A Guerra do Vietnã foi um grande marco da bipolaridade global durante o século XX. Em um pequeno país da Ásia, o conflito entre o bloco capitalista e socialista se intensificou. Uma das principais marcas desse combate foi a grande participação norte-americana.
Sendo uma das Guerras mais documentadas do século XX, acabou gerando muitas consequências e debates. Assim, conheça a história da Guerra do Vietnã, seus motivos, as críticas e suas consequências.
O que foi a Guerra do Vietnã
Atualmente, a República Socialista do Vietnã é um país localizado na Ásia, mais especificamente ao leste da península Indochina. Durante mais de um milênio o Vietnã fez parte do Império Chinês, no entanto, conquistou sua independência no ano 938. Apesar de séculos como um reino independente, durante o século XIX o Vietnã se tornou uma colônia da França.
Após uma série de batalhas, o país finalmente se tornou independente e as divergências políticas separaram o país. Visto isso, a Guerra do Vietnã foi um grande conflito entre a região norte do Vietnã, de domínio socialista e a região sul, influenciada pelo capitalismo. Essa guerra ocorreu entre 1959 e 1975, com a participação direta dos Estados Unidos no apoio ao Vietnã do sul.
Portanto, os conflitos a partir de 1959 eram, na verdade, uma extensão de um longo processo de independência vietnamita. A luta anti-imperialista se arrastava desde o início do século XX, anteriormente contra França e Japão.
Assim, após a vitória sobre os antigos conquistadores se instalou um impasse nacional. De um lado, a influência do socialismo chinês e soviético e do outro a do capitalismo americano. Desenvolveu-se assim uma guerra marcada pelo típico contexto da Guerra Fria.
A guerra foi largamente documentada por fotos e vídeos e diariamente reportada pelo mundo. Este cenário de divulgação revelou para a população civil os horrores da guerra e as barbaridades norte-americanas no país. A consequência dessa exploração midiática foi a ampla denúncia de crimes de guerra e a mobilização social contra o combate.
Diversos grupos, como o movimento negro e hippie e a geração de jovens de 1968 passaram a protestar abertamente contra a guerra. Estima-se que ao fim do conflito, em 1975, cerca de 3 milhões de pessoas tenham sido mortas.
Antecedentes da Guerra do Vietnã
Apesar de ter seu auge durante a década de 1960, os motivos da guerra se prolongavam desde o início do século XX. Neste período, o cenário mundial era composto por uma série de conjunturas, como:
- A 2ª Guerra Mundial;
- As lutas de independência contra o imperialismo;
- A Guerra Fria;
- A difusão das revoluções socialistas.
Esses eventos, de fato, acabaram influenciando diretamente no próprio processo de independência vietnamita. Vale destacar que esse cenário também foi fundamental para a construção da mentalidade de muitos líderes que atuaram na guerra.
Guerra da Indochina
Durante a década de 1850, visando expandir suas colônias na África e na Ásia, a França passou a dominar a península da Indochina. Essa península era composta por países como Vietnã, Laos, Camboja, Tailândia e Birmânia, que passaram a sofrer com o imperialismo francês.
A ocupação militar francesa da região permaneceu por quase um século, pois apenas na década de 1940 foi realmente enfraquecida. Apesar da resistência de guerrilheiros, principalmente do Vietnã, o imperialismo francês até então parecia não se enfraquecer.
Apenas na década de 1940, com a ocupação nazista na França que, finalmente, a França precisou retirar parte de suas tropas da Indochina. Porém, em 1941, aproveitando o enfraquecimento francês na região e visando fechar rotas comerciais chinesas, o Japão ocupou o espaço.
Assim, durante a década de 1940, houve uma dupla presença de um Japão expansionista e de uma França enfraquecida. Essa situação, portanto, motivou a população da Indochina a se rebelar, sobretudo através da Liga pela Independência do Vietnã, conhecida como Viet Minh.
