A água é uma substância muito importante para a vida na Terra. Ela não só serve como habitat para diversos organismos, tanto em ambientes marinhos quanto de água doce, mas também é essencial para que as reações do nosso metabolismo ocorram. Em resumo, todos os seres precisam de água para sobreviver. Porém quando acontece a poluição da água, ela se torna imprópria para consumo e pode causar diversos outros impactos no ambiente.
Diferentes tipos de biomas podem ser afetados com a poluição da água, causando um desequilíbrio ecológico. Um grande impacto pode ser observado quando ocorre a poluição em ambientes de água doce, já que ela é a nossa fonte de hidratação e também é usada para produção de energia, na indústria alimentar, entre outros.
Ambientes aquáticos
Na Terra podemos dividir os ambientes aquáticos em talassociclo e em limnociclo. O talassociclo equivale ao ambiente marinho, com água salgada, e ocupa cerca de 70% da superfície do planeta, sendo habitat para uma grande diversidade de animais. Já o limnociclo equivale as águas continentais, com água doce, como os rios, lagos, geleiras e lençóis freáticos. Estas águas ocupam cerca de 2,7% do planeta, mas apenas 0,3% delas é realmente potável e pode ser consumida.
Tipos de poluição
A água pode se tornar imprópria para consumo por causas naturais, como por exemplo quando ocorre um deslizamento em um corpo d’água ou ocorre a morte de um animal, havendo um grande aumento na decomposição, que pode alterar as condições fisiológicas no local. Porém o impacto causado pela ação humana é o mais grave quando se trata de poluição da água.
Quando falamos do impacto da ação humana, podemos identificar fontes pontuais, onde a fonte da poluição é observável e identificável, como por exemplo o despejo de poluentes diretamente na água. Porém em outros casos é mais complexo de se identificar a fonte de poluição, como por exemplo quando a contaminação ocorre através da infiltração de poluentes nos lençóis freáticos.
A poluição pode ser causada por diversos fatores, como veremos a seguir:
Poluição biológica
Ocorre quando organismos e compostos biológicos são lançados em ambientes aquáticos. Esta poluição torna a água impotável, sendo de extrema importância o saneamento básico para recuperação do local.
O despejo de esgoto, doméstico ou industrial, diretamente na água ou infiltrado pelo solo pode levar ao aparecimento de doenças e também causar o aumento da matéria orgânica no ambiente, gerando o problema da eutrofização artificial (será explicada em detalhes mais pra frente). A adubação excessiva também pode acabar levando à uma infiltração de nutrientes no solo e nos corpos d’água, causando os mesmos impactos.
Poluição sedimentar
A água fica poluída quando ocorre um acúmulo de partículas em suspensão na água, normalmente de produtos insolúveis e não biodegradáveis, sejam eles de origem orgânica ou inorgânica. Pode acontecer pela erosão natural do ambiente, mas usualmente é agravada em áreas com desmatamento e mineração. O lixo urbano também contribui para esta poluição, por exemplo aumentando a quantidade de plástico e micro plástico.
Um dos principais impactos desta poluição, além de tornar a água impotável, é diminuir a taxa de fotossíntese do ambiente. Os desastres de Mariana e Brumadinho são casos onde a água ficou totalmente contaminada por conta de poluição sedimentar provenientes das barragens. A quantidade de sedimentos foi tanta que até alterou as condições geológicas do local, formando argila em algumas regiões.
Poluição térmica
Ocorre quando as substâncias os dejetos liberados na água causam o aumento da temperatura desta. Um exemplo é o despejo de água usada da refrigeração de turbinas em indústrias, refinarias e usinas nucleares.
No caso de uma usina nuclear, a água é captada do ambiente para resfriar o reator. A temperatura do reator é tanta que a água evapora, e este vapor formado é levado a outra câmara, onde será condensado. O vapor condensado acaba gerando água quente, e esta é despejada novamente no ambiente. No Brasil, temos as usinas nucleares em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e a água do mar do local é utilizada para esse resfriamento, e despejada novamente ao mar, após ser aquecida.
Por mais que a mudança na temperatura não afete a qualidade da água, ela pode ser bastante prejudicial. O principal impacto causado por este tipo de poluição é a diminuição da solubilidade dos gases no ambiente aquático, diminuindo a disponibilidade de oxigênio para os organismos aeróbicos, e também a de gás carbônico, usado por seres autotróficos para fazer fotossíntese.
Poluição química
Aqui, compostos químicos presentes no ambiente aquático podem tanto alterar as condições do ambiente (como variar o pH) quanto interferir na saúde dos organismos que vivem no local. Dentre os principais exemplos de poluição química temos os poluentes formados por metais pesados (como o mercúrio), o petróleo e agrotóxicos. Podemos citar também a acidificação do oceano causada pelo excesso de gás carbônico, que leva à formação de ácido carbônico.
Poluição radioativa
Ocorre quando dejetos radioativos acabam parando em ambientes aquáticos, podendo estar relacionado ao descarte mal feito de lixos hospitalares.
