O tema dessa semana será: Classes Gramaticais – Palavras Variáveis 🙂 Não perca essa aula porque os professores Rafael Cunha e Eduardo Valladares estarão te esperando para te ensinar tudo o que você precisa para mandar muito bem no ENEM! Confira os horários e baixe o material de apoio aqui no post 😀
Português: Variações Linguísticas
19/05 TERÇA-FEIRA
Turma da Manhã: 10:15 às 11:15, com o professor Rafael Cunha
22/05 SEXTA-FEIRA
Turma da Noite: 18:30 às 19:30, com o professor Eduardo Valladares
Baixe o material de apoio, é só clicar aqui embaixo
MATERIAL DE AULA AO VIVO
Substantivo
Conceito
• É a palavra que nomeia tudo: sentimentos, ações, qualidades e seres em geral.
• Flexiona-se em gênero e número, além de assumir a categoria de grau.
• Atua como núcleo dos termos de que faz parte.
Ex.: A vida deve ser vivida.
Classificações
Existem diversas classificações para os substantivos. A seguir, aparecem algumas das principais – e mais úteis ao nosso estudo:
Quanto ao significado:
• Concretos: designam os “seres”, reais ou fictícios.
Ex.: mesa, quadro, apagador, time, fada
• Abstratos: designam as ações, os estados, as qualidades, os sentimentos e as sensações.
Ex.: fala, medo, vergonha, beleza, calor
Quanto à abrangência:
• Comuns: designam, genericamente, um elemento de um conjunto. São aqueles que denominam os seres de um modo genérico. É uma designação aplicável a todos os seres de uma espécie.
Ex.: professor, menina, cidade, animal
• Próprios: são aqueles que, de um modo específico, denominam os seres. São escritos com letra maiúscula.
Ex.: Rafael, Ana, Rio de Janeiro, Pluto
Quanto à formação:
• Simples: formados por um só radical.
Ex.: sol, pedra, super-homem
• Compostos: formados por um ou mais radicais.
Ex.: estrela-do-mar, guarda-chuva, girassol
Importante: para um estudo mais aprofundado, procure fazer os exercícios deste módulo relativos aos gêneros do substantivo.
Observações:
• Observe o exemplo abaixo, retirado de um vestibular da UFF:
“E suas vergonhas (eram) tão altas e tão saradinhas, que de nós as muito olharmos não tínhamos nenhuma vergonha”.
É possível que um mesmo substantivo possa ser classificado como concreto ou como abstrato, em virtude do contexto de sua utilização. No exemplo acima, em sua primeira ocorrência, vergonha é concreto (representa uma parte do corpo). Já na segunda, é abstrato (representa um estado ou sentimento).
• É importante perceber o uso estilístico do substantivo próprio, como nos exemplos de Guimarães Rosa abaixo:
“(…) franciscos – chicos chamados. (…) um gustavo. (…) mais de cinqüenta josés!”
(Manuelzão e Miguilin)
• Existem substantivos comuns que, embora no singular, representam um conjunto, uma coletividade. São os substantivos coletivos. Eis alguns exemplos:
alcatéia – de lobos
antologia – de trechos literários
arquipélago – de ilhas
cardume – de peixes
catálogo – de livros, plantas
quadrilha – de ladrões
ramalhete – de flores
O papel do substantivo na oração
Dentro da oração, o substantivo exerce a função de núcleo das funções sintáticas de que faz parte.
Ex.: O povo furioso destruiu as instalações.
núcleo
A fúria popular destruiu as instalações.
núcleo
1. “Naquela região, havia alguns severinos, duas marias e muitos josés.”
a) Dê a classe gramatical completa das palavras destacadas.
b) Explique a possível intenção estilística do autor da frase.
Artigo
Conceito
• São palavras variáveis quanto ao gênero e ao número
• Acompanham os substantivos, precedendo-os.
Classificações
Artigos definidos – especificam o sentido dos substantivos
Ex.: o, a, os, as
Artigos indefinidos – generalizam o sentido dos substantivos.
Ex.: um, uma, uns e umas
Observação: A anteposição do artigo a qualquer vocábulo, de qualquer classe gramatical, transforma-o em substantivo. Assim, olhar, gramaticalmente um verbo, passa a ser substantivo em uma oração do tipo:
Ex.: O olhar dela me enfeitiçava.
