O resumo sobre Pré-Modernismo que vai salvar a sua prova da escola ou do vestibular está te esperando bem aqui.
O pré-modernismo é caracterizado por ser período de transição entre os movimentos literários ao final do século XIX e a escola modernista, criada ao início do século XX. Nesse sentido, percebemos que o homem do século XX apresenta uma nova visão de mundo, tentando desvincular-se de aspectos conservadores, assim, em sua produção literária observamos uma série de inovações no campo da temática e na linguagem e, ao mesmo tempo, traços de conservadorismo no campo estético.
CONTEXTO HISTÓRICO
O pré-modernismo tem início em 1900 e vai até 1922. Com a chegada do século XX, é inegável a presença de várias mudanças sociais, econômicas e políticas no contexto mundial. Nesse sentido, percebemos uma série de acontecimentos que marcaram não somente novos pensamentos sobre a realidade daquele momento, como a presença das classes mais baixas, que lutavam para o reconhecimento de seus direitos.
No cenário brasileiro, vivíamos um período republicano, mas é pertinente lembrar de acontecimentos que marcaram a chegada desse momento, como: Revolta de Canudos (1896-97), A Revolta da Vacina (1904), O ciclo da borracha (1870- 1920), A Guerra do Contestado (1912- 1916), A Revolta da Chibata (1910), a Greve dos Operários (1917) e o fim da República Café com Leite (1894- 1930). No contexto mundial, temos a presença da 1ª Guerra Mundial (1914- 1918), o que influenciou diretamente no modo do viver do homem contemporâneo e na sua visão conflituosa de mundo.
CARACTERÍSTICASDO PRÉ-MODERNISMO
Nesse período de transição, é nítido perceber que os autores brasileiros tentam apresentar uma nova perspectiva sobre a terra tupiniquim, assim, na prosa, percebemos uma narrativa mais engajada e de denúncia social. Embora algumas escolas literárias anteriores tenham feito uma análise mais crítica sobre a realidade, é somente no século XX que há um destaque aos marginalizados pela sociedade (os pobres, ex escravos, o trabalhador operário, entre outros).
Além disso, os autores visam documentar a seu leitor o atraso e a condição miserável de muitas regiões brasileiras (como o Nordeste) e relatar a questão da subsistência humana. Percebemos traços de regionalismo (como características do sul brasileiro, por exemplo), que contribuem para o conhecimento de nossa cultura e valorização da identidade brasileira; romances de tese, linguagem mais simples e coloquial, como também, a presença do sincretismo literário.
Entre os autores de grande destaque, podemos citar: João do Rio, Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Augusto dos Anjos e Monteiro Lobato.
AS VANGUARDAS EUROPEIAS
As vanguardas europeias são movimentos artísticos e culturais que visam romper com o tradicionalismo, incentivando, assim, a liberdade de expressão de cada artista. Com isso, propunham inovações, pois acreditavam que essas ideias poderiam, posteriormente, serem adotadas como prática comum. Esse movimento foi a principal influência para a criação da Semana de Arte Moderna, em 1922. Das vanguardas, as que mais se destacaram foram:
a) CUBISMO: marcado pela valorização de formas geométricas desvinculava-se da objetividade e linearidade da arte mimética. Muitos artistas consideram essa vanguarda uma das mais significativas, pois apresenta uma nova perspectiva, apresentada a partir de uma realidade fragmentada. Pablo Picasso é um dos representantes dessa expressão.
b) DADAÍSMO: representa uma negação à arte tradicional e foi criada a partir da chama de instabilidade, medo e revolta provocada pela 1ª Guerra Mundial. Na literatura, a vanguarda caracteriza-se pela agressividade, rejeição ao racional. Nas artes, percebemos o tom irreverente dos artistas, marcados pela ironia, deboche e o niilismo.
c) FUTURISMO: essa vanguarda nega qualquer relação com o passado e valoriza a exaltação do progresso, da modernidade. No campo literário, ganha enorme destaque ao fazer alterações na estrutura sintática e na pontuação. Fillippo Marinetti é o grande nome desta vanguarda.
d) EXPRESSIONISMO: Relacionada a uma visão mais subjetiva, às sensações do artista no momento de sua criação, a partir do modo de expressar seu ponto de vista. Desvincula-se da forma, conteúdo e traços artísticos tradicionais, dando maior liberdade ao artista em sua produção.
e) SURREALISMO: Associada a um mundo mais fantasioso, o surrealismo se aproxima do campo irracional da mente, valorizando o subconsciente, o sobrenatural. O artista Salvador Dalí é o grande destaque dessa vanguarda.
EXERCÍCIOS
1. (UFRRJ) Fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma
“Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. ( … ) o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. ( … ) Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro.”
(BARRETO, Lima. “Triste fim de Policarpo Quaresma”. São Paulo: Scipione, 1997.)
Este fragmento de “Triste Fim de Policarpo Quaresma” ilustra uma das características mais marcantes do Pré-Modernismo que é o:
a) Desejo de compreender a complexa realidade nacional.
b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo.
c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo.
d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo.
e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista.
2. (PUC-RS) Para responder à questão, leia o fragmento do conto “Negrinha”, de Monteiro Lobato.
“Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.
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E tudo se esvaiu em trevas.
Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira – uma miséria, trinta quilos mal pesados…
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas.
– “Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?”
Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia.
– “Como era boa para um cocre!…”
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Considerando o fragmento anterior, é correto afirmar:
a) Em “Negrinha”, conto-título de livro de Monteiro Lobato, editado em 1920, o autor apresenta, de forma crítica e mordaz, o tratamento cruel a que é submetida a pequena escrava, maltratada até a morte.
b) Para o pré-modernista Monteiro Lobato, a infância é um período a ser celebrado pela alegria e vontade de viver, tema que anima o conto “Negrinha”.
c) Como escritor romântico, Monteiro Lobato cria a personagem Negrinha como aquela que dá alegrias a Dona Inácia, sua patroa, por estar sempre a seu lado.
d) Negrinha é uma das personagens mais marcantes da literatura infantil de Monteiro Lobato, o autor que inaugurou o gênero no Brasil.
e) No conto “Negrinha”, Monteiro Lobato relembra uma pequena companheira de infância, vizinha das terras de seu avô.
3. (ENEM) Psicologia de um vencido
“Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!”
(ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. )
A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como:
a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas, o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro de escuridão e rutilância” e “Influência má dos signos do zodíaco”.
c) a seleção lexical emprestada do cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da infância”, “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética e o desconcerto existencial.
e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.
GABARITO
1. A
2. A
3. D