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O que é ética? História e resumo

Quer saber mais sobre o que é ética, sua história e como funciona a relação entre valores e comportamentos humanos? Então confira o conteúdo.

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Você já deve ter ouvido a palavra “ética” sendo usada como um elogio. No senso comum, dizemos que uma pessoa age dessa forma quando faz algo que consideramos correto. Mas afinal, o que é agir de maneira correta?

Neste artigo vamos estudar um pouco mais desta disciplina buscando entender sua importância para o desenvolvimento do pensamento filosófico e sua relação com a moral humana em diferentes contextos históricos.

Origem

O estudo da ética, em linhas gerais, compreende um ramo da filosofia que estuda a ação humana a partir dos diferentes princípios e valores que a orientam. Estes valores estão associados ao que consideramos bom, justo ou correto, e variam de sociedade para sociedade.

Palavra

A palavra ética tem origem do grego “ethos”, que significa “costume”, “caráter” ou “modo de ser”. Sob alguns aspectos, a palavra ética é considerada sinônimo de “moral”, que vem do latim “mos” ou “mor”, e possui, na origem da palavra, o mesmo significado. Mas afinal, moral e ética são a mesma coisa?

Discussões

Ética X Moral

Como já vimos no início do texto, a ética é um ramo da filosofia que estuda os princípios que regem a ação dos homens. Em outras palavras, ela analisa os valores por trás das ações humanas.

A moral, por sua vez, consiste justamente nesses valores: pode ser definida como o conjunto de regras que determinam os comportamentos. Apesar dos dois termos serem vistos como sinônimos de “agir bem” ou “agir corretamente”, ética e moral não são necessariamente a mesma coisa. De certa forma, a ética é uma reflexão sobre a moral.

Sobre a relação entre elas, é importante destacar:

  • Enquanto a ética oferece uma reflexão crítica acerca da moral, é a moral que dá base para a existência da própria ética.
  • Qualquer mudança na moral (ou seja, nos valores de um determinado grupo social), interfere diretamente na ética (ou seja, nas reflexões acerca dos comportamentos deste grupo).

Senso, consciência e agente

Por senso compreendemos como a maneira que julgamos a partir dos valores, como “justo” ou “bom”. A consciência é uma atitude crítica frente a esses valores. A consciência implica numa postura de avaliação não só de um acontecimento a partir de uma valor, mas na legitimidade dos valores mobilizados.

Um agente moral é um indivíduo que, frente a uma determinada situação, é capaz de mobilizar sua moral para realizar sua avaliação e que assume uma atitude crítica e reflexiva frente a esse conjunto de valores. O agente é autônomo e responsável em vez de passivo.

O eu e o outro

A ética e a moralidade pressupõe que o comportamento humano deve buscar o bem estar de todos os indivíduos que integram o grupo. Para a formação desse código moral é crucial que haja:

  • Consciência de si – O indivíduo deve ter consciência de seu “eu”, aquilo que forma sua identidade. Além da consciência de suas limitações, possibilidades e, principalmente, das consequências de suas ações.
  • Consciência de outro – Saber os limites de sua identidade, até onde vai aquilo que o compõe como indivíduo, implica conhecer o outro, reconhecer o outro como indivíduo também e conhecer a fronteira que os separa.

Ética em um pequeno contexto histórico

Na Antiguidade

Ligado à filosofia, o conceito de ética surge na Grécia Antiga durante o século V a.C. Em um contexto de intensa reflexão a respeito das regras de convívio social, os pensadores gregos buscavam entender o funcionamento do regime de comportamento humano. Na Antiguidade, ética compreendia o estudo das formas de se alcançar a felicidade, plenitude e o “bem viver”.

Na Idade Média

Como tentativa de racionalizar as ações nas relações humanas, pensadores sofistas gregos entendiam que os princípios morais eram resultados de convenções sociais, e não frutos de uma moral religiosa. Mas, na Idade Média, isso mudou: a filosofia foi dominada pelo cristianismo e pelo islamismo, fazendo com que a ética estudasse uma moral baseada na interpretação dos mandamentos e preceitos religiosos.

