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Membros da extrema direita se preparando para entrar no Parque da Emancipação, em Charlottesville (EUA) segurando bandeiras nazistas

Fascismo: o que é, características e atualidade

Entenda o que foi a ideologia fascista e como ela se espalhou pelo mundo.

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Cada vez mais frequente no cenário político, o termo “fascismo” se refere a um movimento de extrema direita que surgiu no início do século XX.

No Brasil, inclusive, ele inspirou movimentos políticos de direita como o Integralismo, durante a Era Vargas, sabia?

Entender o que foi o fascismo, suas implicações e o que significa fascista é essencial para o vestibular! 

Hoje em dia, o fascismo gera polêmica em grupos radicais de extrema direita, com líderes que se posicionam como herdeiros de líderes fascistas do passado.

Com posicionamentos radicais e preconceituosos, atraem adeptos por todo o Brasil, especialmente com a ascensão das fake news nas redes sociais. 

Quem vai prestar o Enem precisa entender de onde surgiu esse movimento e como ele impacta nossas vidas até hoje.

Relacionar o tema a temas atuais é muito importante pra se dar bem na prova, então, vem com a gente que te contamos tudo!

Camisas negras na Marcha sobre Roma (1922) para ilustrar o conteúdo sobre o que é fascismo

O que é Fascismo?

 Como já dissemos lá em cima, o fascismo surgiu com uma estrutura ideológica e partidária no início do século XX.

Entretanto, desde o século XIX, as características do fascismo já estavam presentes na sociedade burguesa, sobretudo europeia.

Com o desenvolvimento das ciências, do imperialismo e do nacionalismo, a cultura racista e xenofóbica conquistou espaço.

Assim, as teorias do darwinismo social, da eugenia e do higienismo, defendiam uma superioridade europeia que parecia natural e consensual.

Para os homens europeus, apenas a Europa seria civilizada e teria a missão de levar a modernidade e o progresso ao mundo.

Desta forma, esse cenário se tornou responsável, inclusive, pela eclosão da 1ª Guerra Mundial.

Neste momento, com as batalhas na Europa, os nacionalismos e sentimentos xenofóbicos se aguçaram ainda mais.

Com essa receita e a grave crise econômica de países como Itália e Alemanha que o fascismo se estruturou.

Como uma resposta fácil e rápida para problemas complexos, o fascismo atraiu uma multidão de jovens desesperados.

Na Itália, o Partido Nacional Fascista, de Benito Mussolini, reuniu jovens de todo o país em milícias conhecidas como “camisas negras”.

Enquanto na Alemanha, alguns anos depois, os “camisas pardas” passaram a seguir as ideias nazistas e do líder Adolf Hitler.

Quer entender direitinho o que foi o fascismo? Assista a este vídeo dos nossos professores que é sucesso demais! 

Fascismo e Nazismo: entenda os conceitos e como se relacionam

Fascismo e nazismo foram movimentos bastante alinhados e que pregavam basicamente a mesma coisa. As principais características desses grupos eram:

  • Xenofobia e racismo;
  • Ultranacionalismo;
  • Autoritarismo;
  • Militarismo
  • Violência e mobilização de massas;
  • Anticomunismo e antiliberalismo;
  • Ultraconservadorismo;
  • Antidemocráticos
  • Culto a líderes;
  • Negação da luta de classes e naturalização das desigualdades (social, gênero e étnica);
  • Defesa do Estado totalitário e unipartidário;
  • Corporativismo.

Características do Fascismo

O fascismo é um sistema político oposto ao socialismo. Também pode ser considerado imperialista, antiburguês, autoritário, antiliberal, anticomunista e nacionalista. 

Suas principais características são:

  • Estado totalitário: Estado controla todas as manifestações da vida pública e privada da população;
  • Autoritarismo: a autoridade do líder é indiscutível e soberana;
  • Nacionalismo: qualquer sacrifício deve ser feito pelos indivíduos em nome do bem da nação;
  • Antiliberalismo: com algumas ideias capitalistas, como a propriedade privada e a livre iniciativa das pequenas e médias empresas, o fascismo também defendia a intervenção estatal na economia, o protecionismo e até a nacionalização de grandes empresas;
  • Expansionismo: o fascismo defendia que era preciso conquistar cada vez mais espaço para que a nação se desenvolvesse;
  • Militarismo: a salvação era sinônimo de organização militar, de luta, guerra e do expansionismo;
  • Anti Comunismo: o fascismo rejeita a ideia da abolição da propriedade, da igualdade social absoluta e da luta de classes;
  • Hierarquização da sociedade: os mais fortes sempre tinham mais espaço e oportunidades. Eles deveriam conduzir o povo à segurança e à prosperidade.