O grupo revolucionário, liderado por nomes como Ho Chi Minh e Vo Nguyen Giap, foi fundado em 1941 e fundamental para a luta de independência. Assim, em 1945, o enfraquecimento japonês após a derrota na 2ª Guerra e a instabilidade francesa permitiram mudanças. Neste ano, frente a 500.000 pessoas, o líder Ho Chi Minh declarou a independência do Vietnã.
Inicialmente a França não aceitou a independência e voltou a ocupar a região, com ajuda britânica e norte-americana. No entanto, a popularidade de Ho Chi Minh e do Viet Minh havia crescido, sobretudo no norte do país, gerando assim uma resistência. Assim, entre 1946 e 1954, a guerrilha Viet Minh lutou bravamente contra as tropas francesas na chamada Guerra da Indochina. A vitória asiática, com apoio chinês e soviético, permitiu assim a independência do país.
Vietnã do Norte x Vietnã do Sul
A emancipação do Vietnã contra os franceses também marcou a cisão do próprio país. Ao Norte, as tropas chinesas e Viet Minh, influenciadas pelos soviéticos mantiveram Ho Chi Minh como o presidente eleito do país. Ao Sul, a presença norte-americana garantiu a força do imperador Bao Dai e do Primeiro Ministro Ngo Dinh Diem.
Os dois lados discordavam quanto a um processo de reunificação do país, pois defendiam influências ideológicas distintas. Ambos os governos também foram marcados por desrespeitos aos direitos humanos e forte política armamentista.
Assim, visando solucionar o problema, a Conferência de Genebra (1954) definiu uma separação formal do país no paralelo 17º. A Conferência também definiu que em 1955 ocorreriam eleições no país para marcar a reunificação. Entretanto, Ngo Dinh Diem se recusou a realizar tal processo, alegando a impossibilidade de eleições sem fraudes. O mesmo ainda decretou severas leis de perseguição aos comunistas infiltrados no sul, que passaram a ser perseguidos.
Este cenário de tensões, em um contexto complexo de Guerra Fria acabou levando os dois lados ao conflito. O governo do norte autorizou uma série de levantes comunistas na região sul, sequestrando e matando autoridades.
A Guerra do Vietnã
A Guerra do Vietnã tem início como uma guerra civil entre os dois regimes presentes no país. De um lado, as forças do norte se aglomeraram principalmente na Frente Nacional Pela Libertação do Vietnã, popularmente chamada de Vietcong. Fundado por volta de 1960, e com apoio chinês e soviético, o grupo tinha como objetivo a vitória sobre o Sul e a reunificação do país.
O regime de Ngo Dinh Diem, por sua vez, lutou inicialmente com um exército formado por vietnamitas, recebendo apoio dos E.U.A. O governo norte-americano enviava armas e auxiliava com estratégias o governo do Sul.
Entretanto, entre 1963 e 1964 a guerra civil ganhou novas proporções. Em 63, Ngo Dinh Diem foi deposto por militares do Sul, comandados por Duong Van Minh. Na operação, o antigo Primeiro Ministro acabou sendo executado pelo seu próprio exército. No mesmo ano, 3 semanas depois, nos Estados Unidos, o presidente John F. Kennedy também foi assassinado em novembro.
A morte do presidente americano levou Lyndon B Johnson ao poder que. Assim, em 1964, com a justificativa do bombardeio de navios americanos, Johnson conseguiu aprovar o envio de tropas para o Vietnã. Os bombardeios aos navios americanos no golfo de Tonkin, no Vietnã, foram a grande justificativa para a entrada americana na guerra. Entretanto, apesar da grande comoção nacional, foi descoberto posteriormente que não havia qualquer indício de tal acontecimento.
A entrada norte-americana na guerra
Temendo que a situação do Vietnã se desenvolvesse como na China, em Cuba e na Coreia, o governo norte-americano passou a intervir diretamente. As tropas norte-americanas se estabeleceram no Sul e investiram em uma guerra por terra e por ar.
