O termo darwinismo se refere ao conjunto de estudos desenvolvidos por Charles Darwin para explicar como ocorre a evolução das espécies e a sua implicação no meio ambiente. Neste conceito, o darwinismo está relacionado a mudança que ocorre em uma população, não no indivíduo.
O termo foi empregado primeiramente por Thomas Henry Huxley em 1860. Já no final do século XIX, ele passou a ser considerado o único mecanismo de evolução, contrapondo as ideias evolutivas de Lamarck (lamarckismo) e o criacionismo. Embora ainda seja um termo utilizado pelos cientistas, ele por si só não explica todos os mecanismos evolutivos que compõem a Teoria Moderna da Evolução.
História de Darwin
Darwin foi um naturalista inglês nascido em 1809, sendo o quinto filho dos seis irmãos de uma família abastada, tradicional e religiosa. Desde muito jovem tinha interesse na natureza e os fenômenos que ocorriam, sendo colecionador durante a infância.
Aos 16 anos iniciou o curso de medicina na Universidade de Edimburgo, considerado o melhor curso de medicina na época, mas devido as práticas cirúrgicas empregadas na época, preferiu abandonar o curso. Assim, seu pai o enviou para estudar artes a fim de se tornar clérigo da Igreja Anglicana, pois era comum intelectuais da igreja seguirem o ramo das ciências naturais com o objetivo ‘de apreciar as belezas divinas’.
Ele acabou conhecendo o naturalista John Stevens Henslow, que estudava botânica. Este naturalista o indicou para participar da tripulação do HMS (Her Majesty Ship) Beagle, um navio que faria uma grande viagem passando por várias regiões do mundo comandado pelo capitão Robert FitzRoy.
Darwin viajou a bordo do Beagle durante cinco anos, observando e coletando diversas formas de vida ao redor do mundo, que ajudou na sua compreensão das mudanças que ocorreram entre as espécies estudadas. Os fósseis coletados por Darwin o permitiu analisar a evolução que as espécies teriam sofrido no decorrer do tempo.
Um dos pontos importantes dessa viagem foi a parada nas ilhas Galápagos, onde cada ilha possuía um grupo de pássaros endêmicos. Darwin concluiu que essa especificidade tinha relação com as características do meio onde eles viviam. Estas e outras análises forma importantes para a sua posterior publicação do livro A Origem das Espécies, onde foi abordada a evolução norteado pelo processo de seleção natural.
Porém, quando Darwin voltou para a Inglaterra, ele não publicou imediatamente as suas percepções e resolveu verificar junto a outros cientistas os seus estudos e desenvolvê-los melhor até torna-las públicas.
Em 1958, Darwin recebeu uma carta de Alfred Russel Wallace com um ensaio de seus estudos, intitulado de “Tendência das Variedades de se Separarem Indefinidamente do Tipo Original”. Nesta carta Wallace pediu uma crítica a Darwin sobre os estudos de divergência evolutiva entre as espécies e suas similares. Darwin logo percebeu que o naturalista havia chegado às mesmas conclusões que ele.
Essa carta impulsionou-o a escrever sua obra o mais rápido possível. Entretanto, o lançamento do livro não ocorreu de imediato, e, com ajuda de Hooker e Lyell, dois pesquisadores e seus amigos, Darwin e Wallace apresentaram seus artigos no mesmo dia, evitando, assim, que este publicasse primeiro sua teoria.
A principal obra de Darwin foi intitulado de “A origem das espécies por meio da seleção natural”, foi publicada um ano depois, em 1859, sendo renomeada depois em “A origem das espécies”. Este livro foi um sucesso de vendas, esgotando um total de 1250 exemplares.
Apesar da teoria não ser imediatamente aceita, principalmente pelos religiosos, ela foi importante para os estudos evolutivos posteriores e até hoje é considerado como o mais importante cientista da evolução. Seu falecimento ocorreu em 1882
Origem do Darwinismo
O século XVI foi marcado por muitas novidades advindas das grandes navegações, onde foram descobertos novos povos, animais e plantas. Isso contribuiu para que houvesse cada vez mais questionamentos a respeito do criacionismo.
Porém, a contribuição científica que foi determinante para os conceitos evolutivos ocorreu após os trabalhos de Darwin, onde se esclareceu os principais mecanismos em que as espécies evoluem de acordo com as condições existentes no ambiente.
O tempo de estudo de Darwin (cerca de 20 anos) foi fundamental para dar suporte a sua teoria, sendo o darwinismo, um mecanismo que provoca contínuas mudanças em populações de seres vivos.
