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Aula ao Vivo: Romantismo – Poesia – 1ª e 2ª Geração

Acesse o material da Aula ao Vivo de Literatura sobre Romantismo - Poesia - 1ª e 2ª Geração, e prepare-se para os vestibulares e ENEM.

Atualizado em
Na aula de Literatura de hoje, você vai aprender sobre Romantismo - Poesia - 1ª e 2ª Geração com o professor Diogo Mendes! :) Aproveite esse post para conferir os dias e horários das aulas, baixe o material de apoio e não fique de fora dessa aula incrível! <3 :D

tumblr_Blog-320x320px_DiogoLiteratura: Romantismo - Poesia - 1ª e 2ª GeraçãoSEXTA-FEIRA 24/04Turma da Noite: 19:45 às 20:45, com o professor Diogo Mendes. SEXTA-FEIRA 08/05Turma da Manhã: 10:15 às 11:15, com o professor Diogo Mendes.

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Material de Aula ao VivoLista de Exercícios

MATERIAL DE AULA AO VIVO

Texto I Dei o nome de Primeiros Cantos às poesias que agora publico, porque espero que não serão as últimas. Muitas delas não têm uniformidade nas estrofes, porque menosprezo regras de mera convenção; adotei todos os ritmos da metrificação portuguesa, e usei deles como me pareceram quadrar melhor com o que eu pretendia exprimir. Não têm unidade de pensamento entre si, porque foram compostas em épocas diversas - debaixo de céu diverso - e sob a influência de impressões momentâneas. Foram compostas nas margens viçosas do Mondego e nos píncaros enegrecidos do Gerez - no Doiro e no Teia - sobre as vagas do Atlântico, e nas florestas virgens da América. Escrevi-as para mim, e não para os outros; contentar-me-ei, se agradarem; e se não... é sempre certo que tive o prazer de as ter composto. Com a vida isolada que vivo, gosto de afastar os olhos de sobre a nossa arena política para ler em minha alma, reduzindo à linguagem harmoniosa e cadente o pensamento que me vem de improviso, e as ideias que em mim desperta a vista de uma paisagem ou do oceano - o aspecto enfim da natureza. Casar assim o pensamento com o sentimento - o coração com o entendimento - a ideia com a paixão - cobrir tudo isto com a imaginação, fundir tudo isto com a vida e com a natureza, purificar tudo com o sentimento da religião e da divindade, eis a Poesia - a Poesia grande e santa - a Poesia como eu a compreendo sem a poder definir, como eu a sinto sem a poder traduzir. (...)

(Magalhães, Gonçalves de. Primeiros cantos. Disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/primeiroscantos.pdf. Acesso em 01 de maio de 2014.)

Texto II Marabá Eu vivo sozinha, ninguém me procura! Acaso feitura Não sou de Tupá! Se algum dentre os homens de mim não se esconde: — "Tu és", me responde, "Tu és Marabá!" — Meus olhos são garços, são cor das safiras, — Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; — Imitam as nuvens de um céu anilado, — As cores imitam das vagas do mar! Se algum dos guerreiros não foge a meus passos: "Teus olhos são garços", Responde anojado, "mas és Marabá: "Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes, "Uns olhos fulgentes, "Bem pretos, retintos, não cor d'anajá!" — É alvo meu rosto da alvura dos lírios, — Da cor das areias batidas do mar; — As aves mais brancas, as conchas mais puras — Não têm mais alvura, não têm mais brilhar. Se ainda me escuta meus agros delírios: — "És alva de lírios", Sorrindo responde, "mas és Marabá: "Quero antes um rosto de jambo corado, "Um rosto crestado "Do sol do deserto, não flor de cajá." — Meu colo de leve se encurva engraçado, — Como hástea pendente do cáctus em flor; — Mimosa, indolente, resvalo no prado, — Como um soluçado suspiro de amor! — "Eu amo a estatura flexível, ligeira, Qual duma palmeira", Então me respondem; "tu és Marabá: "Quero antes o colo da ema orgulhosa, Que pisa vaidosa, "Que as flóreas campinas governa, onde está." — Meus loiros cabelos em ondas se anelam, — O oiro mais puro não tem seu fulgor; — As brisas nos bosques de os ver se enamoram — De os ver tão formosos como um beija-flor! Mas eles respondem: "Teus longos cabelos, "São loiros, são belos, "Mas são anelados; tu és Marabá: "Quero antes cabelos, bem lisos, corridos, "Cabelos compridos, "Não cor d'oiro fino, nem cor d'anajá," ———— E as doces palavras que eu tinha cá dentro A quem nas direi? O ramo d'acácia na fronte de um homem Jamais cingirei: Jamais um guerreiro da minha arazóia Me desprenderá: Eu vivo sozinha, chorando mesquinha, Que sou Marabá!

