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Confira um resumo sobre o que é antropologia

Quer aprender o que é antropologia? Então confira o resumo e fique por dentro do tema.

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A palavra antropologia é de origem grega, e o radical “antropo” vem de antrophos,que significa homem, ser humano, e o sufixo logia, no grego logos, significa razão, conhecimento. A antropologia, portanto, é uma área de conhecimento que tem como objeto de estudo o homem e a diversidade cultural humana. 

Sendo um dos ramos das Ciências Sociais que procura estudar as humanidades também através da Sociologia e da Ciência Política, a Antropologia procura entender como vivem os mais diversos grupos sociais que habitam o planeta, procurando observar suas características, a estrutura social de sua comunidade, como se relacionam com o mundo material e com o subjetivo e os aspectos socioeconômicos de suas relações sociais. 

Além disso, o antropólogo procura estudar a origem da comunidade, sua cultura e a linguagem, a fim de determinar que tipo de construção social ocorreu para a comunidade se desenvolver tal como ela é.

O saber antropológico existe desde a antiguidade clássica, escrito em relatos por autores gregos e romanos e, mais tarde, constituído a partir de relatos de viajantes, missionários e comerciantes. 

A antropologia enquanto ciência surgiu apenas no século XX, como uma ferramenta da sociologia para contribuir e auxiliar no desenvolvimento do capitalismo industrial. Entretanto, para entendermos um pouco mais, precisamos voltar à história da Antropologia, as correntes antropológicas que já foram estudadas até hoje e a metodologia de pesquisa utilizada pelos antropólogos. 

Além disso, é necessário investigarmos também um pouco dos termos e conceitos que estão constantemente sendo debatidos nessa área de pesquisa.

Quando a Antropologia surgiu enquanto Ciência Social?

Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, iniciatam um processo conhecido como a primeira globalização: aventuram-se impulsionando suas embarcações no oceano pacífico à procura de, principalmente, metais preciosos, novos territórios para exploração e o comércio de especiarias. 

Motivados pelo modelo econômico vigente, o mercantilismo, as duas nações romperam paradigmas e foram pioneiras no movimento denominado como Grandes Navegações. 

Esse episódio modificou intensamente todo contexto da geopolítica mundial, trazendo consequências irreversíveis para os mais diversos segmentos populacionais que foram afetados pela colonização.

A colonização dessas terras trouxe, principalmente para os lusitanos e hispânicos, mudanças profundas na sua maneira de viver, sendo, uma delas, a elevação dessas duas nações às maiores potências econômicas europeias. 

Além disso, algo fundamental ocorreu: pela primeira vez os europeus se depararam com o completamente desconhecido, o “outro”, um povo com culturas e hábitos totalmente diferentes, considerados selvagens e pecaminosos. 

Entretanto, o caráter pacífico dos primeiros contatos com os índios, como foram posteriormente denominados, levou a uma expectativa de que a evangelização daqueles pagãos seria feita para salvar aquela “gente inocente”.

É nesse contexto que, a partir de então, a Igreja Católica dedica-se à tarefa de catequizar os índios. O objetivo era apagar os traços da cultura indígena, como, por

exemplo, a poligamia e o canibalismo, e substituí-los pelos valores da fé católica e da civilização europeia. 

Com o lema de “dilatar a fé e o império”, os padres jesuítas iniciam as chamadas missões, povoados indígenas que, através da fundação de colégios e conventos, promoviam essa evangelização dos nativos. A justificativa para o colonialismo e para a dominação dos povos que lá viviam, assim como a para a escravidão se davam por meio da religião. 

Pierre Clastres (1934-1977),  importante antropólogo e etnógrafo francês, identificou essa “máquina de destruição” da cultura indígena como uma das facetas do etnocídio, conceito fundamental para a Antropologia que significa, nesse caso, a matança da cultura indígena, ou seja, a destruição de uma forma de concepção espiritual diferente, que é considerada inferior.

