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O ato da criação, de Michelangelo

O que é classicismo e como surgiu?

Pensando na sua preparação para o Enem, preparamos esse conteúdo sobre o movimento Classicista. Confira aqui e saiba tudo sobre o assunto!

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Venha ficar por dentro do que foi o Classicismo e suas características na Arte e na Literatura.

Você, provavelmente, já deve ter ouvido falar nas mais famosas obras de arte do Classicismo, mas não conhece as características desse movimento.

Neste post, veremos quais são as características do Classicismo na Arte e na Literatura, para poder apreciar melhor essas obras e acertar as questões nas provas.

Contexto histórico

O Classicismo é a produção artística do Renascimento. Você lembra o que é Renascimento? O Renascimento foi um movimento cultural, surgido na Itália, que retomou a valorização da Antiguidade Clássica e do Antropocentrismo. Nesse período, a ascensão da burguesia e as

Grandes Navegações proporcionaram o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, fazendo com que o homem voltasse a se ver como centro de tudo, já que, durante a Idade Média, a visão era teocêntrica.

No campo da pintura, o Renascimento trouxe mudanças como a perspectiva e o cuidado com o espaço de composição, tendo como principais pintores Leonardo da Vinci, Michelângelo e Rafael Sanzio.

Davi, de Michelangelo

(Davi, de Michelangelo)

O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci

(O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci)

O nascimento da Vênus, de Sandro Botticelli

(O nascimento da Vênus, de Sandro Botticelli)

No campo da literatura, ganharam destaque a poesia épica, em que houve diálogo com as principais epopeias clássicas (como Ilíada e a Odisseia, de Homero) e a poesia lírica, na qual houve inovações (como o dolce stil nuovo – “doce estilo novo”, criado por Dante Alighieri) e uma ruptura com a lírica medieval ao apresentar uma nova concepção de amor: a amada não mais desencadeia sofrimento, ela desperta sentimentos bons – como é possível observar no poema a seguir:

[É tão gentil e tão honesto o ar]

É tão gentil e tão honesto o ar
de minha Dama, quando alguém saúda,
que toda boca vai ficando muda
e os olhos não se afoitam de a fitar.

Ela assim vai sentindo-se louvar
na piedosa humildade em que se escuda,
qual fosse um anjo que dos céus se muda
para uma prova dos milagres dar.

Tão afável se mostra a quem a mira
que o olhar infunde o coração dulçores
que só não sente quem jamais olhou-a.

E quando fala, dos seus lábios voa
Uma aura suave, trescalando amores,
que dentro d´alma vai dizer: “Suspira!”

ALIGHIERI, Dante. É tão gentil e honesto o ar. Trad. Augusto de Campos. In: CAMPOS, Augusto de. Invenção: de Arnaut e Raimbaut a Dante e Cavalcanti. São Paulo: Arx, 2003.

Além de Dante, outro poeta renascentista importante foi o italiano Francesco Petrarca, que, além de consolidar as mudanças promovidas por Dante, trabalhou a angústia do eu lírico diante do sentimento amoroso, como veremos no poema a seguir:

Soneto XXII

Se amor não é este sentimento?
Mas se é amor, por Deus, que coisa é a tal?
Se boa por que tem ação mortal?
Se má por que é tão doce o seu tormento?

Se eu ardo por querer por que o lamento
Se sem querer o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento.

E se eu consinto sem razão pranteio.
A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou para o alto mar e sem governo.

É tão grave de error, de ciência é parca
Que eu mesmo não sei bem o que anseio
E tremo em pleno estio e ardo no inverno.

Petrarca, Francesco. Poemas de amor de Petrarca. Trad. Jamir Almansur Haddad. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p.63.

