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Menina usando óculos estudando sobre caatinga

Caatinga: resumo, características, fauna e flora

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A caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro, localizado no sertão nordestino. Seu nome deriva do tupi e significa mata branca, pela característica da vegetação no período da estiagem. 

Conhecido pela questão da seca, possui uma biodiversidade mais rica do que se pode imaginar. É o bioma semiárido mais biodiverso do mundo! Nele é possível encontrar 5311 espécies endêmicas da flora nacional, assim como 10 espécies endêmicas de mamíferos. 

Existem diversas atividades presentes na caatinga. Para além do estigma da seca, é importante estudarmos as atividades presentes, as características e história dessa região importante para o Brasil. Estamos falando aqui de uma vegetação com enorme capacidade de resiliência e de múltiplas características.

Clima e Vegetação

O bioma da caatinga está no sertão nordestino. Ele ocupa aproximadamente 10% do território nacional, podendo ser encontrado nos estados de Minas Gerais, Sergipe, Maranhão, Bahia, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região.

imagem indicando que o bioma da caatinga está no sertão nordestino

A região da caatinga tem por característica um clima semiárido, marcado por longos períodos sem chuva. Seu índice pluviométrico anual varia entre 300 e 800 milímetros de precipitação. Mesmo acontecendo de forma irregular, o período chuvoso é entre dezembro e abril. As temperaturas são elevadas, podendo atingir médias de 32ºC.  

Com isso o regime hídrico é composto basicamente por rios intermitentes ou temporários. Isso quer dizer que os rios não são perenes, ou seja, são rios que só aparecem em períodos chuvosos, e secam nos períodos mais secos. 

Por consequência, a vegetação da caatinga é adaptada à aridez do solo e aos períodos de estiagem. Há o predomínio das xerófitas, plantas que se adaptam ao clima seco. 

Essas espécies da flora possuem uma estratégia para lidar com a seca, como as folhas modificadas em espinhos para evitar a perda excessiva de água da transpiração, assim como um metabolismo fotossintético específico, possuindo um tecido de armazenamento de água bem desenvolvido. 

Muitas das plantas também possuem cutículas espessas nas folhas, que também ajudam a perder menos água.

Ainda sobre a vegetação, é importante frisar que o extrato vegetal varia de acordo com a profundidade de solo. Algumas plantas, sobretudo as árvores de maior porte, possuem raízes profundas que atingem os corpos hídricos subterrâneos, a exemplo das palmeiras e juazeiros. Nos solos mais secos e pouco profundos temos a predominância arbustiva e herbácea. 

A vegetação é classificada em três estratos: 

Arbóreo: espécies que variam de 8 a 12 metros de altura 

Arbustivo: variam de 2 a 5 metros de altura 

Herbáceo: espécies com altura abaixo de 2 metros 

Próximo às encostas e topos de serra também temos uma fitofisionomia típica da caatinga chamada de Mata Seca, na qual as folhas permanecem no período de seca. 

imagem da mata seca para ilustrar o conteúdo sobre caatinga resumo

imagem da mata seca para ilustrar o conteúdo sobre caatinga resumo

Alguns exemplos de vegetação que merecem destaque são o juazeiro e as palmeiras que possuem raízes profundas, permitindo absorção da água subterrânea, e por isso também não perdem folhas facilmente. 

A Carnaúba, conhecida como árvore da vida, também é um importante tipo vegetal. Trata-se de uma palmeira muito utilizada por grupos extrativistas. Ela serve como matéria prima para diversos produtos, desde cosméticos, a ceras e lubrificantes para indústria de componentes eletrônicos.

árvore da vida para ilustrar a explicação do conteúdo sobre caatinga resumo

O que encontramos em termos de vegetação hoje na caatinga é bastante alterado, diversas espécies vegetais nativas foram substituídas por pastagens e agricultura. 

Impactos ambientais e medidas

Dos impactos ambientais, é importante citar o crescente desmatamento para uso de lenha nativa, e também para pastagens, pastoreio e agricultura. Além disso, as queimadas têm crescido na região. Atualmente, cerca de 46% da área do bioma já foi alterada, sobretudo por essas atividades.

Um dos impactos ambientais mais graves que a região passa é a questão da desertificação. Ela  se forma em áreas de clima árido, semiárido e subúmido, nos quais, de maneira geral, predomina a erosão eólica ou intemperismo físico. É o processo no qual há a transformação de regiões em desertos, ou a esterilização de ambientes áridos e semiáridos, podendo ocorrer de forma natural ou pelas atividades humanas. 

Sobre a degradação pelo uso inadequado do solo, o desmatamento ou as queimadas podem deixar o solo mais suscetível ao intemperismo e erosão, sendo as atividades agropecuárias um fator que intensifica esse processo e dificultam uma possível resiliência do ambiente. 