Aspectos Relevantes
Observe o seguinte conjunto de frases, e perceba as diferenças estilísticas e semânticas existentes a partir do uso do artigo:
Ex.: Pelé, grande jogador brasileiro, fala muita besteira.
Pelé, o grande jogador brasileiro, fala muita besteira.
Vi as fotos de Sebastião Salgado.
Vi as fotos do Sebastião Salgado.
Todo prédio caiu.
Todo o prédio caiu.
“Ela é o morango daqui do Nordeste (…)”
2. “Toda semana ela ganhava. ” Se a frase fosse escrita da seguinte forma – “Toda a semana ela ganhava. ”, haveria diferença semântica? Explique.
3. Há um “quer que seja de satânico na pupila da onça” funciona como:
a) substantivo;
b) adjetivo;
c) advérbio;
d) pronome;
e) verbo.
4. Assinale a palavra que pode ser empregada nos dois gêneros, como “motorista”:
a) indivíduo;
b) criança;
c) testemunho;
d) intérprete;
e) vítima.
5. Assinale a opção em que todos os substantivos, quando no plural, apresentam mudança de timbre da vogal tônica, conforme acontece com povo (ô) / povos (ó):
a) tijolo, piloto, adorno;
b) ovo, pescoço, olho;
c) globo, posto, bolo;
d) esforço, imposto, jogo;
e) osso, cachorro, transtorno.
6. Assinale a palavra que difere em gênero (masculino ou feminino) das demais do grupo:
a) análise;
b) cal;
c) libido;
d) milhar;
e) síndrome.
7. Assinale a palavra que só pode ser empregada em um gênero:
a) eletricista;
b) colega;
c) chefe;
d) testemunha;
e) servente.
8. Assinale a alternativa que contenha substantivos, respectivamente, abstrato, concreto e concreto.
a) fada, fé, menino;
b) fé, fada, beijo;
c) beijo, fada, menino;
d) amor, pulo, menino;
e) menino, amor, pulo.
9. Indique a alternativa em que só aparecem substantivos abstratos:
a) tempo, angústia, saudade, ausência, esperança.
b) angústia, sorriso, luz, ausência, esperança, inimizade.
c) inimigo, luto, luz, esperança, espaço, tempo.
d) angústia, saudade, ausência, esperança, inimizade;
e) espaço, olhos, luz, lábios, ausência, esperança, angústia.
10. Determine o caso em que o artigo tem valor de qualificativo:
a) Estes são os candidatos de que lhe falei.
b) Procure-o, ele é o médico.
c) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho.
d) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado.
e) Muita é a procura; pouca a oferta.
11. Em uma das frases, o artigo definido está empregado erradamente. Em qual?
a) A velha Roma está sendo modernizada.
b) A “Paraíba” é uma bela fragata.
c) Não reconheço agora a Lisboa do meu tempo.
d) O gato escaldado tem medo de água fria.
e) O Havre é um porto de muito movimento.
12. Assinale o trecho onde há mais ocorrência de artigo definido:
a) “Toda ela cheirando ainda a cal, a tinta e a barro fresco”.
b) “A trinta ou quarenta metros da casa, estaco”.
c) “Todas as manhãs, ao lavar o rosto”.
d) “Seguro da sua rijeza hercúlea, não o deixou mais”.
e) “Promovo-a mestre do meu navio”.
Gabarito
1. a) Substantivos comuns, concretos, simples.
b) Os substantivos, originalmente próprios, foram grafados como substantivos comuns – no intuito de destacar a coletividade de indivíduos, e não de focar suas individualidades.
2. Sim. A presença do artigo faz com que a referida “semana” seja apenas uma: ela ganhava a semana inteira. A ausência do artigo indica que ela ganhava durante várias semanas.
3. A
4. D
5. D
6. D
7. D
8. C
9. D
10. B
11. D
12. C
LISTA DE EXERCÍCIOS
1. Observe o uso do artigo nas seguintes frases:
I.“perdia a sua musculatura estudando em Belém.”
II.“até invejou o fumar do vaqueiro.”
III.“dela a escola era um lombo de búfalo.”
IV.“De repente foi ouvido que andava pelo Por Enquanto uma pequena…”
Em quais delas foi usado o recurso da substantivação?
a) Um I e II.
b) Em I e III.
c) Em II e III.
d) Em II e IV.
e) Em III e IV.
