

Características do Barroco
A partir de sua contextualização histórica, é possível compreender de que modo a temática barroca é elaborada. Em relação ao conteúdo, pode-se destacar as seguintes características.- Oposição entre mundo material e mundo espiritual;
- Conflito entre visão antropocêntrica e teocêntrica;
- Contraste entre fé e razão
- Sentimento do eu lírico de morbidez;
- Idealização amorosa; sensualismo e sentimento de culpa cristão;
- Consciência da efemeridade do tempo;
- Presença do sentimento cristão.
“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque, quanto mais tenho delinquido, Vós tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. [...]”Perceba que o eu lírico sente-se culpado pelo desvio ao mundo espiritual, estabelecendo uma relação de submissão à conduta religiosa, por ter se afastado em algum momento de seus princípios cristãos.
O Barroco no Brasil
No século XVII, em terras brasileiras, o Brasil ainda era uma colônia. A grande movimentação econômica da época, era a exploração da cana-de-açúcar. Além disso, também havia a escravização ao negro, que trabalhava e servia aos senhores de engenho. A estética barroca no Brasil dividiu-se em: prosa e poesia. Na prosa, os principais autores são Padre Antônio Vieira, Sebastião da Rocha Pita e Nuno Marques Pereira. Já no campo da poesia, podemos destacar Gregório de Matos (principal escritor do barroco), Bento Teixeira, Botelho de Oliveira e Frei Itaparica. Padre Antônio Vieira foi um grande escritor, sua obra, além de conter pregações de intuito religioso, também abordava causas políticas e possuía um valor mais crítico sobre a realidade social: abordada desde os colonos que escravizavam até companheiros da mesma profissão religião. Com isso, causou o ressentimento em muitas pessoas. Suas pregações abordavam sobre a posição do índio, do domínio inglês sobre a colônia por ocasião da invasão holandesa e também sobre a educação espiritual. Além disso, também era orador e possui uma vasta obra entre sermões e cartas. Já Gregório de Matos, principal escritor da estética barroca, ficou reconhecido por seu caráter ousado e crítico, ao expor valores morais e principalmente, pela sua capacidade de produção satírica, em que ficou conhecido como “Boca do Inferno”, por criticar diferentes grupos sociais. Além disso, Gregório de Matos cultivou três vertentes da poesia lírica: a amorosa, marcada pelo dualismo entre amor espiritual e carnal; a religiosa, mostrando sua submissão aos preceitos cristãos e; a filosófica, com apelo mais reflexivo e que aborda também a consciência da efemeridade do tempo. Na literatura satírica, utilizava uma linguagem com palavras de baixo escalão, e exercia fortes críticas a todas as classes da sociedade baiana de seu tempo. Desde os dirigentes políticos, até os escravos da realidade do Brasil Colônia. Observe o trecho abaixo, de uma lírica satírica do autor, em que esse critica o poder político de sua época:“Que falta nesta cidade? .......Verdade Que mais por sua desonra ..... Honra Falta mais que se lhe ponha .... Vergonha. O demo a viver se exponha, por mais que a fama a exalta, numa cidade, onde falta Verdade, Honra, Vergonha. [...]”
Exercícios
1. (UNICAMP)A arte colonial mineira seguia as proposições do Concílio de Trento (1545-1553), dando visibilidade ao catolicismo reformado. O artífice deveria representar passagens sacras. Não era, portanto, plenamente livre na definição dos traços e temas das obras. Sua função era criar, segundo os padrões da Igreja, as peças encomendadas pelas confrarias, grandes mecenas das artes em Minas Gerais. (Adaptado de Camila F. G. Santiago, “Traços europeus, cores mineiras: três pinturas coloniais inspiradas em uma gravura de Joaquim Carneiro da Silva”, em Junia Furtado (org.), Sons, formas, cores e movimentos na modernidade atlântica. Europa, Américas e África. São Paulo: Annablume, 2008, p. 385.) Considerando as informações do enunciado, a arte colonial mineira pode ser definida como: a) renascentista, pois criava na colônia uma arte sacra própria do catolicismo reformado, resgatando os ideais clássicos, segundo os padrões do Concílio de Trento. b) barroca, já que seguia os preceitos da Contrarreforma. Era financiada e encomendada pelas confrarias e criada pelos artífices locais. c) escolástica, porque seguia as proposições do Concílio de Trento. Os artífices locais, financiados pela Igreja, apenas reproduziam as obras de arte sacra europeias. d) popular, por ser criada por artífices locais, que incluíam escravos, libertos, mulatos e brancos pobres que se colocavam sob a proteção das confrarias. Veja como resolver passo-a-passo essa questão! 2. (ENEM)
(Gregório de Matos Guerra)
Sobre o tema central do soneto acima é correto dizer: a) o eu-lírico aborda a superficialidade sobre as aparências. b) há uma visão dicotômica entre a grandeza divina e a pequenez do homem. c) há a preocupação com a efemeridade da vida. d) o eu-lírico expõe sobre o sofrimento amoroso em função do sentimento de culpa. e) o eu lírico expõe a dualidade dos sentimentos do homem barroco. Veja como resolver passo-a-passo essa questão! 4. (FEI)"Em tristes sombras morre a formosura, em contínuas tristezas a alegria"Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura de linguagem que consiste em aproximar termos de significados opostos, como "tristezas" e "alegria". O nome desta figura de linguagem é: a) metáfora b) aliteração c) eufemismo d) antítese e) sinédoque Veja como resolver passo-a-passo essa questão! GABARITO1. B 2. D 3. C 4. D