Você sabe a importância da narrativa? Basta dizer que, em nosso dia a dia, a todo instante estamos interpretando ao menos um entre os tipos de narradores. Independente se é um fato ocorrido, um encontro com certa pessoa, uma viagem, um passeio, etc.Vai dizer que você nunca contou pra sua amiga como foi aquela festa bombástica ou aquele momento em que você estava no estádio e seu time fez aquele gol decisivo? Pois é, é nesse momento que você se torna o narrador do acontecimento.No entanto, pra ser narrador, não basta só contar algo, né? Então, vamos descomplicar agora e te mostrar os tipos de narrador de texto mais comuns.
O que é um narrador?
Narrador é a pessoa que conta a história. Pode ser alguém que participa dos acontecimentos ou um mero expectador, que relata os fatos pro leitor. Quando o tipo de narrador é um personagem, dizemos que ele é um narrador em primeira pessoa. Mas existem outras formas de narrativas muito usadas em obras literárias que caem no Enem.Quais são os tipos de narradores?
Vamos conhecer um pouco mais sobre as características de quem está contando uma história.Narrador personagem
Esse tipo de narrador de texto é aquele que conta e participa da história como personagem principal ou secundário. Ele consegue passar maior subjetividade ao texto, pois está envolvido emocionalmente com o acontecimento relatado.Por esse mesmo motivo, seu relato é bastante parcial e não pode ser tomado totalmente como verdadeiro. Então, pra ser narrador personagem, você precisa se deixar envolver! Veja esse exemplo:“Quando voltei a casa era noite. Vim depressa, não tanto, porém, que não pensasse nos termos em que falaria ao agregado. Formulei o pedido de cabeça, escolhendo as palavras que diria e o tom delas, entre seco e benévolo. Na chácara, antes de entrar em casa, repeti-as comigo, depois em voz alta, para ver se eram adequadas e se obedeciam às recomendações de Capitu: ‘Preciso falar-lhe, sem falta, amanhã; escolha o lugar e diga-me.’”(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro)Narrador personagem do tipo protagonista
Nesse caso, a sua existência se mistura com a narrativa, afinal ela gira em torno dele. Esse personagem costuma apresentar uma maneira de contar as coisas muito pessoal e parcialmente. Sendo assim, o leitor não tem acesso a nenhum outro ponto de vista ou aspecto da história.Narrador personagem do tipo testemunha
Nessa narrativa, a história gira em torno de outra personagem. Portanto, ela é construída sob o ponto de vista de alguém que não é o protagonista. Só pra lembrar, o narrador também pode ser um objeto ou animal, tá?Como testemunha ou coadjuvante, esse tipo de narrador descreve as coisas da forma como ele vê ou interpreta. Exatamente como o protagonista, a narrativa acaba se tornando bastante parcial. Veja esse exemplo:“Era eu que cuidava dos altares e ajudava a missa dos santos padres da igreja de S. Tomé, do lado ao poente do grande rio Uruguai. Sabia bem acender os círios, feitos com a cera virgem das abelheiras da serra; e bem balançar o turíbulo, fazendo ondear a fumaça cheirosa do rito; e bem tocar a santos, na quina do altar, dois degraus abaixo, à direita do padre; e dizia as palavras do missal; e nos dias de festa sabia repicar o sino; e bater as horas, e dobrar a finados... Eu era o sacristão.”(NETO, João Simões Lopes. Lendas do Sul)Narrador onisciente
O narrador onisciente conhece os fatos dos quais está falando, mas não participa das ações. Apesar de não ser uma personagem, ele não se limita a apenas contar o que ocorreu ou que está acontecendo no presente.Esse tipo de narrador de texto relata os sentimentos, os desejos e até mesmo os pensamentos das personagens. Ou seja, é como aquela melhor amiga que sabe o que você está pensando e sentindo sem nem participar do rolo.Confira esse exemplo tirado da nossa literatura:“Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala, um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja – primor de argentaria, execução fina e acabada.”(ASSIS, Machado de. Quincas Borba)
