A Filosofia é uma área bem importante da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias do Enem. Por isso, é fundamental estudar suas disciplinas e consequências na nossa vida atual, pois seus desdobramentos estão diretamente ligados a temas como ética, política, teoria do conhecimento e metafísica.
Uma das melhores formas de se estudar Filosofia para o Enem é resolvendo questões cobradas em edições anteriores. Assim, o aluno compreende melhor como o tema é cobrado, entende a complexidade das questões e fica por dentro dos assuntos recorrentes no exame.
Que tal conhecer a estrutura da prova de Filosofia no Enem e ver algumas questões que separamos pra você estudar? Se liga!
O que mais cai em Filosofia no Enem?
Quer saber o que mais cai em Filosofia no Enem? Existem alguns temas recorrentes e que, por isso, merecem atenção especial. São eles:
- Era Pré-Socrática: com Tales de Mileto, Parmênides, Heráclito e Pitágoras;
- Era Clássica: com Sócrates, Platão, Aristóteles e Sêneca;
- Era Medieval: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino;
- Renascimento: Thomas More, Erasmo de Roterdã, Maquiavel e Montaigne;
- Era Moderna: Descartes, Thomas Hobbes, John Locke, Francis Bacon, Montesquieu, Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant;
- Era Contemporânea: Karl Marx, Nietzsche, Hegel, Schopenhauer, Auguste Comte, Bertrand Russell, Jean-Paul Sartre, Heidegger, Karl Popper e Michael Foucault.
Outro tema bastante importante em Filosofia é a Escola de Frankfurt, uma das mais influentes do século XX. Aqui, destacam-se Theodor Adorno, Walter Benjamin e Max Horkheimer.
Vale, ainda, entender as correntes filosóficas – outro assunto bem cobrado no Enem. É preciso conhecer o seguinte:
- Sofismo;
- Idealismo;
- Escolástica;
- Racionalismo;
- Humanismo;
- Positivismo;
- Empirismo;
- Contratualismo;
- Idealismo transcendental;
- Utilitarismo;
- Marxismo;
- Fenomenologia;
- Niilismo;
- Materialismo;
- Estruturalismo;
- Pós-estruturalismo.
Boa parte das questões de Filosofia no Enem se misturam a assuntos como ética, política, metafísica e conhecimento humano.
Questões de Filosofia para o Enem
Dá uma olhada em algumas questões que caíram no Enem e veja como é a estrutura das perguntas. Lá embaixo, a gente te mostra o gabarito pra você conferir quantas acertou.
Questão 1
(Enem/2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. Sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.
BREHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na
a) Contemplação da tradição mítica.
b) Sustentação do método dialético.
c) Relativização do saber verdadeiro.
d) Valorização da argumentação retórica.
e) Investigação dos fundamentos da natureza.
Questão 2
(Enem/2019) De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem para esse fim, considerando-se que se um homem a usa para pecar, recairão sobre ele as punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir corretamente, mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser punido aquele que usasse sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada?
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como fundamento o(a)
a) desvio da postura celibatária.
b) insuficiência da autonomia moral.
c) afastamento das ações de desapego.
d) distanciamento das práticas de sacrifício.
e) violação dos preceitos do Velho Testamento.
Questão 3
(Enem/2012)
TEXTO I Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume:
a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.
Questão 4
(Enem/2019) TEXTO I
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a incomparável beleza dessa imensa luz. DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas” uma questão de fé. RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
Os textos abordam um questionamento da construção da modernidade que defende um modelo
a) centrado na razão humana.
b) baseado na explicação mitológica.
c) fundamentado na ordenação imanentista.
d) focado na legitimação contratualista.
e) configurado na percepção etnocêntrica.
Questão 5
(Enem/2019) Dizem que Humboldt, naturalista do século XIX, maravilhado pela geografia, flora e fauna da região sul-americana, via seus habitantes como se fossem mendigos sentados sobre um saco de ouro, referindo-se a suas incomensuráveis riquezas naturais não exploradas. De alguma maneira, o cientista ratificou nosso papel de exportadores de natureza no que seria o mundo depois da colonização ibérica: enxergou-nos como territórios condenados a aproveitar os recursos naturais existentes.
ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016 (adaptado).
A relação entre ser humano e natureza ressaltada no texto refletia a permanência da seguinte corrente filosófica:
a) Relativismo cognitivo.
b) Materialismo dialético.
c) Racionalismo cartesiano.
d) Pluralismo epistemológico.
e) Existencialismo fenomenológico.
Questão 6
(Enem/2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos.
Os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário atuam de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do Espírito das Leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).
A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um estudo. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja
a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governo eleito.