Impactos para o homem e o meio ambiente
Bioacumulação e Magnificação trófica
Quando há um acúmulo de substâncias não biodegradáveis ao longo de uma cadeia ou teia alimentar, temos a magnificação trófica, também chamada de biomagnificação. O último nível trófico é o que é mais afetado, acumulando uma maior quantidade destes componentes em seu organismo. Outro conceito é o de bioacumulação, onde há o acúmulo de substâncias tóxicas em apenas um organismo ao longo da vida dele.
Metais pesados como o mercúrio e o micro plástico são exemplos de compostos que sofrem a magnificação, podendo ser encontrados inclusive em grandes quantidades no organismo de humanos contaminados.
Branqueamento dos corais
As altas temperaturas, no ambiente aquático, reduzem a solubilidade dos gases na água, tanto do oxigênio quanto do gás carbônico. Os corais são associações mutualísticas entre algas unicelulares e cnidários sésseis. Quando a temperatura da água é alta, há pouca disponibilidade de gás carbônico para que as algas realizem fotossíntese, e estas acabam por morrer. Com isso, os cnidários passam a apresentar uma coloração branca, e em pouco tempo morrem por não conseguirem se nutrir.
Eutrofização artificial
A eutrofização ocorre com o aumento da matéria orgânica em corpos de água, por exemplo esgoto ou excesso de fertilizantes, há uma sequência de fatores, sendo um dos principais problemas a grande proliferação de organismos decompositores anaeróbicos. Por conta disso, ocorre um grande consumo de oxigênio por esses seres, e a concentração deste gás no ambiente diminui. Assim, outros organismos aeróbicos que dependem do oxigênio também acabam morrendo, aumentando ainda mais a quantidade de decompositores.
Após determinado momento, caso a matéria orgânica não pare de ser despejada, a decomposição é tão intensa e a quantidade de oxigênio é tão baixa que nem mesmo os decompositores aeróbicos sobrevivem, restando apenas organismos decompositores anaeróbicos.
Hipóxia
É uma condição onde há uma baixa concentração de oxigênio disponível dissolvido na água, causando danos aos organismos presentes no ambiente. Uma das principais causas da hipóxia no ambiente aquático é a eutrofização artificial.
Doenças
A falta de saneamento básico pode acabar causando diversas doenças em animais e em humanos. A contaminação da água se da principalmente pela presença de fezes que contenham ovos dos agentes etiológicos ou mesmo suas formas adultas.
Podemos citar doenças adquiridas ao ingerir água contaminada, como cólera e a febre tifóide (bacterioses), a giardíase e a amebíase (protozooses) e a hepatite A (virose). A esquistossomose (verminose) ocorre quando o verme entra ativamente pela pele do hospedeiro, porém a presença deste animal no ambiente aquático costuma estar relacionada à poluição e falta de saneamento básico.
Maré negra
Quando ocorre o derramamento de petróleo no ambiente marinho, chamamos de maré negra. Neste tipo de desastre, o petróleo fica na superfície da água e impede a entrada de luz solar, impedindo que ocorra a fotossíntese. Além disso outros impactos ao ambiente são grandes: ele pode se ligar à pele de animais, fazendo com que eles não consigam mais voar (como no caso das aves), respirar (como quando se prende às brânquias dos peixes) ou mesmo se percam de seus parentes (como mamíferos aquáticos, que se guiam pelo cheiro).
Para os humanos, este petróleo pode acabar contaminando reservas de água potável, além de atrapalhar o comércio pesqueiro.
Como evitar e cuidados com o ambiente
Muitas vezes a origem da poluição não pode ser vista, mas alguns cuidados devem ser tomados em relação a isso. Em todo o mundo existem regras e leis relacionadas ao descarte dos diferentes tipos de poluentes, com objetivo de evitar que eles cheguem em corpos d’água. Nascentes devem ser protegidas e os córregos tratados e estruturado dentro de projetos de saneamento básico para evitar a proliferação de doenças.
No nosso dia a dia também podemos colaborar: o descarte correto de lixo doméstico, incluindo a reciclagem, é uma forma de reduzir o impacto ambiental. Evitar o uso excessivo de fertilizantes e se atentar aos agrotóxicos e pesticidas, reduzindo e evitando sempre o uso dessas substâncias. Não jogue determinados lixos pelo vaso sanitário, como cigarros e remédios, pois as substâncias químicas presentes ali podem acabar afetando o ambiente aquático.
Sobre a poluição da água, podemos resumir os seguintes pontos:
- A água é essencial para a vida na Terra;
- Os ambientes aquáticos podem ser marinhos ou de água doce, porém apenas 0,3% da água total no planeta é potável;
- A água pode ser contaminada diretamente, por uma fonte pontual, ou indiretamente;
- A poluição da água pode ser por conta de fatores biológicos, sedimentares, térmica, química ou radioativos;
- No meio ambiente, os impactos observados são a biomagnificação, o branqueamento de corais, a eutrofização artificial, a hipóxia, o aumento de doenças e a maré negra;
- O saneamento básico e o descarte correto de lixo e poluentes ajuda a evitar esses impactos nos ambientes aquáticos.
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