No fim da Idade Média

Entre os séculos XIV e XVIII, com o fim da Idade Média, os temas éticos da Antiguidade foram retomados. Agora, a ética teria base no pensamento humano e não em tradições religiosas. Mais uma vez, a ética voltaria a ser entendida como um meio de se alcançar a felicidade e o bom convívio social.

O que é Ética Teleológica?

O conceito de virtude foi muito discutido pelos filósofos gregos da Antiguidade. Para Aristóteles, a vontade humana tem muito valor e a virtude é a real “disposição de fazer o bem”.

Ao analisar o conceito, Aristóteles não reconhece a virtude como algo inato aos homens, mas sim de uma forma de disposição que precisa ser desenvolvida. Portanto, para ele, essa disposição seria aperfeiçoada com o hábito. Mas não se engane, para que o agente seja de fato considerado virtuoso, seria preciso haver certas condições de consciência na escolha de seus atos, que deveriam acontecer de maneira firme e imutável.

Aristóteles defendia que a ética deveria ser baseada no télos do ser humano, sua finalidade, que é ser feliz. Mas, para ser feliz, o indivíduo deveria se voltar a essência da condição humana, sua racionalidade. Por isso, Aristóteles defende que a virtude é um meio-termo entre a ausência e o exagero, a mediania.

Éticas Helenistas

Por ser uma filosofia fortemente marcada pela preocupação com o modo de vida, a ética helenista baseia se no estabelecimento de regras da “arte de viver”. O homem deixa de ser observado em sua condição de “animal político” e passa a viver pela cidadania. Desiludido com a política, ele se volta para a busca por sua felicidade pessoal.

Tendo forte relação de oposição com a filosofia clássica, platônica e aristotélica, a ética helenista possui uma fusão entre a tradição grega e a cultura oriental como uma de suas principais características.

Epicurismo

O filósofo grego Epicuro (341-270 a.C.) também conhecido como o “profeta do prazer e da amizade” foi responsável pela construção da filosofia epicurista. Nela, a identificação do bem soberano com o prazer está presente na ação, compondo uma moral.

Epicuro substitui em sua ética, o bem pelo prazer e o mal pela dor. Desta forma, a felicidade consiste em assegurar-se no máximo prazer e o mínimo de dor. Visando a saúde do corpo e do espírito, esse conceito dá origem a uma doutrina filosófica e moral com base no “prazer” como forma de obtenção da felicidade humana.

Importante ressaltar que Epicuro advogava por um prazer racional. Entregar-se às paixões de desejos exacerbadamente era um equívoco para o pensador. Deveríamos então nos dedicar aos prazeres do intelecto como boas amizades e a filosofia. É célebre a frase do pensador que representa seu pensamento: “ A quem não basta pouco, nada basta.”

Estoicismo

Fundada por Zenão de Cício (335-264 a.C.) e desenvolvida por diferentes gerações de filósofos, o estoicismo que se caracteriza por uma ética de imperturbabilidade. Nela, as paixões devem ser extirpadas e a aceitação do destino se fazer fundamentais. O homem sábio é o que experimenta de forma verdadeira esta forma de felicidade.

A corrente defende que o mundo é regido por uma ordem universal, uma razão que controla tudo. Assim, entregar-se a paixões e tentar realizar seu desejos apenas aumenta a dor, porque o que acontece segue a ordem que rege tudo. Para se feliz o ser humano deve buscar compreender e, assim, se integrar a essa razão.

Cinismo

Diógenes defendia a negação da moral vigente. Conhecido como o “Sócrates louco”, radicalizou o método socrático circulando pela pólis confrontando os indivíduos pelas suas crenças, principalmente no que achavam certo e errado.

Vivia num barril e se masturbava em público. Toda a construção social baseada em limites morais e de comportamento era questionada pelo filósofo. Como podemos ver, o cinismo defende a suspensão das convenções sociais.

Reza a lenda que, certa vez, Alexandre, o Grande, intrigado com o comportamento do pensador e amante da filosofia (foi aluno de Aristóteles) foi ter com Diógenes. Parado à sua frente, perguntou: “O que posso fazer por você?”. Ao passo que lhe foi respondido: “Que saia da frente do meu sol”. Vendo seus oficiais zombarem de Diógenes, Alexandre declarou: “Se não fosse Alexandre, queria ser Diógenes”.

