Neste post, entenderemos o que é elipse – uma estratégia que utilizamos bastante, muitas vezes, sem saber o que é.
Repetição de palavras e expressões, quando não são necessárias ou não estão funcionando como recurso estilístico, acabam sendo mal vistas e prejudicam a coesão textual.
Para evitar repetir estruturas desnecessariamente, utilizamos, muitas vezes, a elipse. Vamos entender melhor?
O que é elipse?
Na gramática, costumamos estudar a elipse como uma figura de linguagem sintática. Como vimos acima, é uma estratégia que visa a evitar a repetição por meio da omissão do termo ou da expressão. Essa omissão, no entanto, não prejudica a compreensão textual, pois o termo pode ser identificado pelo contexto. Vamos ver alguns exemplos?
- Na cama, travesseiros e fronha. (Houve a omissão do verbo “haver”).
- “A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.” (Carlos Drummond de Andrade) – (Houve a omissão de uma conjunção condicional: A tarde talvez fosse azul, caso não houvesse tantos desejos).
- Dormimos muito tarde ontem. (Houve a omissão do sujeito “nós”, que é percebido pela desinência do verbo).
- Observe o trecho da música “Quando você passa” da dupla Sandy e Júnior:
“Nem estou dormindo mais
Já não saio com os amigos
Sinto falta dessa paz
Que encontrei no seu sorriso”. (Houve a omissão do sujeito “eu”, que é entendido pelas desinências do verbo).
O que é zeugma?
A zeugma é apenas uma especificação de um caso de elipse, no qual a palavra suprimida já apareceu anteriormente.
Exemplos:
João gosta de praia, Pedro, de campo.
Carlinhos torce pelo Flamengo, Rebeca, pelo Fluminense.
Omitimos os verbos “gostar” e “torcer” para não repetí-los desnecessariamente. Para marcar a zeugma, utilizamos a vírgula.
Obs.: Para garantir uma boa pontuação na redação dos vestibulares, é importante ter uma boa coesão. Por isso, evite repetições utilizando as estratégias que vimos aqui neste post.
Questão Enem 2013
Vamos praticar um pouco?
(Enem) Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.
Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:
RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.
a) “[…] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”
b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe […]”.
c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”
d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper […]”.
e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”
Gabarito
Letra E – A elipse é uma figura de linguagem que se dá a partir da omissão de um termo em uma sentença. Na oração “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado”, a forma verbal “fizesse” alude ao termo “grippe”, que foi citado anteriormente no texto.
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