Redação Exemplar
O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira
Redação exemplar: O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira
O filme “Nise – No coração da loucura” conta a história da médica Nise da Silveira que revolucionou a história da psiquiatria brasileira, uma vez que propôs novas técnicas para tratar internos e se recusou a usar eletrochoques e camisas de força nos pacientes. Estes tratamentos representavam a forma como os doentes mentais estavam à margem da sociedade e os preconceitos em torno dessas enfermidades. No entanto, por mais que a alagoana tenha proporcionado o debate sobre essa questão, estigmas relacionados às doenças mentais ainda persistem na sociedade brasileira.
Diante desse cenário, vale ressaltar que o preconceito é um obstáculo para o tratamento das doenças psíquicas no país. De acordo com o pensamento do filósofo Byung-Chul Han, a atual “Sociedade do Cansaço” presa pelo excesso de produtividade em relação às mais diversas atividades cotidianas, como por exemplo, no trabalho e nos estudos, motivados também pela exposição desses rendimentos nas redes sociais. Consequentemente, os cuidados com a saúde mental ficam em segundo plano visto que a procura de psiquiatras e psicólogos seria um desprestígio em relação ao desempenho insatisfatório perante o corpo social.
Além disso, a falta de investimentos em políticas públicas destinadas à saúde mental do brasileiro prejudica os pacientes. Segundo uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o país com as maiores taxas de pessoas com transtornos de ansiedade e casos de depressão. No entanto, há poucos programas destinados ao cuidado emocional dos pacientes e, com a pandemia do coronavírus, episódios de transtornos mentais que estavam latentes, desenvolveram-se pelas incertezas advindas do isolamento social. Nesse sentido, criou-se ainda mais a necessidade de atendimento específico para cuidar do psicológico das pessoas.
Fica evidente, portanto, que as doenças mentais não podem mais ser negligenciadas na sociedade brasileira. É necessário, então, que o Ministério da Saúde, por ser responsável pela administração da saúde do país, ofereça acolhimento psicológico aos cidadãos, por meio da criação de programas voltados para essa área no Sistema Único de Saúde, com o objetivo de fornecer acompanhamento adequado a esses casos e diminuir os índices informados pela OMS. Além disso, é necessário que as escolas e as empresas forneçam aos estudantes e aos funcionários apoio à saúde mental de seus integrantes. Dessa maneira, espera-se, efetivamente, fortalecer as práticas de Nise da Silveira.