2. Indique o erro quanto ao emprego do artigo:
a) Em certos momentos, as pessoas as mais corajosas se acovardam.
b) Em certos momentos, as pessoas mais corajosas se acovardam.
c) Em certos momentos, pessoas as mais corajosas se acovardam.
d) Em certos momentos, as mais corajosas pessoas se acovardam.
e) n.d.a
3. Em qual dos casos o artigo denota familiaridade:
a) O Amazonas é um rio imenso.
b) D. Manoel, o Venturoso, era bastante esperto.
c) O Antônio comunicou-se com o João.
d) O professor João Ribeiro está doente.
e) Os Lusíadas são um poema épico.
Texto 1
Já se sentiu vítima de algum tipo de marginalização e/ou discriminação dentro de sua universidade?
Infelizmente, devo dizer que sim. Não se trata de discriminação ou marginalização pelo fato de ser brasileiro, porém. Trata-se de uma dificuldade (talvez natural) que tem um “novo imigrante” em penetrar na “elite” da sociedade local, que controla as posições de poder. Essa elite é constituída por pessoas que estudaram juntas na escola, que fizeram o serviço militar juntas, que pertencem ao mesmo partido político etc. e que se apoiam mutuamente. Tive a oportunidade de sentir esse tipo de hostilidade quando fui eleito diretor da Faculdade de Ciências Humanas. Cheguei mesmo a ouvir expressões como “a máfia latino-americana em nossa faculdade”, quando somos nada mais que dois professores titulares de procedência latino-americana. Mas, verdade seja dita, trata-se de uma hostilidade proveniente dos que estavam habituados ao poder e não se conformavam em perdê-lo. A maioria não só me elegeu, mas também me apoiou e continua apoiando as reformas que instituí em minha gestão.
(DASCAL, Marcelo. Entrevista publicada no caderno Mais / Folha de S. Paulo, 18/05/2003.)
4. A expressão “máfia latino-americana em nossa faculdade” é mostrada, no texto, como representação do pensamento da elite local. Para atacar o uso de tal expressão na referência aos latino-americanos, o entrevistado recorre ao seguinte procedimento:
a) valoriza a origem social do corpo docente titular
b) denuncia o emprego de um termo segregacionista
c) defende a pluralidade democrática na universidade
d) destaca a insuficiência do número de professores estrangeiros
5. Certos substantivos participam do processo de coesão textual quando recuperam alguma informação ou conceito já enunciado. O termo do texto que tem esta função é:
a) sociedade
b) oportunidade
c) hostilidade
d) gestão
6. “Infelizmente, devo dizer que sim.”
O advérbio “infelizmente”, na resposta do entrevistado, exprime um ponto de vista ou julgamento a respeito dos fatos relatados. A alternativa cujo elemento sublinhado desempenha essa mesma função é:
a) “Já se sentiu vítima de algum tipo de marginalização (…)?”
b) “que pertencem ao mesmo partido político etc. e que se apóiam mutuamente.”
c) “Mas, verdade seja dita, trata-se de uma hostilidade”
d) “e continua apoiando as reformas que instituí em minha gestão.”
Texto 2
O Arquivo
No fim de um ano de trabalho, joão obteve uma redução de quinze por cento em seus vencimentos.
João era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um dos poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a sorrir, a agradecer ao chefe.
No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro da cidade. Com o salário reduzido, podia pagar um aluguel menor.
Passou a tomar duas conduções para chegar ao trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava mais cedo, e isto parecia aumentar-lhe a disposição.
Dois anos mais tarde, veio outra recompensa.
O chefe chamou-lhe, comunicou o segundo corte salarial.
Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A redução foi um pouco maior que dezessete por cento.
Agora, joão acordava às cinco da manhã. Esperava três conduções. Em compensação, comia menos. Ficou mais esbelto. Sua pele tomou-se menos rosada. O contentamento aumentou.
Prosseguiu a luta.
Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinário aconteceu.
joão preocupava-se. Perdia o sono, envenenado em intrigas de colegas invejosos. Odiava-os. Torturava-se com a incompreensão do chefe. Mas não desistia. Passou a trabalhar mais duas horas diárias.
Uma tarde, quase no fim do expediente, foi chamado ao escritório principal.
Respirou descompassado.
— Seu joão. Nossa firma tem uma grande dívida com o senhor.
joão baixou a cabeça em sinal de modéstia.
— Sabemos de todos os seus esforços. É nosso desejo dar-lhe uma prova substancial de nosso conhecimento.
O coração parava.
— Além de uma redução de dezesseis por cento em seu ordenado, resolvemos, na reunião de ontem, rebaixá-lo de posto.
