Oi, pessoal!
Atenção, cariocas! Dada a proximidade da prova da UERJ, essa semana veremos algumas redações prontas com temas antigos desse vestibular.
A banca da UERJ se caracteriza, principalmente, por exigir mais da capacidade gramatical do que da argumentativa do candidato. Logo, faça um rascunho e revise sua redação antes de entregar, para não perder pontos a toa!
O tema que trouxe hoje é o do vestibular 2009. O candidato deveria dissertar sobre a necessidade de que todos compreendam perspectivas diferentes das próprias para se conviver melhor. O uso da coletânea é recomendável e muito válido. É possível tirar várias idéias dali. Confiram o texto:
ILUSÃO DE ÓTICA
A aceitação das diferenças, através da história mundial, nunca foi algo fácil. Guerras foram realizadas com o intuito não só de dominar terras, mas de exterminar raças e etnias consideradas inferiores. Argumentos em defesa desses atos poderiam vestir-se de ignorância e falta de conhecimento, porém, hoje, não há mais essa desculpa. Na sociedade pós moderna, os meios de comunicação de massa têm o poder de difundir as mais diferentes perspectivas, ajudando a harmonizar a convivência entre os homens. Entretanto, é preciso cuidado para não nos rendermos a uma visão utópica e ilusória, pois a intolerância ainda é um grande problema a ser resolvido, em todo o mundo.
Se faz necessário, primeiramente, evidenciar como essa convivência harmônica é dificultada pela profunda desigualdade social existente. Em um mundo dividido em ricos e pobres, desenvolvidos e subdesenvolvidos, onde se rotulam etnias, crenças e culturas como se fossem fatores determinantes por eles mesmos, nichos são formados e perpetuados. Além disso, a noção de Ocidente difundida pela mídia, que explora os hábitos, costumes e modos de vida considerados normais, nos torna míopes, e passamos a ver o outro, o diferente, o integrante do outro nicho que não o nosso, como estranho, aquele a ser repelido. A ilusão da coexistência dá lugar a simples existência imposta do outro.
Entretanto, é certo afirmar que as noções físicas de tempo e espaço são restritas. Não é possível que um indivíduo contemple de forma presente e ativa todos os acontecimentos relevantes em seu país e no mundo. Por isso, muitos defendem que realidade pós moderna é o melhor momento possível para aprendermos a conviver com as diferenças, pois os meios de comunicação de massa promovem a difusão dessas informações. As redes globalizadas, como a internet, fazem com que aprendamos sobre as mais diversas culturas, e precisamos disso para nossa formação crítica, uma vez que a percepção individual é limitada.
Os defensores dessa utopia, no entanto, não levam em consideração alguns dados importantes. A internet tem, sim, a capacidade de difundir informações. Porém, apenas uma parcela pequena da população mundial tem acesso a esta, o que mostra que ela precisaria ser muito mais disseminada e explorada para que surtisse esse efeito em todos. Além disso, o individualismo contemporâneo, fruto de uma realidade capitalista e de um mercado de trabalho altamente competitivo, no qual cada um pensa mais no crescimento pessoal do que nas necessidades do outro, alimenta a intolerância. Assim, muitas pessoas, ao invés de se interessarem e abraçarem as diferentes perspectivas, rumo a uma melhor convivência, procuram excluir o outro, optando pela mesma miopia que as impossibilita de enxergar o que está longe delas.
Logo, precisamos enxergar esse círculo vicioso, e abandonar a ilusão de ótica que nos faz acreditar que a convivência entre os homens está facilitada, quase harmônica, pelo simples fato de as diferenças serem, hoje, mais difundidas. É necessário que compreendamos as diferentes perspectivas para que a convivência humana seja mais tolerante e pacífica. Para isso, é preciso que os meios globalizados de informação alcancem cada vez mais pessoas, o que pode ser feito por meio de incentivos governamentais e ações humanitárias, como ONGs. Nenhuma verdade é absoluta, nenhuma cultura é melhor ou pior, e o conhecimento do outro é tão vital que ele pode não só maximizar a aceitação e melhorar a convivência, mas também enriquecer as mais particulares perspectivas, completando-as.