Existia, ainda, uma concepção de superioridade dos europeus, que consideravam os “outros” como povos atrasados e incivilizados, que viviam na barbárie. Até o século XVIII, muitos que participaram desse processo de colonização escreveram relatos que podem ser considerados documentos antropológicos de um período pré-científico, momento que a Antropologia não tinha as bases estruturais para se consolidar como ciência. 

Sendo assim, como esses relatos endossavam uma visão eurocêntrica e preconceituosa, devem ser observados de forma crítica e levando-se em consideração suas limitações dado seu caráter não científico. Um exemplo de documentos como esse foi a carta escrita por Pero Vaz de Caminha, que registrava suas impressões do desconhecido território encontrado, posteriormente denominado de Brasil.

O surgimento da antropologia como ciência se deu, portanto, a partir do descobrimento de novos territórios e povos, que despertou nos europeus a necessidade de estudar “os outros”. 

Já no século XIX, a publicação das obras de Charles Darwin (1802-1882) deram início a sistematização da teoria evolucionista, que foi amplamente utilizada como forma de justificar a colonização e deu respaldo para uma suposta superioridade europeia, como se a civilização europeia estivesse no patamar de mais desenvolvido e moderno em relação às civilizações não ocidentais. 

A teoria Evolucionista

Partindo de estudos que colocaram em dúvida as ideias difundidas pela igreja Católica, Darwin elaborou a teoria de evolução das espécies. Segundo o naturalista inglês, na natureza as espécies sofrem mudanças ao longo do tempo para se adaptarem ao ambiente em que vivem. 

A evolução das espécies ocorreria através da seleção natural, e assim os organismos estariam em uma constante adaptação ao meio em que vivem. Os seres vivos menos adaptados, portanto, deixariam menos descendentes ou não sobreviveriam, e então o meio seria responsável por selecionar os mais aptos a sobreviverem nele. 

Dessa forma, o indivíduo que sobrevivesse e se reproduzisse passaria as características vantajosas aos seus descendentes, e assim se dá a seleção natural.

imagem para ilustrar o conteúdo sobre o que é antropologia

Transpondo o caráter biológico do darwinismo, o darwinismo social foi uma re-elaboração da teoria em prol de uma justificativa para a dominação de outros povos, tendo em vista que os europeus supostamente teriam alcançado o apogeu de um processo evolucionário. As sociedade não ocidentais, portanto, eram consideradas primitivas e inferiores, enquanto que a Europa simbolizava uma sociedade moderna, mais desenvolvida e um exemplo civilizacional de superioridade. 

Essa hierarquização de desenvolvimento entre as sociedades veio a justificar a escravidão e a subjugação de outros grupos sociais. Essa visão de mundo é etnocentrista, conceito antropológico designado aqueles que consideram seu grupo étnico central, superior e mais importante do que outro. 

Isso baliza a ideia de que a subjugação de outras nações, como a colonização e o imperialismo, seria na realidade como uma missão civilizatória, uma vez que possibilitaria que os povos ditos primitivos seguissem rumo ao “progresso” e a “civilização”. 

imagem para ilustrar o conteúdo sobre o que é antropologia

Charge que demonstra o imperialismo inglês, justificado pela crença moral de que outros povos e culturas seriam inferiores aos europeus.

O darwinismo social, portanto, usou da teoria de Darwin para explicar a formação e evolução das sociedades. Assim como os animais evoluíram para se adaptar ao meio, a cultura também teria evoluído, algumas mais e outras menos. 

Surge então a noção etnocêntrica de raça, como se a raça europeia fosse superior às outras raças, assim como a cultura europeia seria superior às outras. A subjugação de outros grupos sociais seria justificada pela inferioridade frente à civilização europeia. 

A metodologia utilizada pelos antropólogos evolucionistas baseava-se na comparação de dados das sociedades estudadas, colocando-as em estágios específicos que representavam uma etapa na escala evolutiva. Ou seja, as sociedades se enquadravam em etapas da mais primitiva até a mais avançada, sendo a mais avançada a cultura europeia. 