Questão 7
(Enem/2018) Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
TEXTO II
Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano.
ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).
Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma
a) predisposição ao conhecimento.
b) submissão ao transcendente.
c) tradição epistemológica.
d) condição original.
e) vocação política.
Questão 8
(Enem/2019) TEXTO I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim.
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).
TEXTO II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:
a) Possibilidade da liberdade e obrigação da ação.
b) Aprioridade do juízo e importância da natureza.
c) Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica.
d) Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão.
e) Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.
Questão 9
(Enem/2013) Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.
b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.
d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos.
e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
Questão 10
(Enem/2016) Sentimos que toda satisfação de nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocupações.
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra indissociavelmente ligada à
a) a consagração de relacionamentos afetivos.
b) administração da independência interior.
c) fugacidade do conhecimento empírico.
d) liberdade de expressão religiosa.
e) busca de prazeres efêmeros.
Gabarito
Alternativa correta: b) Sustentação do método dialético.
Sócrates foi um defensor da ignorância como o princípio básico para o conhecimento. Por isso, sua frase “só sei que nada sei” é tão importante.
Sócrates construiu um método que, por meio do diálogo (método dialético), abandonava as falsas certezas e os pré-conceitos, fazendo com que o interlocutor assumisse a sua ignorância e buscasse o conhecimento verdadeiro.
Alternativa correta: b) insuficiência da autonomia moral.
Para Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho, Deus dotou os seres humanos de autonomia, podendo agir livremente e em conformidade com Seus ensinamentos, não para pecar.
O pecado é um efeito da capacidade humana de falhar no uso de sua liberdade, fundamentada na insuficiência de sua autonomia moral.
Alternativa correta: e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.
Descartes e Hume são representantes de correntes de pensamento opostos.
O racionalismo de Descartes propõe que os sentidos são enganosos e não podem servir como base para o conhecimento. O empirismo, que tem Hume como seu principal expoente, diz que todo conhecimento tem origem na experiência, nos sentidos.
Alternativa correta: a) centrado na razão humana.
A Idade Moderna, ou modernidade, é centrada na razão humana. O pensamento de Descartes marca essa transição, dizendo que o ser humano dotado de razão é capaz de conhecer todos os aspectos da criação divina.
Alternativa correta: c) Racionalismo cartesiano.
O racionalismo cartesiano é uma referência ao pensamento do filósofo René Descartes (1596-1650). Para ele, a razão é a maior das faculdades humanas e o fundamento de todo o conhecimento válido.
O pensamento de Humboldt, que relaciona a natureza a um “saco de ouro”, demonstra uma concepção da natureza a partir de seu aspecto como um produto a ser explorado e comercializado.
Alternativa correta: d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
Montesquieu foi um filósofo influenciado pelo pensamento iluminista, que fazia Ele, inclusive, defendia a ideia da tripartição do poder para que houvesse o estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
Alternativa correta: d) condição original.
Na questão acima, vemos uma das rivalidades mais clássicas da história da filosofia: Hobbes x Rousseau, que concordavam com o estado de natureza humano.
O estado de natureza é uma abstração, um momento pré-social da humanidade, no qual as pessoas têm apenas a liberdade dada pela natureza (liberdade natural), assim como os outros animais.
Os autores divergem quanto ao que seria a condição original da humanidade.
Para Hobbes, a humanidade em estado de natureza seria a humanidade em uma guerra de todos contra todos.
Para Rousseau, os seres humanos são naturalmente bons. Em estado de natureza, o ser humano estaria em estado de felicidade aproveitando ao máximo sua liberdade natural (bom selvagem).
Alternativa correta: e) Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.
Kant tem duas ideias centrais:
A interioridade das normas morais como um juízo inato;
O mundo como um fenômeno, uma manifestação, impossibilitando o conhecimento da essência das coisas.
Alternativa correta: a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.
Para Kant, o confronto entre a posição empirista e a posição racionalista supõe que o conhecimento está ancorado na relação sujeito-objeto, tendo o objeto como o centro das atenções.
Ele diz que o conhecimento deve se basear nas nossas ideias.
Alternativa correta: b) administração da independência interior.
Schopenhauer é conhecido como o filósofo do pessimismo. Ele dizia que a vida é sofrimento e os indivíduos se frustram por idealizar que os poucos momentos de felicidade existentes na vida são uma regra e não um breve momento de exceção.
Segundo ele, a resignação é libertadora, sendo a administração da independência interior, a autodeterminação da vontade e do livre-arbítrio.
E aí? Acertou quantas, hein? Se precisar de ajuda para estudar para o Enem, conheça o cursinho da Descomplica aqui!