A resistência dos Vietcongues se mostrou muito mais poderosa do que era esperado. Com táticas de guerrilha complexas, os soldados de Ho Chi Minh surpreenderam os militares norte-americanos. Assim, apesar das forças americanas contarem com alta tecnologia bélica na época, a estratégica comunista ofereceu grande resistência.
Este cenário, portanto, forçou um prolongamento da guerra por mais 8 anos. Durante esse tempo, o governo americano precisou deslocar grandes quantidades de soldados, armas e dinheiro para a Ásia. Com as sucessivas derrotas, a violência americana e os crimes de guerra se tornaram as únicas soluções.
Os soldados americanos torturavam civis, utilizaram armas químicas poderosas como o napalm e o agente laranja para incendiar florestas e asfixiar inimigos. As imagens dessa violenta guerra circularam globalmente.
Assim, a exposição dos crimes de guerra, os vultosos gastos e o grande número de mortes geraram incisivas críticas. Jovens do mundo inteiro, inspirados pelas manifestações de 1968, pelo movimento hippie, estudantil e negro passaram a protestar contra o governo americano. Nesta guerra, os principais afetados eram os mais pobres e a comunidade negra, que eram os principais jovens convocados para a guerra.
Assim, pressionado pelos protestos, pelos altos gastos e pela falta de resultados, o presidente Richard Nixon decidiu dar fim à guerra. No dia 27 de janeiro de 1973 ordenou o cessar fogo e o gradual retorno das tropas norte-americanas.
Quem ganhou a guerra do Vietnã
Apesar da superioridade militar e tecnológica dos Estados Unidos, eles não conseguiram derrotar os guerrilheiros do norte, chamados de vietcongues, que usavam táticas de emboscada e sabotagem. A guerra causou muitas mortes, destruição e protestos no mundo inteiro. Em 1973, os Estados Unidos assinaram um acordo de paz e retiraram suas tropas do Vietnã. Sem o apoio americano, o Vietnã do Sul foi invadido e conquistado pelo Vietnã do Norte em 1975. Assim, o Vietnã foi reunificado sob o regime comunista, que é considerado o vencedor da guerra.
Consequências da guerra
O fim da guerra em 1975 gerou consequências para os dois países e até mesmo para a Indochina. No caso norte-americano, como visto, a insistência na guerra ampliou a crise social no país. O conturbado cenário provou ainda mais momentos de autoritarismo e violência aos manifestantes. Assim, durante a década de 1970, diversos movimentos passaram a conquistar direitos civis.
Neste cenário, o retorno dos militares também foi conturbado, visto que diversos jovens apresentavam graves problemas. Eram soldados que apresentavam os mais diversos danos físicos e psicológicos. A exposição à guerra afetou gravemente uma geração de jovens americanos, onde milhares foram mortos.
No campo político, a derrota na Ásia e em Cuba acabou enfraquecendo a moral americana. Em 1973, o país ainda viu explodir o grave escândalo de Watergate, que levou à renúncia do presidente Nixon.
Por outro lado, no Vietnã, em 1976 o país finalmente se reunificou, proclamando a República Socialista do Vietnã. Entretanto, após anos de guerra, a condição do país era de completa miséria. Com campos queimados e milhões de mortos, havia uma dificuldade estrutural em retomar a economia do país. A sobrevivência do novo Vietnã foi garantida graças ao apoio de países socialistas como a União Soviética e a China.
Por fim, as consequências da guerra não se limitaram apenas aos dois países. Como visto, a União Soviética conseguiu ampliar suas zonas de influência sobre a Ásia. Assim como o Vietnã, aproveitando a retirada dos americanos, outros países também realizaram revoluções. No Camboja e no Laos, o campesinato local, com apoio dos Vietcongs, estabeleceram repúblicas socialistas locais.
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