Negócio das Índias
De Portugal para o mundo
Na costa africana
Por mares nunca dantes navegados
Dinheiro, dinheiro, dinheiro
Pioneirismo Português
Dentro do processo de formação das monarquias nacionais, Portugal vai se destacar com uma unificação precoce que vai ocorrer devido a uma série de acontecimentos históricos que vão permitir que o primeiro Estado a se unificar na Europa, ainda no século XIV, se torne uma potência comercial e marítima. Com uma boa parte do território ocupado por mulçumanos após a invasão árabe no século VIII, a saga pela constituição dos reinos de Portugal e Espanha vai passar pela expulsão dos árabes do território da Península Ibérica travando guerras que também tinham um aspecto sagrado – Cruzadas – para retomar o seu controle político, econômico e religioso.
Após a expansão territorial e a separação do reino de Leão promovida pela dinastia de Borgonha, a crise na sucessão após a morte de Fernando I, que não deixou herdeiros homens, vai despertar o interesse do reino de Castela em ocupar o território com o intuito de anexa-lo ao seu reinado, entretanto a unificação vai dividir a sociedade que vivia naquele território. Temendo perder sua autonomia, alguns setores como a burguesia e uma parte da nobreza vão declarar seu apoio ao irmão bastardo do rei falecido, João – conhecido também como Mestre de Avis. Apesar de estar em desvantagem numérica, o exército português consegue vencer a batalha contra os soldados castelhanos usando técnicas de guerra inovadoras inspiradas na Guerra dos Cem anos, unificando o país em torno da figura de Dom João I.
A burguesia portuguesa que já se encontrava em um crescente sucesso econômico devido ao comércio no Mar Mediterrâneo e no Mar do Norte vai prover os recursos financeiros para a manutenção do Exército que vai levar a vitória de Dom João que quando vence favorece a expansão econômica dos burgueses que vai mudar de patamar ao levar sua ampliação para o mar, abrindo caminho para novas rotas comerciais atrás de um caminho para as tão sonhadas especiarias. Além disso, é importante ressaltar a localização privilegiada em relação ao mar, o que foi um fator extremamente importante
E a Espanha?
Até o século XV o território que virá a ser chamado de Reino da Espanha se encontrava descentralizado e dividido em diversos reinos como Leão, Castela, Aragão e Granada que ainda se encontrava em poder dos mouros. Com o casamento entre Fernando, rei de Aragão, com Isabel, sucessora no trono de Castela, a unificação vai começar a tomar forma após a morte do pai da herdeira e a decisão de unir as duas coroas.
Conhecidos popularmente como os “Reis Católicos”, Fernando e Isabel firmaram um acordo com a Igreja Católica a fim de expulsar os árabes e os judeus do seu território criando assim um Tribunal do Santo Oficio - Inquisição – promovendo uma caçada política e religiosa contra aqueles considerados inimigos chamada de Guerra da Reconquista. Utilizada como um instrumento de controle, a Inquisição vai utilizar o terror como forma de subjugar todos aqueles que questionassem o seu poder. Ao mesmo tempo, a burguesia espanhola já se mostrava disposta a conquistar novas rotas comerciais ao explorar o território das Ilhas Canárias e ao firmar o Tratado de Alcaçovas (1479) com o reino de Portugal a fim de estabelecer seus interesses exploratórios.
Além disso, o surgimento da Universidade de Salamanca vai se tornar um importante promotor do desenvolvimento cientifico uma vez que vai promover estudos humanistas que vão ampliar as contribuições nos campos náuticos e geográficos permitindo avanços tecnológicos com a criação de novos instrumentos e inovações no conhecimento cartográfico.
Com a conquista de Granada em 1492 e a expulsão daqueles que não aceitavam a conversão ao cristianismo vai ocorrer um fortalecimento o processo de formação do Estado espanhol, bem como a expansão dos investimentos marítimos vai se consolidar com o financiamento da viagem de Cristóvão Colombo as famosas Índias e ao comércio de especiarias. Seguindo o caminho inicialmente traçado por Portugal no período que ficará conhecido como As Grandes Navegações.
As Grandes Navegações e a Chegada a América
A localização geográfica privilegiada e o domínio do desenvolvimento tecnológico no campo náutico vão garantir aos portugueses o pioneirismo na expansão marítima, entretanto os espanhóis vão seguir logo atrás com o intuito de buscar novas rotas para as Índias. O interesse de cada classe social nas expedições marítimas justifica o forte incentivo a viagem para as terras desconhecidas, sendo eles:
§ Nobreza: conquista de novas terras e a expansão do seu poderio.
§ Burguesia: novas rotas comerciais e a busca por metais preciosos.
§ Igreja: expansão da fé católica com a conversão de novos fieis.
Ao chegar na América ainda em 1492, Colombo acreditava que tinha chegado as Índias e a princípio decepciona a coroa espanhola por não encontrar as esperadas especiarias, entretanto sua descoberta vai despertar o interesse de ambos os Estados que vão passar a disputar o controle sobre as novas terras encontradas. A criação de um acordo - Tratado de Tordesilhas - entre Portugal e Espanha mediado pelo Papa Alexandre VI dividia as terras em dois grandes blocos: a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde as terras pertenciam aos espanhóis e as terras ao leste pertenciam aos portugueses.
A Expansão Ultramarina permitiu a ampliação do comércio europeu para os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico inaugurando um período de intensas trocas culturais, do avanço do conhecimento zoológico, medicinal, entre outros. Contudo, o mesmo período também será marcado por uma intensa exploração física e material dos novos territórios descobertos, além daquilo que será chamado por alguns autores de o maior genocídio já conhecido pela história com a aniquilação de milhões de nativos.