Cada vez mais frequente no cenário político, o termo “fascismo” se refere a um movimento de extrema direita que surgiu no início do século XX.
No Brasil, inclusive, ele inspirou movimentos políticos de direita como o Integralismo, durante a Era Vargas, sabia?
Entender o que foi o fascismo, suas implicações e o que significa fascista é essencial para o vestibular!
Hoje em dia, o fascismo gera polêmica em grupos radicais de extrema direita, com líderes que se posicionam como herdeiros de líderes fascistas do passado.
Com posicionamentos radicais e preconceituosos, atraem adeptos por todo o Brasil, especialmente com a ascensão das fake news nas redes sociais.
Quem vai prestar o Enem precisa entender de onde surgiu esse movimento e como ele impacta nossas vidas até hoje.
Relacionar o tema a temas atuais é muito importante pra se dar bem na prova, então, vem com a gente que te contamos tudo!
O que é Fascismo?
Como já dissemos lá em cima, o fascismo surgiu com uma estrutura ideológica e partidária no início do século XX.
Entretanto, desde o século XIX, as características do fascismo já estavam presentes na sociedade burguesa, sobretudo europeia.
Com o desenvolvimento das ciências, do imperialismo e do nacionalismo, a cultura racista e xenofóbica conquistou espaço.
Assim, as teorias do darwinismo social, da eugenia e do higienismo, defendiam uma superioridade europeia que parecia natural e consensual.
Para os homens europeus, apenas a Europa seria civilizada e teria a missão de levar a modernidade e o progresso ao mundo.
Desta forma, esse cenário se tornou responsável, inclusive, pela eclosão da 1ª Guerra Mundial.
Neste momento, com as batalhas na Europa, os nacionalismos e sentimentos xenofóbicos se aguçaram ainda mais.
Com essa receita e a grave crise econômica de países como Itália e Alemanha que o fascismo se estruturou.
Como uma resposta fácil e rápida para problemas complexos, o fascismo atraiu uma multidão de jovens desesperados.
Na Itália, o Partido Nacional Fascista, de Benito Mussolini, reuniu jovens de todo o país em milícias conhecidas como “camisas negras”.
Enquanto na Alemanha, alguns anos depois, os “camisas pardas” passaram a seguir as ideias nazistas e do líder Adolf Hitler.
Quer entender direitinho o que foi o fascismo? Assista a este vídeo dos nossos professores que é sucesso demais!
Fascismo e Nazismo: entenda os conceitos e como se relacionam
Fascismo e nazismo foram movimentos bastante alinhados e que pregavam basicamente a mesma coisa. As principais características desses grupos eram:
- Xenofobia e racismo;
- Ultranacionalismo;
- Autoritarismo;
- Militarismo
- Violência e mobilização de massas;
- Anticomunismo e antiliberalismo;
- Ultraconservadorismo;
- Antidemocráticos
- Culto a líderes;
- Negação da luta de classes e naturalização das desigualdades (social, gênero e étnica);
- Defesa do Estado totalitário e unipartidário;
- Corporativismo.
Características do Fascismo
O fascismo é um sistema político oposto ao socialismo. Também pode ser considerado imperialista, antiburguês, autoritário, antiliberal, anticomunista e nacionalista.
Suas principais características são:
- Estado totalitário: Estado controla todas as manifestações da vida pública e privada da população;
- Autoritarismo: a autoridade do líder é indiscutível e soberana;
- Nacionalismo: qualquer sacrifício deve ser feito pelos indivíduos em nome do bem da nação;
- Antiliberalismo: com algumas ideias capitalistas, como a propriedade privada e a livre iniciativa das pequenas e médias empresas, o fascismo também defendia a intervenção estatal na economia, o protecionismo e até a nacionalização de grandes empresas;
- Expansionismo: o fascismo defendia que era preciso conquistar cada vez mais espaço para que a nação se desenvolvesse;
- Militarismo: a salvação era sinônimo de organização militar, de luta, guerra e do expansionismo;
- Anti Comunismo: o fascismo rejeita a ideia da abolição da propriedade, da igualdade social absoluta e da luta de classes;
- Hierarquização da sociedade: os mais fortes sempre tinham mais espaço e oportunidades. Eles deveriam conduzir o povo à segurança e à prosperidade.