A revelação deslumbrou-o.
Todos sorriam.
— De hoje em diante, o senhor passará a auxiliar de contabilidade, com menos cinco dias de férias. Contente?
Radiante, joão gaguejou alguma coisa ininteligível, cumprimentou a diretoria, voltou ao trabalho.
Nesta noite, joão não pensou em nada. Dormiu pacífico, no silêncio do subúrbio.
Mais uma vez, mudou-se. Finalmente, deixara de jantar. O almoço reduzira-se a um sanduíche. Emagrecia, sentia-se mais leve, mais ágil. Não havia necessidade de muita roupa. Eliminaram certas despesas inúteis, lavadeira, pensão.
Chegava em casa às onze da noite, levantava-se às três da madrugada. Esfarelava-se num trem e dois ônibus para garantir meia hora de antecedência.
A vida foi passando, com novos prêmios.
Aos sessenta anos, o ordenado equivalia a dois por cento do inicial. O organismo acomodara-se à fome. Uma vez ou outra, saboreava alguma raiz das estradas. Dormia apenas quinze minutos. Não tinha mais problemas de moradia ou vestimenta. Vivia nos campos, entre árvores refrescantes, cobria-se com os farrapos de um lençol adquirido há muito tempo.
O corpo era um monte de rugas sorridentes.
Todos os dias, um caminhão anônimo transportava-o ao trabalho.
Quando completou quarenta anos de serviço, foi convocado pela chefia:
— Seu joão. O senhor acaba de ter seu salário eliminado. Não haverá mais férias. E sua função, a partir de manhã, será a de limpador de nossos sanitários.
O crânio seco comprimiu-se. A boca tremeu, mas nada disse. Sentia-se cansado. Enfim, atingira todo os seus objetivos. Tentou sorrir:
— Agradeço tudo que fizeram em meu benefício. Mas desejo requerer minha aposentadoria.
O chefe não compreendeu:
— Mas seu joão, logo agora que o senhor está desassalariado? Por quê? Dentro de alguns meses terá de pagar a taxa inicial para permanecer em nosso quadro. Desprezar tudo isto? Quarenta anos de convívio? O senhor ainda está forte. Que acha?
A emoção impediu qualquer resposta.
joão afastou-se. O lábio murcho se estendeu. A pele enrijeceu, ficou lisa. A estatura regrediu. A cabeça se fundiu ao corpo. As formas desumanizaram-se, planas, compactas. Nos lados, havia duas arestas. Tornou-se cinza.
joão transformou-se num arquivo de metal.
(Victor Giudice – Contos jovens. 2ª ed. são Paulo: Brasiliense, 1976. p. 35-37)
7. Aponte duas justificativas para a forma particular com que se encontra grafado o nome desse personagem ao longo de todo o texto.
8. “joão transformou-se num arquivo de metal.”
Reescreva a oração acima, eliminando o cunho “fantástico” nela presente, mas conservando seu valor denotativo.
9. Em “O arquivo”, cria-se um pacto de coerência com o leitor, buscando tornar a narrativa verossímil, apesar da apresentação de ideias contraditórias, como as presentes no seguinte fragmento:
O chefe chamou-o e lhe comunicou o segundo corte salarial.
Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A redução foi um pouco maior: dezessete por cento. Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudança.
a) Explique as ideias paradoxais presentes no fragmento citado.
b) Sem modificar a estrutura das orações sublinhadas, indique um conectivo que mantenha a ideia paradoxal presente entre elas e um outro que elimine esse valor paradoxal.
Gabarito
1. D
2. A
3. C
4. D
5. C
6. C
7. A perda da identidade do personagem em função de sua acomodação aos abusos que lhe são impostos no trabalho. OU O personagem pode ser considerado o representante de uma grande massa anônima de empregados que são explorados no ambiente de trabalho.
8. Uma dentre as orações:
– joão aceitou passivamente a exploração.
– joão transformou-se em um escravo do trabalho.
– joão submeteu-se às imposições de seu empregador.
9. a) Se a empresa passava por um período excelente, em consequência, deveria aumentar e não reduzir o salário do funcionário. Se o funcionário sofreu um corte salarial, não deveria ter ficado satisfeito ou agradecido.
b) Um dentre os conectivos que mantenham o paradoxo:
• logo
• assim
• portanto
Um dentre os conectivos que eliminem o paradoxo:
• mas
• porém
• todavia
• contudo
• entretanto