A teoria difusionista 

A teoria difusionista é semelhante à teoria evolucionista e foi contemporânea a ela, contudo seu peso explicativo reside na ideia de difusão cultural. 

Diferente dos evolucionistas que acreditavam que os fenômenos culturais semelhantes haviam se desenvolvido em regiões geográficas distantes devido ao único caminho evolutivo da raça humana, os difusionistas acreditavam na existência de uma difusão de elementos culturais entre esses mesmos lugares seja através do comércio, guerras ou viagens. 

Certos autores difusionistas acreditavam que o Egito antigo foi o grande centro de difusão cultural, que a partir dele a civilização humana teria se irradiado por todo o globo.

O desenvolvimento da Antropologia e o surgimento de novas correntes

Dando continuidade aos estudos realizados no século XIX, novas teorias e correntes antropológicas foram criadas ao longo do século XX. Houve, portanto, contribuições fundamentais da antropologia francesa, inglesa e americana, que são estudadas até os dias de hoje. 

Essas escolas antropológicas e suas abordagens forneciam informações para se estabelecerem relações geopolíticas com as diferentes culturas e nações, estando essa área de conhecimento muito alinhada com as relações internacionais. 

Essas análises levantaram importantes teorias de grandes antropólogos, como Claude Levi-Strauss e Pierre Clastres, da linhagem antropológica francesa, que principiaram seu estudos através das contribuições principalmente de Émile Durkheim. 

Na antropologia britânica, inspirada também em obras de Durkheim, destaca-se Alfred Radcliffe Brown e Bronislaw Malinowski, desenvolvendo este um estudo sobre os Argonautas do pacífico ocidental e Brown desenvolvendo estudos sobre o funcionalismo e seus desdobramentos, como a questão da estrutura social. 

A antropologia estadunidense se desenvolveu já refutando o evolucionismo, e Franz Boas, um dos pioneiros da antropologia moderna, criou o particularismo histórico ou culturalismo. Seu fundamento estava na ideia de que para se obter uma compreensão mais geral das culturas era necessário iniciar o estudo pelo particular. Este método pode ser descrito como sendo empirista e diacrônico. 

Para Boas, a história da civilização humana não poderia ser entendida exclusivamente através de uma necessidade psicológica que levaria a uma evolução única da mente humana. 

Era necessário entender primeiramente a história cultural de cada grupo, perceber suas influências internas e externas pela qual passaram para então entendê-los. Seria, portanto, impossível entender a história de um povo somente se baseando em um único sistema evolucionário.

Qual o método antropológico?

Inicialmente, o estudo do saber antropológico se resumia em entender as diferentes culturas através do relato de terceiros. Esses pesquisadores eram chamados de antropólogos de gabinete, pois não realizavam trabalhos de campo ou uma observação empírica sobre seu objeto de estudo. 

Com o desenvolvimento de estudos antropológicos, esse método não foi mais utilizado uma vez que comprovou-se a maior eficácia e veracidade do trabalho se o próprio antropólogo fosse fazer a pesquisa. 

imagem de homens para ilustrar o conteúdo sobre o que é antropologia

Em 1922, ao publicar a obra Argonautas do Pacífico ocidental, Bronislaw Malinowski fazendo seu trabalho etnográfico. Fotografia do longo período em que conviveu com habitantes das Ilhas Trobriand na Melanésia.

Nesse sentido, tendo em vista a necessidade do estudo aprofundado acerca das crenças, dos hábitos, da estrutura social, do universo psíquico, dos costumes e tudo que é correlato e fundamental na cultura de um grupo social, optou-se, como principal metodologia, pela prática etnográfica na pesquisa antropológica. 

A etnografia tem como base o trabalho de campo, que pressupõe um contato entre o antropólogo e o grupo social que ele estuda. 

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