Olá, guerreiros!
Aqui estamos nós conforme o prometido com a continuação do post passado sobre a colonização espanhola na América focado no massacre dos indígenas durante o século XVI. Boa leitura!
Com a chegada dos espanhóis, os indígenas transformaram seu modo de vida, haja vista que viviam em uma mesma rotina há milhares de anos, a qual se transformou em algumas horas, como ensina Nathan Wachtel:
O trauma da conquista não se limitava ao impacto psicológico da chegada do homem branco da derrota dos antigos deuses. O governo espanhol, ao mesmo tempo em que fazia uso das instituições nativas, realizava sua desintegração, deixando apenas estruturas parciais que sobreviveram fora do contexto relativamente coerente que lhes havia dado sentido. As conseqüências destrutivas da conquista afetaram as sociedades nativas em todos os níveis: demográficos, econômico, social e ideológico.
Além da transformação da rotina, os indígenas passaram a ser perseguidos, ganharam novas doenças, às quais não tinham imunidade, foram torturados e muitos levados como escravos para o continente europeu.
Os espanhóis conquistaram a América de forma extremamente violenta. Em alguns Países, como o Peru, havia grande quantidade de ouro, como relatou Júlio Verne:
A região era povoada; mas o que seduziu sobretudo os espanhóis, e o que os fez acreditar que tinham chegado ao País maravilhoso de que tinham ouvido falar, era a abundância de ouro e prata, metais que eram usados não só nas roupas e enfeites dos habitantes, mas também em vasos e utensílios comuns.
Por esta razão massacraram os indígenas, a fim de apoderarem-se de todo o seu ouro. Eles eram submetidos a trabalhos forçados e algumas etnias foram dizimadas pelas guerras, pelas doenças e pelos massacres, como narram Flávio de Campos e Renan Garcia Miranda:
O descobrimento das ricas minas de ouro e prata no México e Peru impulsionou a conquista da América pelos espanhóis. Entre 1519 e 1540, praticamente todo território continental da América Central estava em mãos dos espanhóis. Em meados do século XVI havia cerca de 100 mil europeus na América espanhola. Uma associação desigual definiu a conquista espanhola. O estabelecimento do trabalho forçado, as doenças, as guerras e os massacres dizimaram a população indígena.
Os indígenas não eram escravizados, mas eram considerados encomiendas, ou seja, passaram a ser “encomendados” aos conquistadores e colonizadores para serem catequizados. Em troca dos ensinamentos religiosos eles deviam trabalhar constantemente e de forma não remunerada em suas próprias terras.
O Frei espanhol Bartolomé de Las Casas foi para a América a fim de ser um encomiendeiro, porém acabou se transformando em um dos maiores protetores dos indígenas, conforme ensina Eduardo Bueno:
Em 1511, de regresso à Ilha Espanhola, depois de uma estadia de quatro anos na Espanha, recebeu na localidade de índios, tornando-se assim encomiendero. Foi nessa condição que escutou o sermão de Antônio de Montesinos (cujos protestos, meses depois, foram calados por ordem do superior dominicano Alonso de Loyasa). Apesar de profundamente abatido pela prédica de Montesinos, Las Casas deu prosseguimento a sua vida de descobridor conquistador. Dois anos mais tarde, participou da conquista de Cuba, comandada por Diego Velásquez e Panfilo de Narvaéz. Durante os combates, Narvaéz mandou degolar sete mil índios nas proximidades de Caonao. Depois dessa conquista, Las Casas recebeu novas porções de terra e outro repartimiento de índios, em Jaguá, Cuba. Foi durante sua residência de um ano na ilha que tomou a decisão de abandonar suas posses, seus lotes de escravos e consagrar sua vida à defesa dos indígenas do Novo Mundo.
Então, pessoal, por essa semana é só! Até a próxima!