideias, da mentalidade. Como seu próprio nome indica, o propósito do pensamento iluminista era iluminar a realidade, trazer a luz. No entanto, que luz era essa? A luz da razão. O projeto comum dos iluministas era racionalizar todos os aspectos da existência humana, do conhecimento à vida social, da política às práticas religiosas.
Por outro lado, que grande transformação representa a Revolução Francesa? A transformação política, certamente. Com efeito, o que os revolucionários promoveram não foi apenas uma mudança de governo, a passagem de um rei para outro. O que mudou foi a própria maneira como se enxergava o poder. Mais do que o ocupante de um cargo, foi o próprio modo de fazer política que se transformou. Para o bem ou para o mal, o fim do absolutismo representou o início de uma nova era na história da política, na qual esta passou a se ver cada vez mais separada da religião e na qual se tornou predominante acreditar que o fundamento da autoridade do Estado está na vontade do povo.
Por fim, temos a Revolução Industrial. Evento histórico mais importante do século XVIII europeu, a industrialização mudou radicalmente a economia e consolidou definitivamente o capitalismo como sistema econômico reinante. Pela primeira vez na história, a produção econômica deixava de ser manual, artesanal, passando a ser baseada no uso de máquinas. Assim, naturalmente, não apenas a produção se tornou muito maior e mais rápida, como a própria tecnologia passou a ter uma evolução muito mais intensa, que acompanhamos até hoje. A própria organização social se modificou em função da indústria. Afinal, as fábricas funcionavam nas cidades e para lá se dirigiram em massa os trabalhadores, ocasionando um grande inchaço populacional.
Meus amigos, imaginem agora todas essas mudanças acontecendo ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Em poucas décadas, a Europa mudou radicalmente suas ideias, seu modo de fazer política e sua vida econômica. Era uma sociedade completamente diferente aquela que surgia no século XIXDiante de um aparente caos tão generalizado, foi natural que alguns homens procurassem construir uma ciência da sociedade. Sua pergunta era: “Afinal, o que está acontecendo aqui? O que houve com nossa sociedade?”. A sociologia surgiu no século XIX porque nunca antes uma sociedade havia passado por mudanças tão intensas tão mudanças. Essas mudanças exigiam uma explicação. Não à toa, alguns autores dizem que a sociologia é a “ciência da crise”. De fato, ela é filha da crise da sociedade europeia.
Esse resumo foi produzido pelo monitor Pedro Ribeiro.