Integralistas de Viçosa, Ceará para ilustrar o conteúdo sobre o que é fascismo

Entenda o que é Fascismo Eterno

Em “O Fascismo Eterno”, conferência dada por Umberto Eco no dia 25 de abril de 1995, e publicada em forma de livro no Brasil, ele explica o que seria o conceito de fascismo eterno. 

Segundo ele, embora haja algumas diferenças entre as experiências fascistas em alguns países, é possível indicar uma lista de características típicas do que chama de fascismo eterno (ou Ur-fascismo). 

Para explicar o conceito, ele listou 14 características típicas do fascismo eterno, destacando que “embora muitas se contradigam entre si e sejam típicas de outras formas de despotismo ou fanatismo, é suficiente que uma delas se apresenta para fazer com que se forme uma nebulosa fascista.”

As principais são o culto à tradição, a recusa da modernidade, o irracionalismo (ações realizadas sem reflexão), a intolerância, a busca do consenso com base no medo, o fascismo como resultado da frustração individual ou social, a obsessão da conspiração, o culto à violência, o machismo, o populismo (de direita) e seu líder se apresentando como intérprete, além do empobrecimento cultural e da linguagem. 

Neonazista em Massachusetts, E.U.A (2012) para ilustrar o conteúdo sobre o que é fascismo

Resumo da linha do tempo e contexto do Fascismo

Um profundo sentimento de frustração dominou a Itália após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Na ocasião, o país saiu com a moral baixa por não ter suas reivindicações atendidas no Tratado de Versalhes. 

Com isso, a crise social e a pobreza cresciam, dando origem a movimentos revolucionários com o crescimento a esquerda e dos movimentos de direita.

Foi então que, em março de 1919, em Milão, o jornalista Benito Mussolini criou os “Fasci di Combattimento” e os “Squadri” (grupos de combate e esquadrão, respectivamente).

Seu objetivo era combater os adversários políticos, em especial os comunistas, por meio de atos violentos.

O Partido Nacional Fascista foi criado em novembro de 1921 e cresceu rapidamente. Em 1921, já contava com 300 mil filiados.

O movimento agrupava pessoas nacionalistas, anti esquerdistas, contra revolucionários, ex-combatentes e desempregados.

Sua chegada ao poder foi facilitada pelo fato de o governo parlamentar, composto pelo partido socialista e pelo partido popular, não chegar a um acordo nas grandes questões políticas. 

A simbologia fascista

Através das características citadas, esses grupos se reuniram principalmente no Partido Fascista e no Partido Nazista.

Na Itália, o principal símbolo do fascismo foi o fascio. Este emblema, composto por um feixe de varas ao redor de um machado, era um símbolo do Império Romano.

Associado ao poder e a autoridade, o símbolo era normalmente utilizado nas cerimônias oficiais com os magistrados.

Pouco se sabe sobre a sua origem, mas acabou sendo adotado ao redor de todo o mundo por instituições públicas.

Em Assembleias, tribunais e outros prédios públicos do século XIX, até mesmo no Brasil, é possível observar o fascio na arquitetura.

No caso italiano, o símbolo foi ressignificado por Mussolini e se tornou a inspiração para o nome fascismo.

Segundo os membros do partido, o propósito do fascismo era trazer de volta à Itália os tempos áureos do Império Romano.

A escolha da herança romana, portanto, revela não só um romantismo, como as intenções imperialistas e totalitárias do novo partido.

No caso alemão, o uso real da suástica como um símbolo nazista continua sendo um mistério.

Muito debatido por historiadores, o símbolo é muitas vezes associado ao esoterismo de Adolf Hitler. Vale destacar que imagens parecidas com a suástica nazista podem ser encontradas em diversas culturas milenares.

Entre gregos, incas, chineses, hindus, budistas, maçons e diversas ordens esotéricas já utilizavam símbolos parecidos.

No caso nazista, uma das principais hipóteses é o da associação da suástica ao arianismo.

Para os alemães, o símbolo seria uma importante runa de seus ancestrais que simbolizaria vitória. No livro Mein Kampf, Hitler defendeu o uso da suástica dizendo que:

Fascismo pelo mundo

Agora que já respondemos o que é o fascismo e identificamos seus simbolismos, vale destacar sua difusão pelo mundo.