Entenda o que é Fascismo Eterno
Em “O Fascismo Eterno”, conferência dada por Umberto Eco no dia 25 de abril de 1995, e publicada em forma de livro no Brasil, ele explica o que seria o conceito de fascismo eterno.
Segundo ele, embora haja algumas diferenças entre as experiências fascistas em alguns países, é possível indicar uma lista de características típicas do que chama de fascismo eterno (ou Ur-fascismo).
Para explicar o conceito, ele listou 14 características típicas do fascismo eterno, destacando que “embora muitas se contradigam entre si e sejam típicas de outras formas de despotismo ou fanatismo, é suficiente que uma delas se apresenta para fazer com que se forme uma nebulosa fascista.”
As principais são o culto à tradição, a recusa da modernidade, o irracionalismo (ações realizadas sem reflexão), a intolerância, a busca do consenso com base no medo, o fascismo como resultado da frustração individual ou social, a obsessão da conspiração, o culto à violência, o machismo, o populismo (de direita) e seu líder se apresentando como intérprete, além do empobrecimento cultural e da linguagem.
Resumo da linha do tempo e contexto do Fascismo
Um profundo sentimento de frustração dominou a Itália após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Na ocasião, o país saiu com a moral baixa por não ter suas reivindicações atendidas no Tratado de Versalhes.
Com isso, a crise social e a pobreza cresciam, dando origem a movimentos revolucionários com o crescimento a esquerda e dos movimentos de direita.
Foi então que, em março de 1919, em Milão, o jornalista Benito Mussolini criou os “Fasci di Combattimento” e os “Squadri” (grupos de combate e esquadrão, respectivamente).
Seu objetivo era combater os adversários políticos, em especial os comunistas, por meio de atos violentos.
O Partido Nacional Fascista foi criado em novembro de 1921 e cresceu rapidamente. Em 1921, já contava com 300 mil filiados.
O movimento agrupava pessoas nacionalistas, anti esquerdistas, contra revolucionários, ex-combatentes e desempregados.
Sua chegada ao poder foi facilitada pelo fato de o governo parlamentar, composto pelo partido socialista e pelo partido popular, não chegar a um acordo nas grandes questões políticas.
A simbologia fascista
Através das características citadas, esses grupos se reuniram principalmente no Partido Fascista e no Partido Nazista.
Na Itália, o principal símbolo do fascismo foi o fascio. Este emblema, composto por um feixe de varas ao redor de um machado, era um símbolo do Império Romano.
Associado ao poder e a autoridade, o símbolo era normalmente utilizado nas cerimônias oficiais com os magistrados.
Pouco se sabe sobre a sua origem, mas acabou sendo adotado ao redor de todo o mundo por instituições públicas.
Em Assembleias, tribunais e outros prédios públicos do século XIX, até mesmo no Brasil, é possível observar o fascio na arquitetura.
No caso italiano, o símbolo foi ressignificado por Mussolini e se tornou a inspiração para o nome fascismo.
Segundo os membros do partido, o propósito do fascismo era trazer de volta à Itália os tempos áureos do Império Romano.
A escolha da herança romana, portanto, revela não só um romantismo, como as intenções imperialistas e totalitárias do novo partido.
No caso alemão, o uso real da suástica como um símbolo nazista continua sendo um mistério.
Muito debatido por historiadores, o símbolo é muitas vezes associado ao esoterismo de Adolf Hitler. Vale destacar que imagens parecidas com a suástica nazista podem ser encontradas em diversas culturas milenares.
Entre gregos, incas, chineses, hindus, budistas, maçons e diversas ordens esotéricas já utilizavam símbolos parecidos.
No caso nazista, uma das principais hipóteses é o da associação da suástica ao arianismo.
Para os alemães, o símbolo seria uma importante runa de seus ancestrais que simbolizaria vitória. No livro Mein Kampf, Hitler defendeu o uso da suástica dizendo que:
Fascismo pelo mundo
Agora que já respondemos o que é o fascismo e identificamos seus simbolismos, vale destacar sua difusão pelo mundo.
Ainda na primeira metade do século XX, o fascismo se espalhou por diversos países ao redor do mundo.