(Gonçalves Dias)

Texto III Meus oito anos Oh ! que saudades que eu tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais ! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais ! Como são belos os dias Do despontar da existência ! – Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é – lago sereno, O céu – um manto azulado, O mundo – um sonho dourado, A vida – um hino d’amor ! Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar ! O céu bordado d’estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar ! Oh ! dias de minha infância ! Oh ! meu céu de primavera ! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã ! Em vez de mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã ! Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, De camisa aberta ao peito, – Pés descalços, braços nus – Correndo pelas campinas À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis ! Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo, Adormecia sorrindo, E despertava a cantar !

(Casimiro de Abreu)

Texto IV Morte (hora de delírio) Pensamento gentil de paz eterna Amiga morte, vem. Tu és o termo De dous fantasmas que a existência formam, — Dessa alma vã e desse corpo enfermo. Pensamento gentil de paz eterna, Amiga morte, vem. Tu és o nada, Tu és a ausência das moções da vida, do prazer que nos custa a dor passada. (...) Amei-te sempre: — pertencer-te quero Para sempre também, amiga morte. Quero o chão, quero a terra, — esse elemento Que não se sente dos vaivéns da sorte. (...) Também desta vida à campa Não transporto uma saudade. Cerro meus olhos contente Sem um ai de ansiedade. E como um autômato infante Que ainda não sabe mentir, Ao pé da morte querida Hei de insensato sorrir. Por minha face sinistra Meu pranto não correrá. Em meus olhos moribundos Terrores ninguém lerá. Não achei na terra amores Que merecessem os meus. Não tenho um ente no mundo A quem diga o meu — adeus. (...) Por isso, ó morte, eu amo-te e não temo: Por isso, ó morte, eu quero-te comigo. Leva-me à região da paz horrenda, Leva-me ao nada, leva-me contigo.

(Junqueira Freire)

1. Soneto Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!... já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece... Eis o estado em que a mágoa me tem posto! O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive!

AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é a) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte. b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda. c) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade. d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa. e) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.  

LISTA DE EXERCÍCIOS

Minha terra Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá

(Gonçalves Dias)

Todos cantam sua terra, Também vou cantar a minha, Nas débeis cordas da lira Hei de fazê-la rainha;

Hei de dar-lhe a realeza Nesse trono de beleza Em que a mão da natureza Esmerou-se em quanto tinha. Correi pr’as bandas do sul: Debaixo dum céu de anil Encontrareis o gigante Santa Cruz, hoje Brasil; É uma terra de amores Alcatifada de flores Onde a brisa fala amores Nas belas tardes de Abril. Tem tantas belezas, tantas, A minha terra natal, Que nem as sonha um poeta E nem as canta um mortal! É uma terra encantada Mimosa jardim de fada Do mundo todo invejada, Que o mundo não tem igual. Não, não tem, que Deus fadou-a Dentre todas – a primeira: Deu-lhe esses campos bordados, Deu-lhe os leques da palmeira, E a borboleta que adeja Sobre as flores que ela beija, Quando o vento rumoreja Na folhagem da mangueira. É um país majestoso Essa terra de Tupã, Desd’o Amazonas ao Prata, Do Rio Grande ao Pará! Tem serranias gigantes E tem bosques verdejantes Que repetem incessantes Os cantos do sabiá. (...)

(Casimiro de Abreu)

1. O nacionalismo foi uma característica romântica que, no Brasil, ganhou contornos próprios. Partindo do texto, explique como foi utilizada a natureza, no Romantismo, para marcar a identidade nacional brasileira.