Ainda na primeira metade do século XX, o fascismo se espalhou por diversos países ao redor do mundo.

Fascismo na Espanha

Na Espanha, a expansão do fascismo foi determinante para o acontecimento da Guerra Civil Espanhola.

Através da chamada Falange, composta por militares e pela elite econômica espanhola, os fascistas permaneceram no poder até 1975. O Gal. Francisco Franco se tornou o principal símbolo do fascismo espanhol, com um governo:

  • Totalitário
  • Anticomunista
  • Ultranacionalista
  • Ultraconservador
  • Corporativista

Fascismo em Portugal

Em Portugal, um governo semelhante se configurou com o regime de Antônio de Oliveira Salazar. O chamado salazarismo, portanto, também preservou características desse fascismo europeu até 1974.

Fascismo no Brasil

No Brasil, apesar de muitos opositores alegarem posturas fascistas de Getúlio Vargas, o Estado Novo não pode ser considerado uma ditadura fascista.

Tendo em vista que os governos fascistas se caracterizaram principalmente pelo unipartidarismo e pelo expansionismo, Vargas não seguiu tais modelos.

De fato, é inegável que o Estado Novo adotou algumas influências do nazi-fascismo. Entretanto, com o crescimento desses partidos e a pressão de políticos fascistas, muitos governos no mundo também adotaram.

Nos EUA da América, por exemplo, a prática da eugenia, o racismo institucional, o ultraconservadorismo e o ultranacionalismo são realidades até hoje.

Desta forma, Vargas e outros governantes da época apenas seguiram políticas consideradas normais por diversos estadistas da época.

No caso brasileiro, assim, a reivindicação das influências fascistas foi feita pelo Partido Integralista Brasileiro.

Este grupo, apesar de ter aceitado membros negros, como o próprio João Cândido, da Revolta da Vacina, foi influenciado pelo fascismo.

Toda a simbologia, vestimenta e ideias dos membros do integralismo lembravam os camisas pardas nazistas.

Com saudações alegóricas, ultranacionalismo, conservadorismo e autoritarismo, os integralistas representaram, portanto, o fascismo no Brasil.

Veja o que foi a censura

O Fascismo hoje em dia: existe? Como identificar?

Atualmente, a pergunta “o que é o fascismo?” vem movimentando diversos debates.

A principal causa é a dificuldade na identificação de grupos fascistas e a associação desse movimento com espectros políticos.

Um dos grandes debates tem sido, por exemplo, se o fascismo seria uma ideologia de esquerda, ligada ao socialismo, ou de direita.

Vale destacar que sobre essa questão, há um consenso entre os historiadores: o fascismo é um movimento de extrema-direita.

Apesar do fascismo italiano e no nazismo terem surgido de partidos socialistas, adotando, inclusive, as cores, estes, pouco se identificavam.

Na prática, o socialismo defende o fim das desigualdades sociais e busca a construção de uma sociedade comunista, sem Estado.

O fascismo, por sua vez, apesar de ter um antiliberalismo semelhante, se apresentava como socialismo apenas para atrair os trabalhadores.

Sabendo que não conquistariam a massa operária apenas com o conservadorismo e a xenofobia, a estratégia inicial dos fascistas foi essa.

Portanto, de uma forma geral, o fascismo se aproximou muito mais do conservadorismo de direita, com a xenofobia, o racismo, ultranacionalismo e autoritarismo.

Características essas que, até hoje, figuram em movimentos desse espectro político. Atualmente, uma série de grupos ultraconservadores surgiram reivindicando o legado dos fascismos do século XX.

No sul dos Estados Unidos, por exemplo, grupos ultraconservadores, utilizam o discurso fascista para atacar principalmente negros e latinos.

No Brasil, de forma semelhante, também existe o ataque a negros e latinos, mas também atitudes separatistas e preconceituosas com a cultura nordestina.

Portanto, percebe-se nestes grupos, com um novo contexto, características de um neofascismo, como:

  • Ataques a imigrantes e pessoas de etnias e culturas diferentes;
  • Autoritarismo, anti democracia e defesa de ditaduras militares;
  • Patriotismo exagerado, com características xenofóbicas;
  • Elitismo, pautado na naturalização das desigualdades;
  • Posturas machistas, defendendo a desigualdade entre gêneros;
  • Homofobia e transfobia;
  • Culto a líderes e movimentos fascistas do passado;
  • Organização através de milícias violentas.

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