Principais autores e suas obras

  • Dante Alighieri (escreveu a “Divina Comédia”)
  • Francesco Petrarca (considerado o inventor do “Soneto”)
  • Giovanni Bocaccio (escreveu “Decamerão”)
  • Nicolau Maquiavel (escreveu “O Príncipe”)
  • Thomas Morus (escreveu “A Utopia”)
  • William Shakespeare (escreveu “Hamlet”)
  • Luís Vaz de Camões (escreveu “Os Lusíadas”)
  • Miguel de Cervantes (escreveu “Dom Quixote”)

Características do Classicismo

  • Perfeição formal: formas fixas, rimas e métricas regulares
  • Doce estilo novo: preferência por versos decassílabos
  • Busca pela proporção e equilíbrio
  • Separação dos gêneros literários
  • Influência do pensamento humanista e antropocêntrico
  • Racionalismo e Universalismo (abordagem de temas universais)
  • Retomada à Antiguidade clássica Greco-Romana (paganismo)
  • Inspiração na mitologia
  • Hedonismo: culto ao prazer imediato

Classicismo em Portugal

O classicismo em Portugal sofreu influência dos poetas italianos, pois o poeta Sá de Miranda, em 1526, volta da Itália trazendo as novas formas poéticas, como os sonetos e a medida nova (versos de 10, 11 e 12 sílabas poéticas).

Neste momento, Portugal era uma das principais potências europeias devido às conquistas alcançadas com as Grandes Navegações. A poesia épica e a poesia lírica foram os principais gêneros literários do renascimento português, estando a primeira bastante ligada à expansão marítima, pois retratava os portugueses como heróis. O maior exemplo é a obra de Camões, “Os Lusíadas”, sobre a qual veremos mais detalhes a seguir.

Na lírica, destacou-se, além de Camões, o poeta Sá de Miranda. Houve, nesse gênero, a fusão entre os novos temas e as novas formas e a lírica medieval portuguesa.

Sá de Miranda

O poeta, ainda que tenha incorporado as novas formas poéticas italianas, não abandonou totalmente o estilo medieval. Por isso, é possível perceber, em seus poemas, a existência de conflitos existenciais. Veja:

Amor que não fará? Fez-me enjeitar
tam levemente a mim por quem me enjeita;
castelos de esperanças e suspeita
faz, e não sei que faz, tudo no ar.

Fez-me pedras colher, fez-mas lançar;
aperta-se a alma triste, em si encolheita;
à força que fará, a lei estreita?
queira ou não queira, em fim, há-de passar.

Tam cego e tanto era eu, que da vontade
tudo fiei, que tudo a través guia,
tam grande imiga minha e da verdade!

Que al se podia esperar de ua tal guia?
Caí onde ora jaço, oh! crueldade!
Não sei quando é de noite, ou quando é dia.

Disponível em: https://www.gutenberg.org/files/27762/27762-h/27762-h.htm

Luiz Vaz de Camões

É o grande nome do Classicismo em Portugal. Sua obra é dividida em épica e líric. Na lírica, escreveu sonetos decassílabos que abordavam o amor de maneira platônica e a efemeridade da vida. Na sua obra lírica, também há a coexistência das formas novas (renascentistas) com a forma antiga (medieval). Veremos, a seguir, um trecho do clássico soneto camoniano:

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence o vencedor;
é ter, com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Disponível em: https://www.culturagenial.com/poema-amor-e-chama-que-arde-sem-se-ver-de-luis-vaz-de-camoes/

No gênero épico, marcou a história com a obra “Os Lusíadas”, inspirada na Ilíada e na Odisseia, que reúne poemas épicos sobre os feitos dos navegadores de maneira heroica. Dentre os elementos dessa obra, quatro devem ser destacados: Ilha dos amores, O Velho do Restelo, Gigante Adamastor e a Morte de Inês de Castro. A obra apresenta dez cantos e versos decassílabos, cujo esquema de rimas é ABABABCC.

As armas e os barões assinalados
(Os Lusíadas, Canto I, 1)

As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

Disponível em: http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaPortuguesa/HumanismoClassicismo/Camoes_Trechos_de_Os_Lusiadas.htm

Importante!

É importante ressaltar que, durante o Classicismo em Portugal, no Brasil, estava acontecendo o Quinhentismo, que consistia em uma literatura informativa, na qual os colonizadores portugueses relatavam o que estava sendo encontrado nas novas terras exploradas.

Mais importante ainda!

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