Olá, vestibulandos!
Hoje trouxe pra vocês mais uma redação pronta! Esse foi o tema da UFBA, em 2010: “A questão da desigualdade social no Brasil como conseqüência de uma situação sócio econômica e cultural reveladora de muros visíveis e invisíveis entre pessoas de classes sociais e etnias diferentes.”
Confiram!
QUEBRANDO BARREIRAS
Basta andar pelo centro de alguma grande cidade brasileira. Basta ter olhos para ver. A desigualdade está por todos os lados, estampada em cada esquina, em cada favela, em cada mansão. Essa chaga que corrói cada vez mais intensamente a integridade do Brasil já virou até rotina. É evidenciada nas páginas de jornais quase que diariamente e faz parte do cenário das ruas país afora. Por ter se tornado rotina, as propostas para acabar com ela já viraram clichê, já são lugar comum. Por isso, fugir do óbvio é difícil. Cair na repetição e vender a idéia de que a educação é a solução pra tudo se torna extremamente atrativo, uma vez que, ao analisarmos mais profundamente o problema, vemos que as vertentes e causas desses males são inúmeras e complexas, e residem, principalmente, nos muros visíveis e invisíveis criados pela própria sociedade. Ainda assim, é necessário fazê-lo, pois nelas pode residir a real solução.
Tão grave quanto a existência dos problemas é ignora-los. A resolução destes está nas mãos daqueles que teimam em fingir que, ao cercar-se de grades em seus condomínios e artefatos de segurança – os muros reais, visíveis -, eles deixam de existir. Se não vemos o menino de rua, ele deixa de estar no sinal vendendo bala. Isso porque são as classes mais altas que possuem a educação e formação necessárias para tomar decisões, decidir o rumo do país. Porém, talvez por comodismo, não o fazem. A pobreza de bens materiais, de comida, existe em muito por causa da pobreza de altruísmo e solidariedade existente no Brasil. Somente em raras ocasiões, como no natal,o espírito de caridade floresce e os olhos se abrem para enxergar aquele que não tem nada, e é confortável enganar-se, achando que dar um prato de comida e um agasalho resolvem a situação.
Ao mesmo tempo, é comum a restrição do assunto desigualdade como se somente a sócio-economica existisse. Esta é, sim, mais evidente, já que temos constantemente contato com os índices discrepantes de distribuição de renda no Brasil, e com ela já fazendo parte do nosso cenário. O que não se percebe, porém, é que esta se dá, em muito, pela desigualdade de oportunidades – os muros invísíveis, que a própria sociedade estabelece. Se houvesse uma melhoria na educação pública de base, haveria uma igualdade maior na entrada para o ensino superior e conseqüente obtenção do diploma, requisito quase que fundamental hoje para o ingresso no mercado de trabalho. Dessa forma, a disputa seria mais justa, com igualdade de oportunidades, e a desigualdade social deixaria de ser quase uma marca de nascença para tantos.
Dessa forma, fica claro perceber que o vértice que estamos acostumados a lidar sobre os problemas abordados é somente a ponta do iceberg. É certo que a pobreza faz o estômago e o coração doerem, mas é o olhar pobre para com o próximo que piora a situação. Ao mesmo tempo, a desigualdade social é injusta mas não existe nem mesmo uma igualdade de oportunidades para haver justiça. Derrubar os muros, todos eles, e exterminar de vez tais doenças é utópico, uma vez que vivemos em um sistema que exige a existência da desigualdade para sobreviver. Podemos, sim, ameniza-las. Precisamos parar de insistir do clichê de que “o que os olhos não vêem o coração não sente.” Não só sente, como grita. Basta da solidariedade temporal. Basta da educação de base precária que limita a igualdade de oportunidades. Basta de venda nos olhos e de elitismo. Que consigamos derrubar essas barreiras tão maléficas. Basta, somente. E definitivamente.