Fascismo na Espanha
Na Espanha, a expansão do fascismo foi determinante para o acontecimento da Guerra Civil Espanhola.
Através da chamada Falange, composta por militares e pela elite econômica espanhola, os fascistas permaneceram no poder até 1975. O Gal. Francisco Franco se tornou o principal símbolo do fascismo espanhol, com um governo:
- Totalitário
- Anticomunista
- Ultranacionalista
- Ultraconservador
- Corporativista
Fascismo em Portugal
Em Portugal, um governo semelhante se configurou com o regime de Antônio de Oliveira Salazar. O chamado salazarismo, portanto, também preservou características desse fascismo europeu até 1974.
Fascismo no Brasil
No Brasil, apesar de muitos opositores alegarem posturas fascistas de Getúlio Vargas, o Estado Novo não pode ser considerado uma ditadura fascista.
Tendo em vista que os governos fascistas se caracterizaram principalmente pelo unipartidarismo e pelo expansionismo, Vargas não seguiu tais modelos.
De fato, é inegável que o Estado Novo adotou algumas influências do nazi-fascismo. Entretanto, com o crescimento desses partidos e a pressão de políticos fascistas, muitos governos no mundo também adotaram.
Nos EUA da América, por exemplo, a prática da eugenia, o racismo institucional, o ultraconservadorismo e o ultranacionalismo são realidades até hoje.
Desta forma, Vargas e outros governantes da época apenas seguiram políticas consideradas normais por diversos estadistas da época.
No caso brasileiro, assim, a reivindicação das influências fascistas foi feita pelo Partido Integralista Brasileiro.
Este grupo, apesar de ter aceitado membros negros, como o próprio João Cândido, da Revolta da Vacina, foi influenciado pelo fascismo.
Toda a simbologia, vestimenta e ideias dos membros do integralismo lembravam os camisas pardas nazistas.
Com saudações alegóricas, ultranacionalismo, conservadorismo e autoritarismo, os integralistas representaram, portanto, o fascismo no Brasil.
O Fascismo hoje em dia: existe? Como identificar?
Atualmente, a pergunta “o que é o fascismo?” vem movimentando diversos debates.
A principal causa é a dificuldade na identificação de grupos fascistas e a associação desse movimento com espectros políticos.
Um dos grandes debates tem sido, por exemplo, se o fascismo seria uma ideologia de esquerda, ligada ao socialismo, ou de direita.
Vale destacar que sobre essa questão, há um consenso entre os historiadores: o fascismo é um movimento de extrema-direita.
Apesar do fascismo italiano e no nazismo terem surgido de partidos socialistas, adotando, inclusive, as cores, estes, pouco se identificavam.
Na prática, o socialismo defende o fim das desigualdades sociais e busca a construção de uma sociedade comunista, sem Estado.
O fascismo, por sua vez, apesar de ter um antiliberalismo semelhante, se apresentava como socialismo apenas para atrair os trabalhadores.
Sabendo que não conquistariam a massa operária apenas com o conservadorismo e a xenofobia, a estratégia inicial dos fascistas foi essa.
Portanto, de uma forma geral, o fascismo se aproximou muito mais do conservadorismo de direita, com a xenofobia, o racismo, ultranacionalismo e autoritarismo.
Características essas que, até hoje, figuram em movimentos desse espectro político. Atualmente, uma série de grupos ultraconservadores surgiram reivindicando o legado dos fascismos do século XX.
No sul dos Estados Unidos, por exemplo, grupos ultraconservadores, utilizam o discurso fascista para atacar principalmente negros e latinos.
No Brasil, de forma semelhante, também existe o ataque a negros e latinos, mas também atitudes separatistas e preconceituosas com a cultura nordestina.
Portanto, percebe-se nestes grupos, com um novo contexto, características de um neofascismo, como:
- Ataques a imigrantes e pessoas de etnias e culturas diferentes;
- Autoritarismo, anti democracia e defesa de ditaduras militares;
- Patriotismo exagerado, com características xenofóbicas;
- Elitismo, pautado na naturalização das desigualdades;
- Posturas machistas, defendendo a desigualdade entre gêneros;
- Homofobia e transfobia;
- Culto a líderes e movimentos fascistas do passado;
- Organização através de milícias violentas.
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