Ceticismo

O ceticismo, ou pirronismo, é uma escola de pensamento próxima ao cinismo. Isso porque o ceticismo crê que alcançar uma verdade de fato é impossível ou, caso seja, é impossível comunicar essa verdade.

Baseada no relativismo dos sofistas, o ceticismo desse período defende então a suspensão do juízo, já que encontrar uma verdade absoluta está fora de questão.

dada essa impossibilidade, o que devemos fazer é desfrutar do mundo e da vida como se apresentam para nós, através da nossa percepção dessa verdade. A vida é o que acontece aqui e agora, deve ser vivida com foco no imediato.

O que é Ética Utilitarista?

A ética utilitarista é uma doutrina que se organiza a partir do princípio de utilidade, onde as ações são conduzidas de forma prática. Nela, as situações devem ser analisadas por finalidade, com o objetivo de proporcionar a maior quantidade de bem-estar ao maior número de pessoas possível.

A moral deste tipo de ética se guia a partir da ideia de que os fins justificam os meios. Dessa forma, ela se opõe a ética deontológica e ao imperativo categórico de Kant. Por abrir mão da relação entre moral e razão universal, a ética utilitarista deve contar sempre com um cálculo que preveja o resultado de uma ação. Seu objetivo é proporcionar a maior quantidade de prazer e menor sofrimento ao maior número de pessoas possível. Esta ética prioriza resultados quantitativos, e sua formulação teórica se deve a Jeremy Bentham (1748-1832).

Hedonismo Qualitativo

Uma aprimoração da teoria utilitarista se deve a John Stuart Mill (1806-1873). Ele adicionou ao utilitarismo de Bentham a noção de qualidade. Para ele, o agente moral deve visar não só a quantidade, mas a qualidade da ação moral. Ou seja, deve visar o benefício do maior número de pessoas, prejudicando o menor número possível de pessoas.

Ética Deontológica

A ética deontológica, do grego “deon”, significa “dever”, “obrigação”. Nesta terminologia, a moral por trás de uma ação é priorizada e tida como mais importante do que suas consequências. Por tratar de princípios, ela ficou conhecida também como “teoria do dever”. Para Kant, agir por dever é um modo de conferir valor moral à ação.

Imperativo Categórico de Kant

Sendo um dos principais conceitos da filosofia de Kant (1724-1804), imperativo categórico é uma forma de ética. O conceito é desenvolvido a partir da necessidade de tomar decisões como um ato moral, sem agredir ou afetar outras pessoas.

Ética e ciência

Desde o Renascimento que o ser humano é o princípio que norteia a organização social e a produção de conhecimento. Com o advento da Revolução Científica e com o Iluminismo, a razão impulsiona a humanidade rumo ao desenvolvimento tecnológico.

Esse fenômeno faz surgir uma subárea da ética, chamada bioética. Esse campo de discussão é uma interseção entre filosofia e ciências da saúde. Sua principal questão é: quais os limites devemos impor ao avanço tecnológico e a ciência, principalmente na possibilidade produzir transformações naquilo que concebemos como ser humano.

Vários temas importantes estão sob a ação desse ramo da ética, tais como:

  • Eutanásia;
  • Aborto;
  • Clonagem;
  • transplantes de órgãos;
  • alimentos geneticamente modificados;
  • experimentos em humanos e animais;
  • suicídio;
  • fertilização in vitro etc.

Ética: resumo

  • Moral é o conjunto de regras que regem o comportamento dos indivíduos enquanto ética é uma reflexão sobre esses valores;
  • Conhecer e refletir sobre os valores morais e éticos humanos são de extrema importância para o convívio social;
  • A ética teleológica defende que a virtude está no equilíbrio;
  • As éticas helenistas tem como características uma conexão do homem com a natureza ao seu redor e uma forte influência oriental;
  • O utilitarismo defende um cálculo onde uma ação é ética se trouxer felicidade ao maior número de pessoas
  • Na deontologia o comportamento ético não deve ser justificado pela sua consequência ou com interesses externos à ação (como felicidade ou salvação). O agir ético tem a si mesmo como fim, sem recompensas ou objetivos. Fazer o bem é um dever.

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