Dentre os mecanismos da evolução que norteiam o darwinismo, podemos destacar:
- Variabilidade 🡪 apesar do alto grau de parentesco, os indivíduos não são totalmente semelhantes. Porém, essa variabilidade é determinante para que diferentes indivíduos possuam características diversas no ambiente.
- Seleção 🡪 devido aos recursos finitos no ambiente, a competição por estes recursos seria um fator determinante para a evolução de uma espécie, onde os mais aptos teriam maior probabilidade de sucesso.
- Tempo 🡪 a seleção ocorre em intervalos de tempo longo. Assim, intervalos de tempo curtos fica difícil observar o aspecto evolutivo.
- Adaptação 🡪 está relacionado a característica que permite a sobrevivência dos indivíduos em um determinado ambiente. Assim, os indivíduos mais aptos terão mais chances de sobrevivência e reproduzirão mais ao longo do tempo.
Evolução e Seleção Natural
A evolução baseada no livro “Origem das Espécies” publicada por Darwin, tem como ponto focal a seleção natural. A diferença entre os indivíduos na natureza e a limitação dos recursos faz com que o ambiente selecione indivíduos com as características mais aptas a sobrevivência e reprodução.
Assim, a seleção além de atuar em populações de espécies diferentes que possuam a mesma função no ambiente, atua também em indivíduos da mesma espécie, selecionando as características mais aptas para a sobrevivência, em detrimento de outras características menos aptas. Os indivíduos que possuem estas características “favoráveis” têm mais possibilidades de sobrevivência que os outros e maior oportunidade de reprodução, transmitindo as características aos seus descendentes.
Após gerações, com a manutenção da característica “favorável”, a população torna-se mais adaptada ao meio ambiente. Este processo ocorre em um período de tempo que pode levar centenas ou até milhões de anos para que tenha efeitos aparentes na população.
A seleção natural proposta por Darwin forneceu muitas informações importantes de como as espécies mudavam ao longo do tempo. Entretanto, Darwin não foi capaz de explicar como os caracteres eram herdados.
Tipos de Seleção Natural
- Direcional: Apenas uma das características extremas é selecionada positivamente
- Disruptiva: Ambas as características extremas são selecionadas positivamente.
- Estabilizadora: Apenas a característica intermediária é selecionada positivamente.
Críticas ao darwinismo
Apesar da publicação de seu livro ter esgotado em um único dia, o argumento a favor da evolução foi motivo de muitas controvérsias.
Para algumas pessoas que não tinham conhecimento adequado da evolução, identificaram que a afirmação de Darwin onde todos os seres vivos, inclusive o homem, modificam-se ao longo do tempo tinha relação com o homem descendendo do macaco, mesmo isso nunca sendo afirmado por ele.
Darwin afirmava na verdade que o homem e o macaco, evoluíram a partir de um ancestral comum.
As ideias iam contra muitos dogmas religiosos e as ideias fixas de toda uma época, fazendo com que Darwin tivesse muitos problemas com a Igreja, tendo a sua imagem ridicularizada constantemente.
Neodarwinismo e Darwinismo Social
Apesar de Darwin fornecer informações que culminavam na mudança das populações ao longo do tempo, ele não conseguiu explicar de onde as características surgiam e como elas eram transmitidas através das gerações.
Isto foi permitido através da descoberta da genética por Gregor Mendel, que ao longo do tempo permitiu diversos estudos que contribuíram para o Neodarwinismo, também chamado de Teoria Moderna da Evolução, em meados do século XX.
Esta teoria inclui e relaciona a genética e a variabilidade com as características físicas observadas. São fatores que aumentam a variabilidade genética a mutação (alteração aleatória nas bases nitrogenadas do DNA) e o crossing-over (também conhecido como permutação, é a troca de partes dos cromossomos durante a meiose). É a teoria mais aceita atualmente para explicar a evolução das espécies.
Já o Darwinismo Social, que também surgiu no século XX, foi defendido por Herbert Spencer e foi usado para justificar o conservadorismo político, o imperialismo e o racismo e desencorajar a intervenção e reforma. Esta corrente sociológica-filosófica baseou-se na seleção natural para demonstrar a sobrevivência dos seres humanos mais adaptados.
Em suma, o darwinismo social demonstrava que existiam sociedades humanas superiores a outras, e que estas deveriam “dominar” as inferiores com o objetivo de “civilizá-las” e ajudá-las no seu “desenvolvimento”.
Como exemplo, o darwinismo social foi utilizado para tentar explicar a pobreza durante o período pós-Revolução Industrial. Os que permaneceram ou ficaram pobres seriam os menos aptos na linha evolutiva, de acordo com o darwinismo social.
Essas teorias não são aceitas atualmente, uma vez que podem conduzir a ideias erradas sobre a espécie humana.