Eu tenho empresas e sou digno do visto para ir a Nova York. O dinheiro que chove em Nova York é para pessoas com poder de compra. Pessoas que tenham um visto do consulado americano. O dinheiro que chove em Nova
York também é para os nova-iorquinos. São milhares de dólares. […] Estou indo para Nova York, onde está chovendo dinheiro. Sou um grande administrador. Sim, está chovendo dinheiro em Nova York. Deu no rádio. Vejo que há pedestres invadindo a via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Vejo que há carros nacionais trafegando pela via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Ao chegar em Nova York, tomarei providências.
SANTANNA, A. O importado vermelho de Noé. In: MORICONI. I. (Org.). Os cem melhores contos. Rio de Janeiro: Objetiva. 2001.
A repetição tem uma finalidade estética específica de enfatizar a futilidade do personagem, a partir de várias construções em primeira pessoa e de expressões denotando posse “empresas”, “pessoas com poder de compra”, “está chovendo dinheiro”, “carro vermelho importado da Alemanha”.