2. Cite uma característica da linguagem romântica presente no poema de Casimiro de Abreu. Despedidas à... Se entrares, ó meu anjo, alguma vez Na solidão onde eu sonhava em ti, Ah! vota uma saudade aos belos dias Que a teus joelhos pálido vivi! Adeus, minh’alma, adeus! eu vou chorando... Sinto o peito doer na despedida... Sem ti o mundo é um deserto escuro E tu és minha vida... Só por teus olhos eu viver podia E por teu coração amar e crer, Em teus braços minh’alma unir à tua E em teu seio morrer! Mas se o fado me afasta da ventura, Levo no coração a tua imagem... De noite mandarei-te os meus suspiros No murmúrio da aragem! Quando a noite vier saudosa e pura, Contempla a estrela do pastor nos céus, Quando a ela eu volver o olhar em prantos Verei os olhos teus! Mas antes de partir, antes que a vida Se afogue numa lágrima de dor, Consente que em teus lábios num só beijo Eu suspire de amor! Sonhei muito! sonhei noites ardentes Tua boca beijar eu o primeiro! A ventura negou-me... até mesmo O beijo derradeiro! Só contigo eu podia ser ditoso, Em teus olhos sentir os lábios meus! Eu morro de ciúme e de saudade; Adeus, meu anjo, adeus!

(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Grandes poetas românticos do Brasil. São Paulo: LEP, Tomo 1,MCMLIX, p. 273)

3. A poética de Álvares de Azevedo filia-se a uma das fases mais representativas da literatura romântica no Brasil, o “mal-do-século” ou ultrarromantismo. Destaque duas características dessa fase presentes no poema, exemplificando a sua resposta com versos retirados do texto. A *** Falo a ti – doce virgem dos meus sonhos, Visão dourada dum cismar tão puro, Que sorrias por noites de vigília Entre as rosas gentis do meu futuro. Tu m’inspiraste, oh musa do silêncio, Mimosa flor da lânguida saudade! Por ti correu meu estro ardente e louco Nos verdores febris da mocidade. Tu, que foste a vestal dos sonhos d’ouro, O anjo-tutelar dos meus anelos, Estende sobre mim as asas brancas... Desenrola os anéis dos teus cabelos! (20/08/1859)

(ABREU, Casimiro. Obras. Rio de Janeiro: MEC, 1955, p. 49-50.)

Vocabulário: estro = imaginação criadora vestal = mulher casta ou virgem anelo = desejo ardente 4. O eu-lírico no texto se dirige a uma mulher com características específicas. A alternativa em que se atribuem à mulher características semelhantes às definidas nesse texto é: a) "Pra distrair minhas mágoas / Namoro e toco vitrola." (Murilo Mendes) b) "É um característico do século: a mulher está perdendo a superstição do homem." (Machado de Assis) c) "Não creias, não, mulher: ele te engana! / As lágrimas são galas da mentira" (J. Manuel de Macedo) d) "Eu senti-a tremer, e a transluzir-lhe / nos olhos negros a alma inocentinha" (Álvares de Azevedo) Gabarito 1. A visão romântica é ufanista, procurando valorizar a nação independente. 2. Abundância de adjetivação, tom retórico e exclamativo. 3. Dentre as inúmeras características do “mal-do-século” presentes no poema, destacam-se as seguintes: o sentimentalismo exagerado (“Adeus, minh’alma, adeus! eu vou chorando...”, “Mas antes de partir, antes que a vida, / Se afogue numa lágrima de dor”); o subjetivismo (“Só contigo eu podia ser ditoso, / Em teus olhos sentir os lábios meus!”); o clima onírico (“Na solidão onde eu sonhava em ti” , “Sonhei muito! sonhei noites ardentes”); o culto do sofrimento e da morte (“Sinto o peito doer na despedida” , “Eu morro de ciúme e de saudade...”). 4. Letra D. Como era comum no ultrarromantismo, a mulher é retratada como um ser inocente, casto. O trecho em que isso também está presente é o de Álvares de Azevedo, principalmente quando fala da “alma inocentinha”.

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