Podemos observar como exemplo além do semiárido brasileiro, o nordeste e norte de Minas Gerais que perde solos pela elevação do antropismo associado com o clima.

solos pela elevação do antropismo associado com o clima para ilustrar o conteúdo sobre caatinga resumo

Existem algumas iniciativas de Unidade de Conservação na caatinga. O Monumento Natural do Rio São Francisco com 27 mil hectares, criado em 2009, é um deles. No Rio Grande do Norte foi criado em 2012 o Parque Nacional da Furna Feia, além do Parque Nacional das Confusões, no Piauí, inaugurado em 2010. 

A Estação Ecológica Serra da Canoa, criada por uma parceria entre o estado de Pernambuco e a federação também merece destaque. 

Essas iniciativas correspondem a um momento da história política do Brasil de incentivo a esses projetos, criando e oficializando o uso público em terras estatais objetivando a preservação ambiental. 

Apesar da crescente iniciativa na caatinga, apenas 1% dessas unidades correspondem à categoria mais restritiva ao uso, a de Proteção Integral. Grande parte das APA’s, Áreas de Proteção Ambiental, nem se quer foram implementadas. 

Cangaço

O cangaço foi um fenômeno social, político e cultural presente no nordeste, com exceção dos estados de Piauí e Maranhão, que ocorreu entre a segunda metade do século XIX e a primeira do século XX. 

Eram grupos de bandoleiros que dividiam e dividem até hoje a opinião pública, sendo vistos como heróis e também como vilões.  Eles andavam armados e cometiam crimes, mas de certa forma também protegiam a região da caatinga.

Ao longo da Primeira República, o Brasil havia deixado de ser um império e a nova ordem política dava mais poder aos estados e municípios. A elite política econômica do Brasil à época correspondia aos grandes proprietários de terra, o que acirrou disputas locais por poder com os coronéis. 

O coronelismo concentrava terras numa região carente de recursos e com alta demanda por políticas efetivas, a fim de frear a crescente concentração fundiária e desigualdade social. 

A sociedade era portanto basicamente agrária e dada a ausência do estado na região, as possibilidades eram restritas. Apesar de cometer crimes, a origem dessas pessoas era bem humilde. Conta-se que eram pessoas com alto grau de rigidez moral, bem educadas e justas. Apesar disso, existem também histórias de crimes, violência e destruição. 

Os policiais encarregados de prender os cangaceiros eram chamados de volantes e usavam trajes semelhantes aos cangaceiros, o que gerava confusão. Justos ou não, eram um grupo social que se dava como consequência da ausência do estado numa região de conflito natural e político. 

cangaceiros para ilustrar o conteúdo sobre caatinga resumo

A questão da seca 

Do ponto de vista climático, da geografia física, existe uma célula de alta pressão atmosférica formada por ventos descendentes que impedem a entrada de umidade, tanto do oceano atlântico, quanto da Amazônia. Essas células de alta e baixa pressão atmosférica se deslocam e ganham maior ou menor intensidade de acordo com as estações do ano.

Para além disso, diz-se comumente que a questão da seca no nordeste não é apenas um fenômeno climático. A frase “o problema não é a seca, é a cerca” introduz bem a questão da distribuição dos recursos hídricos na região. A distribuição de terras no Brasil foi feita historicamente de modo desigual. No nordeste, marcado pelo coronelismo, já foi comum nessa região que a água fosse trocada por voto. 

Em 2003 foi criado o Programa Cisternas que se constitui enquanto um importante marco na democratização do acesso à água. Esse programa recebeu incentivo do Ministério de Desenvolvimento Social e se associa a implantação do Programa Fome Zero. O programa ganhou prêmios da ONU e foi uma política pública importante, viabilizando uma melhora nas condições de vida de cerca de 2 milhões de pessoas. 

mulher pegando água para ilustrar o conteúdo sobre caatinga resumo

Foram mais de meio milhão de cisternas construídas entre 2003 e 2013. Com isso, os índices de frequência escolar nas famílias beneficiadas cresceram, assim como a capacitação profissional. 

A seca está muito relacionada à fome, sobretudo numa região que foi predominantemente agrária por bastante tempo. Nesse sentido, o Bolsa Família também foi uma medida importante para amenizar os problemas sociais presentes na região.    

Além disso, houve a Transposição do Rio São Francisco. Apesar de polêmica por gerar conflitos hídricos em outras regiões, o Velho Chico e a proximidade com a região foram cruciais para essa decisão. Partes do rio foram transpostas e conectadas com bacias hidrográficas de municípios distantes. Hoje, fala-se que o maior benefício da transposição foi para os grupos que se interessam pela ampliação das atividades agrícolas na região.    

  •  Você sabia? Dia 28 de abril é o dia da Caatinga. A escolha da data foi uma homenagem ao professor e pioneiro nos estudos ambientais João Vasconcelos Sobrilho (1908 – 1989).

 

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